O governo Bolsonaro, por meio da Secom, aproveitou o Dia do Agricultor, 28 de julho, para fazer propaganda de sua criminosa política de armas. Em post nas redes sociais, imagem traz um “caçador” da África do Sul com um rifle nas costas. A mensagem – nada subliminar – enviada, na verdade, é uma ameaça aos trabalhadores rurais.
A escalada armamentista do bolsonarismo atinge números cada vez mais preocupantes, ano após ano. Recentemente, o 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta quinta-feira (15), revelou que em dezembro de 2020 foi atingida a marca de 2.077.126 armas legais particulares pelo Brasil.
No campo, o reflexo da política armamentista do governo resultou na invasão de terras de 81.225 famílias em 2020, o maior número deste tipo de violência já registrado em estudo da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Desse universo, 71,8% são famílias indígenas, ameaçadas por grileiros, madeireiros e pelo garimpo ilegal, com incentivo de autoridades do próprio governo.
Violência aumentou no campo
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou no último dia 31 de maio os números do relatório Violência no Campo 2020, um levantamento com os registros de todas as ocorrências de conflitos registrados durante o ano passado nas zonas rurais do Brasil. De acordo com a CPT, os episódios de violência nunca foram tão altos e os números são os maiores dos últimos 35 anos.
De acordo com o estuado da CPT, foram registradas 2.054 ocorrências em 2020, um aumento de 8% em relação a 2019. Esse é o maior número de ocorrências de conflitos no campo já registrado pela organização desde 1985. Foram 914.144 pessoas envolvidas em conflitos ano passado, um aumento de 2% em relação ao ano anterior.
Os conflitos no campo tiveram um grande aumento nos últimos dois anos. Segundo a CPT, 2020 teve um aumento de 25% no número de registros em relação a 2019, que já havia registrado um aumento de 26% em relação a 2018. O número de conflitos por dia, que era de 2,74 em 2018, passou para 3,45 em 2019 e 4,31 em 2020, de acordo com o levantamento.
Governo ataca a agricultura familiar
Além do elogio ao “pistoleiro”, a postagem mente sobre a situação da agricultura familiar, responsável por 70% dos alimentos produzidos no país. Segundo o presidente da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides dos Santos, a atual situação de abandono da agricultura familiar e da volta da fome é fruto do golpe que derrubou a então presidenta Dilma Rousseff em 2016.
Na última segunda-feira, 26, parlamentares da Bancada do PT na Câmara e dirigentes de entidades e movimentos sociais da agricultura familiar afirmaram durante debate na tvPT, no canal do Youtube e Facebook PT na Câmara, que o governo Bolsonaro é o grande responsável pelas dificuldades enfrentadas pela agricultura familiar do País e pela volta do Brasil ao Mapa da Fome.
Na abertura do programa, Bohn Gass destacou que o atual cenário de abandono da agricultura familiar no País contrasta com os tempos em que o PT governou o País. “O Brasil já viveu um momento nos governos de Lula e Dilma, em que o País foi tirado do Mapa da Fome, com combate à pobreza e à miséria. Infelizmente voltamos a ter no Brasil gente passando fome, mesmo tendo um espaço tão maravilhoso de produção de alimentos”, lamentou.
A secretária Nacional Agrária do PT, Elisângela Araújo, ressaltou que a agricultura familiar tem capacidade de produzir e fornecer alimentos de qualidade a todo o povo brasileiro. “Vivemos um momento complexo de desmonte das políticas públicas para a agricultura familiar, mas a população do campo, das águas e das florestas tem demonstrado capacidade de produzir alimentos conservando as nossas riquezas naturais e a biodiversidade”, observou.
Redação da Agência PT