“Lei do silêncio” impera nas subprefeituras de Kassab

Troca de comando promovida às vésperas do fim do mandato dificulta ainda mais acesso às informações sobre a gestão; equipe de transição de Haddad discute o assunto hoje

Por Rede Brasil Atual
Segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Duas medidas do prefeito Gilberto Kassab (PSD) na semana passada mostraram que nem tudo, na transição do governo dele para o de Fernando Haddad (PT), é transparente como tentam convencer tanto um como o outro lado na troca do poder municipal.

Depois de mudar o secretário de Controle Urbano Orlando de Almeida Filho pelo oficial da Polícia Militar Elizeu Eclair Teixeira Borges, a um mês do fim do atual mandato, e de remanejar 14 titulares em 31 subprefeituras, 15 chefes de gabinete e três coordenadores, a suspeita é de que o atual prefeito tenha decretado uma “lei do silêncio” no comando das já policiadas subprefeituras – dificultando o repasse de informações à futura administração.

Na assessoria de imprensa da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, a única informação é de que houve uma “readequação administrativa para reforçar e agilizar, junto às subprefeituras, os trabalhos de implantação e desenvolvimento das políticas públicas definidas pela atual gestão, que estão em andamento”.

Dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo, que preferiram não se identificar, afirmam que a situação nas subprefeituras, principalmente depois da militarização no comando, sempre foi conflituosa e difícil. Segundo os sindicalistas, não é incomum ele serem impedidos de entrar nesses locais para falar com os trabalhadores. Com as últimas medidas, a situação teria ficado ainda pior.

A vereadora Juliana Cardoso (PT), que encaminhou um pedido de informação à prefeitura sobre a dança das cadeiras, afirma que a impressão que dá é que o único motivo de Kassab tenha sido bagunçar o trabalho da equipe de transição. “Parece que estão querendo ocultar alguma coisa”, disse.

O requerimento da vereadora foi encaminhado na segunda-feira (3) e até o final da tarde de sexta não havia sido respondido. “Nesta gestão, a transparência com as informações nunca foi prioridade”, disse. Segundo ela, depois do resultado da eleição. Com a troca de comando, o silêncio se instalou de vez.

A questão será um dos temas da reunião de hoje (10) entre Haddad e o chefe da equipe de transição, o vereador Antonio Donato (PT), futuro secretário de Governo .

A reunião estava agendada antes da polêmica e tinha como objetivos principais pedir informações sobre pagamentos de precatórios em ações trabalhistas, reajuste salarial e relação da gestão Haddad com os servidores.

De acordo com informações do sindicato, como a instituição tem enfrentado dificuldade para obter informações com a administração e nas subprefeituras, vai tentar conseguir alguma explicação com Donato.

Futuro secretário da Coordenação de Subprefeituras, o vereador Chico Macena (PT), foi procurado por meio de sua assessoria de imprensa e diretamente, mas se recusou a comentar o assunto. Macena deve priorizar, na escolha dos próximos subprefeitos, as indicações da bancada de apoio a Haddad na Câmara.

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