PT Mooca: Um relato do descaso com a saúde pública

Reprodução Facebook PT Mooca @DzMoocaPT

Abandono e colapso no atendimento à população da região da Mooca, Brás e Belenzinho. Leia o relato de uma trabalhadora desempregada, mãe e da jovem militante do PT que viveu a dificuldade de buscar atendimento ao acesso ao direito à saúde pública municipal. A pandemia tem sido usada pelos governantes para aprofundar o desmonte do Sistema Único de Saúde – SUS e piorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde e de atendimento à população. [Nota do Editor ]

Leia o relato:DESCASO COM A VIDA E A SAÚDE EM NOSSO BAIRRO Na primeira semana de maio, ao recorrer por atendimento no Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa (antigo Hospital João XXIII). Amigos me ajudaram para poder conseguir transporte. Sentia dores abdominais e estava com receio de ser algo mais grave. Chegando lá fui barrada na entrada. Não tinha atendimento para casos não decorrentes do Covid-19. Seguia com dor. Não fui atendida. Funcionários me orientaram para ir até o Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, mais conhecido como Hospital do Tatuapé, para ser atendida.

Longe de onde eu estava. Tive de pagar novo transporte. Um hospital é longe do outro. Continuava com dor. Se não tivesse tido solidariedade de companheiros, como eu faria? Como colocar gastos assim, fora do orçamento? O que muitas mulheres, mães e desempregada fariam?

Ao chegar no hospital fui barrada novamente. Porta do Hospital do Tatuapé também fechada para pessoas doentes. Não estavam fazendo atendimento de emergência. Só atendimento de Covid-19 com porta fechada. Só recebiam encaminhamentos de ambulâncias. Orientaram a ir para a Unidade de Pronto Atendimento – UPA do Tatuapé caminhando. Tive de andar um quarteirão estaria atendendo casos como o meu.

Na UPA foi mais uma hora para passar na triagem. Minhas dores só aumentavam. E a demora se somava à fome e ao medo de Covid-19. Durante o atendimento médico a condição de mulher com dores abdominais sempre reflete numa suposta gravidez pelas autoridades de saúde. Sem evidências, sem sentido. Ser mulher parece ser desculpa para o machismo se manifestar e evitar um atendimento médico justo e digno. Jovens com dores abdominais viram “gravidez”. Foram mais de 4 horas na UPA do Tatuapé. Após consulta nenhum exame: nem hemograma ou Raio-X. Apenas medicação na veia para reduzir as dores. Conclusão dos médicos: caso elas continuassem eu deveria voltar.

As dores voltaram após o efeito da medicação, e com toda essa experiência tive que buscar ajuda por outros meios, amigos e colegas que se uniram para pagar exames e assim poder ser atendida por uma companheira Médica. Ficamos com medo. Coração na mão com uma situação dessas.

O que eu passei é um problema real e concreto da atual calamidade dos serviços públicos de saúde do SUS. A culpa não é do vírus e sim dos governantes. Eles chutam suas responsabilidades com o Povo. Respondem, descaradamente, como culpa da Pandemia. Não podemos nos enganar: nossa saúde pública está em colapso e o povo está em perigo.

É hora de lutarmos juntos para mudar a situação.

*D.R.,* _militante da *Juventude Revolução do PT* e integrante do Diretório Zonal da Mooca, também participa do DAP Mooca

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