Anhanguera (DES)Educacional demite 1500 professores em São Paulo

Mestres e doutores também reivindicam do MEC ações que enquadrem “o patronato do ensino na legislação, bem como adverti-los sobre suas responsabilidades sociais”. “A ganância pode até ser interessante para os negócios. Mas seu caráter predatório é péssimo para nosso país. Por exemplo, o ensino a distância transformou-se em fonte bilionária para os donos de escolas, quando deveria ter caráter complementar e, principalmente, ser levado a regiões remotas do país.

Por Leonardo Severo – CUT Brasil
Segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Anhanguera Educacional, maior universidade privada do país e que teve 76% do seu capital abocanhado por “investidores estrangeiros”, anunciou na semana passada a demissão de 1.500 professores em São Paulo, mestres e doutores em sua grande maioria. O facão é seletivo, 80% são professores mais graduados e, por isso mesmo, mais caros. Já a abrangência dos cortes é nacional, com denúncias de demissões no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Goiás, estados por onde a multinacional tem proliferado seus tentáculos.

“A prática da demissão de docentes antigos para a substituição por recém formados, a menor salário, pode trazer consequências negativas para a formação dos graduandos”, alerta o presidente do Sindicato dos Professores do ABC (Sinpro ABC), José Jorge Maggio, denunciando que “a qualidade da educação na instituição está em decadência”. Apenas no ABC Paulista a empresa já adquiriu a Faenac, em São Caetano, a Anchieta e a Uniban, em São Bernardo, a UniA e a UniABC, em Santo André. A estimativa é que 90 professores já foram demitidos somente na Uniban, 45 na UniA e mais de 100 na UniABC.

O Sinpro ABC esclarece que no modelo Anhanguera, há aulas de segunda a quarta- feira com a presença do professor somente nas três primeiras aulas. “A quarta aula é apenas aplicação de exercícios, preparados por professores e aplicados por monitores. Na quinta feira não há obrigatoriedade de presença na faculdade e, na sexta feira o curso é complementado pelo modelo EAD (20% do curso à distância)”. Pelo modelo da multinacional, o alvo e a razão de ser da instituição se limitam ao lucro, o ensino é o que menos importa. Basta ver que antes de ser tomada pelo capital estrangeiro, a faculdade tinha 20 aulas por semana com a presença do professor. “Após ser comprada pelo grupo Anhanguera, passa a ter apenas nove aulas e isso explica as demissões em massa, com recontratação quase nula”, ressalta Maggio, frisando que é dessa forma que dita “instituição” está conseguindo ofertar seus cursos

Os professores demitidos pelo conglomerado Anhanguera Educacional Participações S/A enviaram uma carta aberta ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, onde afirmam que “a educação é direito da cidadania e jamais pode ser transformada em mercadoria, como fazem os ladrões do ensino”. “Professores qualificam-se com titulação de mestres e doutores e são penalizados exatamente porque estudam. Esse é o exemplo que o Brasil dará aos estudantes? Que o empenho nos estudos é para ser descartado e apenas aqueles que não procuram aprofundar-se em sua carreira profissional serão premiados? Será que faremos a exaltação do demérito e não do mérito?”. E conclamam o ministério para que impeça “a concentração em cartéis e monopólios da educação”.

Mestres e doutores também reivindicam do MEC ações que enquadrem “o patronato do ensino na legislação, bem como adverti-los sobre suas responsabilidades sociais”. “A ganância pode até ser interessante para os negócios. Mas seu caráter predatório é péssimo para nosso país. Por exemplo, o ensino a distância transformou-se em fonte bilionária para os donos de escolas, quando deveria ter caráter complementar e, principalmente, ser levado a regiões remotas do país. Nos centros urbanos, a adoção desse recurso tecnológico tem servido apenas para a demissão em massa de professores e para a conversão das horas/aula presenciais em ensino longínquo, verdadeiro engodo para incautos”, conclui o documento.

 

Posts recentes:

Arquivos