Fiesp aplaude Lula ao dizer que taxa de juros de 13,75% é “excrescência”

Fotos: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi aplaudido na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta quinta-feira (25), Dia da Indústria, ao dizer que “neste país, onde o mercado financeiro tomou conta no lugar da indústria”, o presidente da República não pode criticar a taxa juros porque ele está influenciando na economia. “Eu quero dizer aqui dentro da Fiesp: é uma excrescência, no dia de hoje, a taxa de juros ser 13,75%. É uma excrescência para este país. O país não merece isso”, disse Lula, arrancando aplausos dos empresários ao falar sobre a política do presidente do Banco Central de Bolsonaro, Roberto Campos Neto.

No Dia da Indústria, Lula parabenizou o presidente da Fiesp por seu caráter e defendeu as bases do seu programa de desenvolvimento econômico-social, que une distribuição de renda, reindustrialização e valorização do agronegócio, com a aprovação de leis pelo Congresso Nacional como o novo marco fiscal e a futura reforma tributária.

“Precisamos de uma política industrial ativa e altiva, competitiva, moderna, que leve em conta os avanços tecnológicos, a necessidade de transição energética, tudo que é novidade”, disse Lula. Ele ponderou que essas conquistas só fazem sentido se houver “trabalhadores fortes, ganhando salários justos e podendo ser consumidor das coisas que produzem”.

 

Ao contrário de críticos, o presidente da República afirmou que defende o crescimento da indústria e do agronegócio. “Muita gente que fala em crescimento de política e desenvolvimento industrial relega a lugar secundário o agronegócio, a exportação de comodities”, pontuou Lula.

“A gente quer que a indústria cresça, mas a gente quer que a exportação de comodities continue crescendo, que o agronegócio continue crescendo, porque é importante ter em conta que o Brasil precisa também ser exportador, cada vez mais, de grãos, carne, das coisas que nos sabemos produzir. Isso não atrapalha a indústria. Até porque para o agro ser mais produtivo var precisar comprar mais máquinas e ter mais acesso à ciência e tecnologia”, discursou.

“É preciso que a gente tenha clareza que o Brasil precisa de tudo. E nós voltamos para fazer esse quase tudo. Nós só temos 1.200 dias de governo. O trem está apitando”, alertou.

Lula parabenizou os empresários de São Paulo e do Brasil por terem como presidente Josué Gomes, um homem de caráter, moderno, corajoso e de dentro da indústria como presidente. “Acho que os empresários vão ganhar muito com a tua presidência.”

Política industrial

O presidente falou aos empresários sobre o que considera ser os principais recursos do Brasil, o seu mercado consumidor e as pequenas e médias empresas, e sobre a negociação do Mercosul com a União Europeia.

“É importante vocês saberem que uma das coisas mais importantes que eles querem de nós é que a gente ceda as compras governamentais e nós não vamos ceder porque a gente vai matar a possibilidade do crescimento da pequena e média empresa brasileira”, afirmou Lula.

“É um instrumento de política industrial que a gente não vai abrir mão. A gente vai demorar um pouco mais para fazer o acordo, tudo bem. Nós vamos defender a nossa pequena indústria nessa negociação. Então, eu queria, companheiros empresários, que vocês ficassem atento ao seguinte: ‘Nós não temos o direito de errar’”.

Segundo o presidente da República, o povo pobre, muitas vezes tratado com desprezo, é o maior ativo do Brasil. “Se ele estiver comendo, se vestindo, estudando… ele vai virar a pequena classe média ou a classe média baixa, que vai virar o grande consumidor desse país. Eu só queria pedir para vocês: ajudem-nos a ajudar vocês, porque, se vocês crescerem, o país cresce, o trabalhador cresce e nós venceremos”, encerrou Lula.

 

O presidente estava acompanhado na Fiesp pelos vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos, Esther Dweck, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

Da Redação

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