São Paulo, 11 de Setembro de 2021

Ao

Excelentíssimo Senhor Presidente da República

Jair Messias Bolsonaro

Assunto: 7 de Setembro.

Senhor Presidente,

Em torno do 7 de Setembro criou-se muita expectativa, que mesclada à uma sincera preocupação, em virtude da ousada promessa (uma verdadeira ameaça às instituições democráticas!!!) de que conservadores, apoiadores de Vossa Excelência, transgrediriam a lei e a ordem do Estado Democrático de Direito, com o intuito de executar a invasão do Supremo Tribunal Federal e em seguida, pleiteariam instalar, no Brasil, sob o comando de Vossa Excelência, um regime ainda burguês, mas francamente autoritário e declarado defensor dos empresários, latifundiários, rentistas e especuladores financeiros nacionais e internacionais.

Daí porque, também é preciso ponderar Vossa Excelência, que  estes cidadãos procedem mal e expõe ambições vis – de um segmento minoritário e privilegiado da população – incongruentes,portanto, com o conjunto dos anseios da sociedade, motivo pelo qual, aliás, estes conservadores inconsequentes e insolentes, tal qual Vossa Excelência, ao praticarem ou incitarem manifestações públicas contra o STF cometem como terroristas que são e tresloucados baderneiros impávidos, um torpe atentado contra a democracia e isto bem observado e com rigor sereno, configura-se nem mais, nem menos, como: crime…crime de responsabilidade.

Com efeito, estes criminosos que ostentam com orgulho em seus trajes o verde-amarelo, ultrajam como Vossa Excelência, a simbologia nacional e o autêntico sentimento de amor pátrio e afetam sobremaneira de forma detestável, o princípio democrático de independência e harmonia, que rege a relação entre os três poderes(Executivo, Legislativo e Judiciário), no entendimento injustificado de que as decisões do Supremo devem, necessariamente, coincidir e subordinar-se às suas aspirações bárbaras, de modo que, afirmo categoricamente a Vossa Excelência, que as babas de ódio que expelem estas bocas raivosas, ao depararem-se com suas pretensões autoritárias frustadas, não lograrão sob hipótese alguma êxito, quer em impor entre nós o silêncio conivente, quer em permitir que entre nós – socialistas democráticos, patriotas genuínos, progressistas em geral e cidadãos de bem – se infiltre o temor dos que capitulam ou o excesso de prudência covarde, que conduza à apatia diante de Vossa Excelência e do núcleo duro destes apoiadores saudosos da tortura e da eliminação física do oponente e que, por isso, sem razão defendem o indefensável, isto é, a permanência de Vossa Excelência no comando da nação e se para tal intento usam e abusam do emprego de ameaças como promessas de uma violência física porvir, bem como dardejam incansáveis impropérios e ardorosos vociferam com propósitos de nítida intimidação, então na verdade, isto apenas traduz a derradeira apoteose da inexorável queda em curso do bolsonarismo e explicita uma inconteste fraqueza política, que apresenta-se, porém, sob a máscara de uma força que é apenas aparente

Neste sentido, Vossa Excelência com esta horda de desordeiros contumazes, tumultua, de forma teimosa e sistemática(mas, vã),  a República, e não bastasse a crise sanitária, econômica e política, ainda Vossa Excelência, irresponsável que é, impulsiona – desde a redemocratização – uma crise institucional sem precedentes e de magnitude imprevisível, a fim de amealhar com o caos que, de forma deliberada cria, alguma vantagem atrelada a esta política de curto prazo, miseravelmente ajustada tão somente e de forma estreita, aos interesses imediatos e mais mesquinhos do mero calendário eleitoral, quando, na verdade, Vossa Excelência, se não fosse um traidor da pátria (a ponto de bater continência para a bandeira dos Estados Unidos) deveria trabalhar para que o Brasil pudesse ter um povo próspero e feliz, bem como reinstaurar uma política altiva e ativa do país, no tabuleiro do cenário internacional.

Porém, Vossa Excelência, que optou por governar de costas para o povo brasileiro, menosprezando,sobretudo, os humildes; que deliberadamente negligenciou o impacto da pandemia no Brasil, e, que por isso, Vossa Excelência se fez em nome de Deus, genocida de uma nação inteira, ainda seria tudo isto muito pouco, se Vossa Excelência, ainda não pleiteasse com requintes de crueldade aprofundar a crise institucional.

Por isso,Vossa Excelência, não só lançou vitupérios contra Alexandre de Moraes, mas também estendeu tais ofensas a Suprema Corte, ao aventar que não cumpriria mais decisão judicial emanada da 3a instância. Mais do que isto, Vossa Excelência, em discurso na Avenida Paulista, em desatino teatral inflamado e demagógico designou como sendo “canalha”, o supracitado Ministro da mais alta corte do país e, com isso, cobriu de vergonha também a já limitada democracia brasileira, quando de forma inadvertida, Vossa Excelência, desconsidera que o tom desarrazoado adotado em palanque antecipado constitui-se, não só em uma ruptura com os preceitos de urbanidade, mas também sugere uma ruptura no âmbito institucional, o que demonstra que a pretexto de salvaguardar a liberdade de expressão com pronunciamentos ignóbeis e selvagens, o que está em curso, na verdade, são reiteradas tentativas de sabotar, os fundamentos do Estado Democrático de Direito.

Aliás, Vossa Excelência, com isso, é patente que incita a subversão da ordem estabelecida, não para instituir, de forma subversiva, uma outra ordem, uma ordem revolucionária ou um reordenamento institucional de feição igualitária e humanista, ao contrário, o caráter subversivo de Vossa Excelência, é o de percorrer e determinar a manutenção e permanência duradoura da ordem de privilégios já vigente,  em síntese: trata-se da revolta dos conservadores contra o povo.

Deste modo, a crítica ao STF, bem como a intempestiva e despropositada recolocação por Vossa Excelência, da necessidade do voto ser impresso, quando esta pauta já foi devidamente apreciada e afastada no âmbito institucional, então, isto evidencia que a extrema-direita, da qual Vossa Excelência, se gaba de integrar, se constitui, de fato, em um perigo à democracia formal burguesa e que, ao atentar assim contra a ordem estabelecida, tem como meta provocar a ruptura institucional para impor um Estado autoritário, ao que, hoje, nem a própria direita, ousaria subscrever.

Sendo assim, se há alguém que atenta contra o país, que se constitui em ameaça real aos regramentos democráticos e ao povo brasileiro, que conspira de forma vil e persistente contra o Estado Democrático de Direito valendo-se de seus preceitos visando,porém, suprimi-los, para permitir eventual triunfo da escalada autoritária, se há alguém perigoso ao Brasil e que porta com orgulho no peito a faixa mórbida de genocida, este alguém é Vossa Excelência, e que reúne todos os requisitos para responder oportunamente pelos crimes praticados.Tanto os crimes visíveis, quanto àqueles que ainda dormem nas sombras da impunidade.

Serenamente, proclamo que Vossa Excelência é o inimigo público número 1, traidor da pátria e genocida de profissão, que mais cedo ou mais tarde, deverá responder pelos crimes de responsabilidade.

Serenamente, proclamo que Vossa Excelência comete crime de responsabilidade, quando em discursos busca inflamar a população para que esta se insurja contra a democracia e seus valores, a fim de que por meio da força, sabotagem ou rebelião conservadora, auxiliem Vossa Excelência, na implantação de um regime autoritário, motivo pelo qual, por ser um agitador fraco, mas sempre perigoso aos princípios do humanismo e um fervoroso praticante de ações repulsivas, que visam nutrir o imaginário deste levante elitista, e cujos membros aspiram um dia, atingir o terror como vivência cotidiana integral, daí porque, Vossa Excelência deve, mais cedo ou mais tarde, responder pelos crimes de responsabilidade.

Serenamente, proclamo que Vossa Excelência, explora a fé alheia e contradiz o ensinamento de Cristo, que pregou: amor, respeito mútuo, a caridade e a paz entre as pessoas, o que me faz cogitar que, se Vossa Excelência leu a Bíblia, a fez de ponta cabeças, pois, extraiu preceitos invertidos à Sagrada Escritura, uma vez que, atribui o ódio, o desrespeito, a ganância e a guerra como modo desejável de vida. De fato, esta subversão moral do ensinamento do Mestre, faz de Vossa Excelência um anticristo, porque não compreendeu seu ensinamento, procedeu a sua completa inversão e ainda buscou difundir esta mensagem falsa como sendo a verdadeira. Em consequência, deverá ser julgado, mais cedo ou mais tarde, por manipular a fé das pessoas em prol de interesses autoritários, do submundo político.

Serenamente, proclamo que o comportamento de Vossa Excelência, apenas desabona e depõe contra as pretensas credenciais que possui, mas que, na verdade, tão somente o desabilitam para ser Chefe do Executivo, até porque a performance miserável contra o Supremo Tribunal Federal, contra a democracia e contra o povo brasileiro, atitudes,todas,  impregnadas de ímpetos explosivos não condiz com a investidura formal que requer o exercício da função,  e em consequência disto, a guerra que Vossa Excelência faz contra o Brasil,  mais cedo ou mais tarde, deverá dar azo para que responda Vossa Excelência, pelos crimes praticados.

Por obséquio, solicito ainda a Vossa Excelência, que cesse imediatamente estas tentativas vazias e covardes de tumultuar a República.Que renuncie com a devida  celeridade desta indisciplina de bem-nascido e que encoraja Vossa Excelência, a pôr-se em guarda contra o Supremo e contra a supremacia da vontade popular.

Por fim, que Vossa Excelência entenda que não é bem-vindo ao Brasil, que o país considera Vossa Excelência como persona non grata, sobretudo, após este 7 de Setembro, que o Brasil precisa ser liberto de Vossa Excelência e que entre a vitória, a morte e a prisão, pelos crimes praticados contra o povo brasileiro e contra a guerra que tem travado contra nossa pátria e soberania nacional, é certo que, em breve, o destino que melhor se enquadra a Vossa Excelência é: o da prisão.

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro