Por Charles Gentil: O anticristo, Bolsonaro

Observe a espuma de ódio, que escorre de uma certa boca e como goteja babas autoritárias, traduzidas nestas palavras:

“o voto não vai mudar nada no Brasil”. “Só vai mudar infelizmente quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando com FHC, não vamos deixar ele pra fora, não”, disse em 1999.

Confissão de uma mente que maquina crimes. Que tem alvos pré- definidos e faz planejamento estatístico de massacres por vir; além disso, demonstra consciência histórico-temporal e capacidade de passar em revista crítica os seus pares de farda colocando-se, por isso, como ainda mais cruel que seus antecessores.


Para isto, ele compara, estabelece distinções, avalia e quantifica com cálculo frio os termos de menos e mais produção[de crueldade].

Da mesma boca, que postula, com os silvos de sua língua bifurcada, dividida entre a negação da ciência e a veneração a torturadores, e fala o idioma da morte, para fazer-se genocida e que, então, vazou a promessa de túmulos e tumulto por vir:

“Se nós não tivermos o voto impresso em 2022, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos”.

E esta declaração implícita de que não aceitará resultado diferente de sua vontade, já anuncia o que, no mínimo, virá: incitação a violência, tumulto e, então, talvez, banho de sangue.


Ele quer ser e, talvez, seja mesmo o excesso em tudo.Mais cruel; mais baderneiro; mais perigoso; portanto, recomendo: mais cuidado com este espantalho verde-oliva.

Recentemente, proclamou:

“Vão ter que me aturar, só Papai do Céu me tira daqui. Mais ninguém”.

O fanático confunde sua vontade com aquela que atribui a Deus; e, por isso, crê que aquilo em que é apegado constitui o que, pelo Criador, supõe, lhe tenha sido para sempre designado.


Assim, o uso de uma linguagem propositadamente infantil, de que só “Papai do Céu” o tira do posto que ocupa é técnica para tornar ameno e assim aceitável, o que não se pode acatar, porque trata-se de evidente indício de patologia fanática; um anticristão que apregoa o fundamentalismo contagiante e que denota uma extrema incompreensão da mensagem de Cristo; e tal declaração já é, por isso mesmo, uma afronta séria à democracia, porque quem decide, em um Estado laico, se haverá continuidade ou não, de um poder delegado é o eleitor
Por isso, que fique claro, Bolsonaro é o anticristo; ele prega o contrário da mensagem de Jesus; Jesus, em uma época em que o Império Romano, se nutria de guerras de expansão e escravizava os povos, trouxe a mensagem revolucionária da paz.


Bolsonaro incita a guerra civil, tem como meta 30 mil mortos, defende a tortura e faz apologia de explícita violência física, verbal e simbólica; portanto, Bolsonaro prega o contrário da mensagem de Jesus.


E assim, torna-se Bolsonaro, um anticristo; um, entre tantos outros, que se dizem cristãos em palavras, mas que, na prática, não só não seguem os preceitos cristãos, como agem mesmo, de forma oposta aos ensinamentos do Mestre.


Jesus pregou a paz, a fraternidade e o amor como modo de vida. E, em uma época em que os donos do poder intitulavam-se imperadores, Jesus se colocou ao lado dos pobres, dos excluídos, dos deserdados e abandonados desta terra.


Muitos, hoje, como Bolsonaro, esquecem esta verdade simples: a de que Jesus convivia com o povo e partilhava de sua dor e, por isso, encorajava-os à esperança.


Bolsonaro como anticristão que é, não sabe o valor do significado de partilhar com os excluídos, os dilemas de sua humilhante condição porque, ao contrário de Jesus, Bolsonaro compromete-se com os poderosos: os ruralistas, por exemplo.


E de fato, em nossa época muitos que se autointitulam cristãos nunca sequer leram a Bíblia e nem mesmo pisaram, em uma igreja; adotam a designação confortável de católicos não-praticantes e não praticam nada de cristão mesmo e pior, muitos agem mesmo de modo contrário aos preceitos cristãos, como o anticristo, Bolsonaro.
Acontece que o cristianismo, sendo um modo de vida, não se dissocia dos valores adotados da vida que se prática.


Por sua vez, Bolsonaro é a mais completa negação da prática dos valores cristãos; é mesmo uma monstruosidade.


Sem dúvida, Bolsonaro é um retorno no tempo; um recuo da marcha fúnebre ao tempo dos imperadores.


Um retorno à belicosidade dos poderosos; expansionistas e criadores de guerras injustas; ele proclama o renascimento da Roma imperial escravocrata.


Por isso, mesmo um Estado laico não merece associar-se a uma fraude religiosa; muito menos o cristianismo merece ter atrelado, a si, tamanha monstruosidade.
Aliás, a sociedade mesma tem sido sacrificada em nome de Deus e de um Evangelho inexistente.


Logo, deve-se impedir Bolsonaro para que a sociedade brasileira possa ressuscitar e sair de suas trevas, de uma Idade Média, chegada tarde demais.


Que se faça a mobilização para construir o impedimento do anticristo, Bolsonaro.
Que Bolsonaro, o anticristo, seja impedido para que, entre nós, frutifique novos tempos de amor.

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro. Integrante do Democracia e Luta. Coordenador do Comitê Popular Antifascista Ponte Rasa Pela Democracia e Lula Livre

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