PARTIDO DOS TRABALHADORES – SÃO PAULO
FORMAÇÃO POLÍTICA
CONTAÇÃO DE HISTÓRIA
1- INTRODUÇÃO
Os últimos 40 anos da história brasileira têm a marca das mãos trabalhadoras que cansadas de verem suas vidas contadas por aqueles que as dominam, resolveram escrever por si próprias a narrativa de sua luta. São as mãos que forjaram a experiência do Partido dos Trabalhadores. Nesse tempo construímos muito, nos apropriamos da esperança e demos vazão à nossa criatividade no fazer da democracia. A ascensão do fascismo, no entanto, faz parecer que “tudo o que era sólido se desmancha no ar” (MARX; ENGELS, 2019, p. 29). Não se desmancha, porém, a memória.
A memória acompanha a trajetória humana, adaptando-se aos contextos históricos e sociais de cada tempo. Ela tem o poder de mobilizar as pessoas de forma coletiva e individual, construindo identidades e subjetividades (BERGAMASCHI, 2002). Tomando as memórias como o exercício de reconstruir o que foi vivido, vemos que o passado se mantém em contínua reconstrução através da memória coletiva (FROCHTENGARTEN, 2005). Então a construção de narrativas, de forma coletiva, ressignifica a história, por meio da memória contada de forma oral ou escrita (NOGUEIRA, 2013).
Nesse momento em que as elites brasileiras buscam, mais uma vez, eliminar do fazer histórico nossas mãos trabalhadoras e, assim, reconduzir a narrativa de nossas experiências, contar e narrar nossa história é um ato político de formação. Com isso em mente, a Secretaria de Formação Política de São Paulo, inicia um novo projeto, tendo como fonte geradora a Contação de História. Nasce o projeto “As Vozes de São Paulo: Nossa História, Nossos Contos”.
2- JUSTIFICATIVA
A história humana é marcada pelas contradições existentes entre as classes sociais. Essa luta se materializa na disputa por hegemonia, que se lança por sobre os aspectos da estrutura (econômicos, materiais, etc.) e superestrutura (culturais, morais, etc.). Agem nessa disputa, de forma essencial, os “intelectuais” formados por cada classe.
Na sociedade capitalista (dividida principalmente entre burguesia – empresários – e trabalhadores) os empresários já possuem uma capacidade elaborada de organização da sociedade (hegemonia) e, portanto, de atuação política. Tal realidade advém de sua estreita relação com a produção econômica, na posição de seus detentores. Constitui-se aqui um processo orgânico de formação de intelectuais, ou seja, de formação política (GRAMSCI, 1985). No sentido de democratizar o acesso de todas as camadas da população à ação política, cabe então a qualquer processo que busque esse objetivo, a “criação de uma nova camada intelectual” que “consiste em elaborar criticamente a atividade intelectual que existe em cada um em determinado grau de desenvolvimento” (GRAMSCI, 1985, p. 11). É, portanto, função do Partido da classe trabalhadora, dar
condições intelectuais para que ela se aproprie dos conhecimentos em sentido libertador e integral, não apenas ligados aos interesses econômicos imediatos (LÊNIN, 2015).
Apropriar-se do conhecimento, passa também pela apropriação da história contada, que faz aquele que a performa responsabilizar-se pela sua audiência e seu conteúdo, conectando espectador e contador (ALVES, 2015). Contação de História, dessa forma, realiza, na perspectiva desse projeto, um link entre gerações e empodera o presente através da história vivida. Logo, é essencial num processo de formação política, que é tarefa primordial de um partido político da classe trabalhadora.
3- OBJETIVO GERAL
Instrumentalizar nossa militância para os enfrentamentos do presente, através do reconhecimento do passado como um elemento de significação das lutas, permitindo a construção de uma identidade coletiva que se conecte com a temporalidade de nosso partido, projetando nossos anseios sobre o futuro.
4- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
4.1 – Contribuir no fortalecimento de uma identidade coletiva de lutas
4.2 – Aproximar gerações do Partido
4.3 – Divulgar a história do PT
4.4 – Narrar a história sob uma perspectiva popular
4.5 – Capacitar a militância para debates políticos
4.6 – Elaborar material digital para campanhas
5- METODOLOGIA
A Secretaria de Formação entrará em contato com os DZs, para articular aqueles que estejam dispostos a participar. Será enviado, um formulário de inscrição por DZ. Será divulgado também o projeto nas redes do PT, para buscar ampla participação. No primeiro dia do projeto será divulgado um material com vídeos e textos explicando a prática da Contação de História. Os participantes terão uma semana para estudar o material. Após isso, no início de cada semana será aberta a plataforma para envio dos materiais, que serão compilados e divulgados no final da semana na plataforma, onde será possível interagir com o material, com comentários e propostas. Após quatro semanas do projeto, o material será elaborado em formato de mini documentário e divulgado.
• Início: 21/12/2021
• Término: 06/2022
• Plataforma: Site do PT de São Paulo
• Instrumentos: Vídeos (máximo de 4 minutos); Textos (200 – 500 caracteres); Desenhos (máximo de 48 MB); Canções (máximo de 4 minutos); Poemas (200 – 500 caracteres); Encenações (vídeos de no máximo 4 minutos)
• Prazos para envio: Segunda semana de cada mês (12/03; 09/04; 14/05; 11/06)
• Prazos para divulgação: Final de cada mês
• Divulgação final (documentário): Final de agosto
6- EQUIPES
• Mobilização: 2 -3 pessoas
• Divulgação: 2 – 3 pessoas
• Compilação de materiais: 1 – 2 pessoas
• Elaboração do documentário: 1 – 2 pessoas
7- MATERIAL PARA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA
Textos:
COMO CONTAR UMA HISTÓRIA – https://pt.wikihow.com/Contar-uma-Hist%C3%B3ria
TÉCNICAS TEATRAIS E CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS:UMA BOA PARCERIA. – http://alb.org.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais17/txtcompletos/sem15/COLE_1728.pdf
GESTO, PALAVRA E MEMÓRIA: PERFORMANCES DE CONTADORES DE CAUSOS (introdução e preâmbulo do capítulo 6 – As Narrativas Pessoais e a Constituição dos Contadores de História como Sujeitos – pg. 175) – https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/187615/Gesto%2C%20palavra%20e%20mem%C3%B3ria%20e-book.pdf?sequence=1
Vídeo: O 1° PASSO PARA CONTAR HISTÓRIAS – https://www.youtube.com/watch?v=IBN_TzJEwsg
REFERÊNCIAS
ALVES, Rafael Lorran. Bem Dito e Bem Feito: a dimensão espetacular das performances narrativas de feirantes rurais do alto jequitinhonha. 2015. 176 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Artes, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2015. BERGAMASCHI, Maria Aparecida. Memória: entre o oral e o escrito. História da Educação, Pelotas, v. 11, p. 131-146, 2002. FROCHTENGARTEN, Fernando. A memória oral no mundo contemporâneo. Estudos Avançados, São Paulo, v. 55, n. 19, p. 367-376, 2005.
GRAMSCI, Antônio. Os Intelectuais e a Organização da Cultura. São Paulo: Círculo do Livro, 1985. LÊNIN, Vladmir Ilich. Que Fazer?: problemas candentes do nosso movimento. São Paulo: Expressão Popular, 2015. NOGUEIRA, Teresinha de Jesus Araújo Magalhães. Memória, História Oral e Narrativa: o encontro do possível na multiplicidade de pontos de vista. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 7., 2013, Cuiabá. Anais […] . Cuiabá: Sbhe, 2013. p. 1-13.