Simão Zygband: O pavor que eles têm do Lula

Arte: Gadson Targa

Às vezes tenho a impressão de que deveríamos parar de falar sobre o Bolsonaro. Mantê-lo na sua insignificância. Um ser que empesteia a existência nacional.

Pior ainda são os bolsominions. Um bando de anencéfalos que fazem coro junto com este ser desprezível, que ataca as instituições democráticas do país.

Todos sabem que as manifestações da extrema-direita de ontem mostraram o temor que eles têm do Lula. Saíram às ruas para denunciar que acusaram o golpe e sentem no cangote a presença do principal adversário para as eleições de 2022. O ex-presidente já tem folga nas pesquisas e pode vencer no primeiro turno.

Agora aparecem milhares de analistas que se julgam capazes de dar palpite de como Lula deve se comportar. Se deveria ter ido ou não às manifestações anti-bolsonaro, se o discurso dele sobre o 7 de setembro foi eficiente ou ruim, ou se ele deveria ou não ter aparecido de sunga, em cena romântica ao luar, mostrando vigorosas coxas e (supostamente) outros atributos.

É muito bom tudo isso. Sobre um tema, várias opiniões. Acho que devemos deixar o Bolsonaro para lá e cuidar da candidatura que vai enfrentar aquele ser. Deve ser preferencialmente o Lula (conforme revelam as pesquisa), mas não obrigatoriamente. Vai quem passar ao segundo turno contra o Coiso, se é que vai ter. Certamente, tenho certeza, Lula não irá a Paris no momento decisivo, como fez um candidato na eleição de 2018.

De fato, o herói da extrema-direita conseguiu levar parte de seu eleitorado para as ruas, distribuindo dinheiro e outras regalias. Distribuiu também o pavor que eles têm do Lula. Mas, na minha impressão de leigo, não creio que seja suficiente para reelegê-lo. Vai ter que distribuir mais grana para seu gado.

As manifestações da extrema-direita, bancadas por empresários do agronegócio, das transportadoras e outros iguais aos péssimos brasileiros como o Véio da Havan, mostraram um medo danado do Lula. Aparentemente se sentem desesperados e se movimentaram como baratas que receberam uma boa dose de inseticida.

Ninguém mais, além destes descerebrados, aguenta o Bolsonaro. Nem os juízes do STF, que tiveram papel tão repugnante no golpe contra Dilma Rousseff, suportam o ser que ostenta (indevidamente) a faixa presidencial. 

O ministro do Supremo, Alexandre Moraes, que no primórdio da carreira legislou para a facção criminosa PCC, foi o primeiro do lado de lá que começou a dar uma dura no bolsonarismo e mandou alguns deles para a cadeia, inclusive o desequilibrado Roberto Jeferson.

Mas já foi para o xadrez um pastor picareta, uma pastora homicida, um machão bombadão bolsominion (que aparentemente só rosna contra mulheres), entre tantas outras excrescências. Neste ritmo, mantida a velocidade da limpa, vai faltar cadeia para tantos malfeitores. 

Simão Zygband é jornalista com passagem pelas TVs, jornais, rádios e assessorias de imprensa parlamentar e de administrações públicas. Foi coordenador de Comunicação no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Em fevereiro de 2020, lançou o livro “Queimadas da Amazônia – uma aventura na selva”. É conselheiro eleito do Plano Municipal do Livro, Literatura, Leitura e Bibliotecas de São Paulo (PMLLLB)

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