Simão Zygband: CPI do Genocídio mostra quem são os homens de Bolsonaro

Foto: Sergio Lima / AFP

Não era segredo para ninguém, exceto para aqueles que votaram e que anularam seus votos, que o capitão reformado não possuía a menor condição moral, psíquica e qualidade intelectual para governar um país da importância do Brasil.


Evidentemente que a escolha do ministério por um (sic)presidente desqualificado como Bolsonaro não poderia ser diferente. Como dizia meu falecido pai, o fruto não cai muito longe da árvore. Temos ministro astronauta (que ainda vive no mundo da lua), uma ministra dos Direitos Humanos que vê Jesus na goiabeira e caricaturas de atriz como Regina Duarte que sequer se manteve no cargo, representando o pior papel de sua carreira e se transformando em marionete de um governante genocida. Sofreu a merecida humilhação pública.


Mas o que salta aos olhos é a falta de qualidade dos militares que foram travestidos de ministros e que envergonham não somente a instituição a que servem (pagos efetivamente a preço de ouro), mas também a todo povo brasileiro. Os militares, sob a batuta de Bolsonaro, ficaram de fora da Reforma da Previdência e ainda hoje as filhas solteiras dos oficiais (que apenas não casam no papel) recebem pensões polpudas às custas da miséria do povo brasileiro.


Para perpetrar o genocídio contra os brasileiros, Bolsonaro, além de desdenhar da cruel pandemia – que em pouco mais de um ano ceifou a vida de 450 mil brasileiros, defendendo contra o confinamento e gastando R$ 350 milhões na aquisição de um remédio inócuo contra a Covid-19, deixou de comprar vacinas que poderiam ter salvo a vida de milhares de pessoas. Já estamos na metade do ano e somente um quarto da população foi vacinada.

Mas chama a atenção a indicação, em plena pandemia, de um militar, um general nada afeito à área para o Ministério da Saúde, mesmo que de maneira interina. Eduardo Pazuello é, sem dúvida, o retrato de um Exército decadente, desmoralizado, mantido a preço de ouro pelos empobrecidos brasileiros. É membro deste mesmo Exército que gastou R$ 15 milhões para aquisição de latas de leite condensado ou para compras milionárias de picanhas, cervejas e lombo de bacalhau para sustentar o oficialato. Absurdo total.


Mas Pazuello, que supostamente é especializado em logística dentro do Exército, não conseguiu se explicar na chamada CPI do Genocídio. Na sua desastrada gestão à frente da Saúde, não conseguiu fazer chegar insumos, vacinas, equipamentos para tentar salvar o povo em plena pandemia. O Brasil teve que importar às pressas, por exemplo, oxigênio do país vizinho, a Venezuela, a quem tanto os fascistas como Bolsonaro e Pazuello criticavam. Centenas de doentes do Amazonas morreram sufocados por falta dos botijões de oxigênio.


O general do Exército, recebendo ordens de um cruel capitão reformado, teve medo de depor na CPI. Justamente ele, supostamente talhado para as “guerras”, responsável pela logística militar, não consegue dar satisfação ao povo brasileiro sob os seus atos e de seu chefe, o genocida Bolsonaro. Como servidor público, deve sim dar satisfação de seus atos àqueles que o sustentam.


Claro que o general e o capitão reformado que o indicou para o cargo deverão entrar para o lixo da história. Devem voltar para o local de onde nunca deveriam ter saído, caso não sejam presos.
#foragenocidas

Simão Zygband é jornalista com passagem pelas TVs , jornais, rádios e assessorias de imprensa parlamentar e de administrações públicas. Foi coordenador de Comunicação no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Em fevereiro de 2020, lançou o livro “Queimadas da Amazônia – uma aventura na selva” pela editora Studioma e disponível na Amazon.

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