Simão Zygband: Brasil perde R$ 80 bilhões ao ano em paraísos fiscais

Reprodução Site Reconstruirresistência

Os milionários brasileiros, inclusive o ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos, fazem do Brasil o quinto país com mais nomes no banco de dados da “Pandora Papers” revelado em reportagem publicada no último domingo (3) pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ. Eles detém 1.897 delas, de um total de 27,1 mil offshores existentes em todo mundo.

Em novembro de 2020, a organização TaxJustice Network (Rede Internacional de Justiça Fiscal, em português) estimou que os milionários brasileiros, com depósitos em paraísos fiscais,  tiraram do Brasil cerca de US$ 15 bilhões ao ano (o equivalente a R$ 80 bilhões).

Para se ter uma ideia do volume de recursos que deixam de ser investidos no Brasil, basta dizer que o governo federal gasta R$ 34,858 bilhões de reais com o Bolsa Família, programa de transferência de renda criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Segundo os dados obtidos pela TaxJustice Network, as nações estão perdendo em média o equivalente a 9,2% de seus orçamentos de saúde para paraísos fiscais a cada ano, com países de baixa renda perdendo comparativamente mais do que o triplo dos países de maior renda, diz documento publicado pela organização em meio à pandemia.

Já os países de baixa renda perdem o equivalente a 5,8% de sua receita tributária arrecadada, enquanto os países de alta renda perdem 2,5%. Isso significa dizer que os países mais pobres do mundo são os mais prejudicados com a sangria em suas economias.

Sangria

O economista Bruno Moretti, doutor em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB) e assessor técnico do Senado Federal, explicou ao portal Brasil de Fato o impacto dessa fuga de capitais.

“Do ponto de vista da arrecadação tributária, o Brasil perde muito. Quando a gente ouve no noticiário que há rombo nas contas públicas ou déficit fiscal, reforçando que é preciso ter políticas de austeridade, está se atacando a questão fiscal pelo lado da despesa, por exemplo, reduzindo investimentos no SUS”, analisa. Ao mesmo tempo, não se dá a devida atenção ao tema dos paraísos fiscais, que, no fim das contas, implicam em enorme sangria de recursos que deviam ser colocados à disposição da sociedade”, compara Moretti.

Brasileiros na lista

Além de Guedes e Campos Neto, a lista do Pandora Papers inclui donos, sócios ou acionistas de algumas das maiores empresas do Brasil, muitas delas financiadoras do projeto político de Jair Bolsonaro.

– Os irmãos Andrea, Eduardo e Fernando Parrillo, controladores da Prevent Senior. Eles são detentores de quatro offshores: a Shiny Developments Limited, a Luna Management Limited, a Hummingbyrd Ventures Limited e a Grande Developments Limited.

– A família do bilionário Rubens Menin, dono da construtora MRV, do Banco Inter e sócio da emissora CNN Brasil. Eles aparecem na lista três offshores: a Costelis International Limited, a Remo Invest Limited e a Sherkhoya Enterprises Limited.

– Os irmãos Pedro e Alexandre Grendene Bartelle, donos das gigantes do setor de calçados Grendene e Azaleia, também teriam três offshores, segundo o Pandora Papers: AGB, PGB San Marino USA e PBCW San Peter USA.

– Flavio Rocha, da Riachuelo, aparece como diretor da offshore Cruzcity Holdings. A diretora titular é a esposa dele, Anna Claudia Klein Rocha.

– A família Moll, da rede de hospitais privados Rede D’Or, teria duas empresas offshore: a PEEPM Group e a Vega IC.

– José Roberto Lamacchia e Leila Pereira, da Crefisa, aparecem como proprietários da offshore Koba Investors Limited.

Todos eles afirmam ter informado às autoridades brasileiras sobre a existência dessas empresas.

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