Réu confesso: PF vai apurar refúgio de Bolsonaro na Embaixada da Hungria

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O prazo de 48 horas determinado, na segunda-feira (25), pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esclareça o que foi fazer na Embaixada da Hungria, entre os dias 12 e 14 de fevereiro, depois de ter o passaporte cautelarmente apreendido pela Polícia Federal, se aproxima do fim.

O cerco vai se fechando sobre o extremista de direita. A Polícia Federal revelou à Agência Brasil que irá investigar as circunstâncias da estranha hospedagem de Bolsonaro em Brasília. Segundo fontes ouvidas pela Agência, a polícia vai apurar se Bolsonaro violou alguma das restrições impostas pelo STF. 

Bolsonaro visitou o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, na legação oficial do país europeu, em Brasília, onde ficou hospedado duas noites, pouco após ser deflagrada a Operação Tempus Veritatis, por determinação do próprio Moraes.

Alvo de diversas investigações, o ex-presidente não poderia ser preso sob a proteção de Halmai, já que a embaixada está legalmente fora do alcance das autoridades brasileiras. O movimento de Bolsonaro levantou suspeitas da PF, que passou a apurar o caso.

O ex-presidente chegou à Embaixada da Hungria na noite de 12 de fevereiro, quatro dias depois de ser alvo da operação da PF que lhe tomou o passaporte. As imagens das câmeras de segurança da Embaixada, obtidas pelo jornal The New York Times e divulgadas na segunda-feira (25), ganharam ampla repercussão internacional.

Deflagrada em 8 de fevereiro, a operação fechou o cerco sobre Bolsonaro, ex-ministros e militares de alta patente. A PF investiga a participação deles em delitos como organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

 

Convocação

Ainda na segunda-feira, o embaixador da Hungria foi convocado pelo governo brasileiro para dar explicações acerca da hospedagem de Bolsonaro. Halmai deixou o Itamaraty, contudo, sem falar com a imprensa. No Ministério das Relações Exteriores, segundo apuração do G1, as falas do chefe da legação húngara não foram convincentes.

A defesa de Bolsonaro alega que o ex-presidente foi à Embaixada húngara para “manter contatos com um país amigo”. A Hungria é hoje governada por Viktor Orbán, primeiro-ministro em segundo mandato desde 2010. Orbán integra a extrema-direita ideológica e sua gestão é marcada pela deterioração das instituições democráticas húngaras.

Por sua vez, Bolsonaro é investigado, entre outros motivos, por tentar solapar a democracia no Brasil. Os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que depredaram a Praça dos Três Poderes, já foram responsáveis pela condenação de mais de 100 pessoas, em julgamentos ocorridos em 2023 e 2024.

À época dos atos antidemocráticos, Bolsonaro refugiou-se na Flórida, Estados Unidos, não chegando nem a participar da cerimônia de transição para o novo governo. Em seu perfil na rede social X, a presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PR), comparou as “aparentes tentativas de fuga” do ex-capitão.

“E não é que o Bolsonaro estava querendo fugir outra vez? Primeiro ele se escondeu em Miami e agora ficamos sabendo que, depois do passaporte apreendido, foi se hospedar na Embaixada da Hungria, por cortesia do extrema-direita Orbán”, publicou a deputada federal.

 

A reportagem do The New York Times descreveu o refúgio do ex-presidente na Embaixada da Hungria de maneira semelhante: “a estada indica que Bolsonaro tentava aproveitar a amizade com um líder da direita radical, o primeiro-ministro Viktor Orbán, da Hungria, numa tentativa de escapar do sistema judicial brasileiro enquanto enfrenta investigações criminais no Brasil.”

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) protocolou uma representação criminal junto à Procuradoria-Geral da República pedindo a prisão preventiva de Bolsonaro por conta das duas noites na Embaixada húngara.

“A estadia na embaixada sugere que o ex-presidente estava tentando alavancar a sua amizade com Viktor Orbán (…), enquanto enfrenta investigações criminais”, argumenta Lindbergh, no documento.

Da Redação da Agência PT, com Agência Brasil e G1

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