Sou Hélio Rodrigues de Andrade, nasci no extremo norte de Minas Gerais em uma cidade chamada São João do Paraíso. Eu e minha família migramos para São Paulo em 71, quando eu tinha dois anos de idade, e eu estou aqui em São Paulo há 51 anos, tenho 53 anos de idade. Fui criado em São Mateus, zona leste de São Paulo. Sou casado, tenho três filhos: o Mateus de 11 anos, a Catarina de 5 e o Ulisses de um primeiro relacionamento meu, que tem 27 anos. Eu sou trabalhador da indústria, técnico em plástico, formado pelo Senai, também sou graduado na Fatec São Paulo em obras hidráulicas e pós graduado em Economia do Trabalho e Sindicalismo na Unicamp. Atualmente presido o sindicato dos trabalhadores da indústria química e farmacêutica no município de São Paulo e região.
História na militância
Entrei no sindicato em 2003, portanto, ano que vem completam-se 20 anos que estou no sindicato. Sou trabalhador de uma indústria, de uma empresa chamada Plástico Mueller, que fica na Francisco Morato, sentido do Taboão da Serra.
Sou filiado ao PT desde 89, na verdade, sou filiado desde 87, é que o PT ao longo da sua história tem algumas questões de documentos, até chegar ao Diretório Municipal a ficha de filiação que estava no DZ demorou uns 2 anos. São 34 anos de filiação.
Meus pais são fundadores do PT, eu sempre fui militante do PT. Eles militaram na região com Zico Prado, que foi deputado estadual, Paulo Fiorilo que hoje é deputado estadual, na época Eduardo Jorge que foi deputado federal, foi secretário na prefeitura de São Paulo. Começaram a militar com esse pessoal e com o pessoal ligado às comunidades eclesiais de base da igreja católica, também com o Movimento Operário da época, enfim, tinha o companheiro Valdemar Rossi, que foi um dos militantes históricos do MOSMSP, que foi oposição sindical, era um movimento dos metalúrgicos aqui do município de São Paulo.
O pessoal que militou junto com Santo Dias, que foi assassinado em 30 de outubro de 1979. Lembro-me muito bem, o Santos Dias era da Zona Sul e as comunidades eclesiais de base eram muito ligadas ao Movimento Operário daquela época e eu fui no velório de Santo Dias. Ele foi assassinado pela PM na Zona Sul em frente à Silvania, uma empresa que tinha. O velório dele foi na igreja da Consolação e a missa de corpo presente aqui na Catedral da Sé, depois o cortejo foi para zona sul. Eu tinha 10 anos de idade, mas lembro bem dessa cena. Minha mãe que fazia parte das comunidades eclesiais de Base e foi nesse velório.
Sou um funcionário da área de transformação de plástico, que faz peça para linha eletro eletrônica, linha automobilística. Trabalhando normalmente, sempre militei no PT, sempre trabalhei na indústria. Estava trabalhando na indústria e tinha um grupo de companheiros que estava trabalhando no sindicato, que me convidaram para fazer parte da direção do sindicato há 20 anos, e vim para o sindicato e estou até hoje.
Passei por várias secretárias do sindicato, fui da saúde, da empresa. O nosso sindicato era um sindicato que era Sindicato dos Químicos, que se unificou em 94 com o Sindicato dos Plásticos, portanto, não tinha figura de presidente para dar consenso na unificação. Tinha uma diretoria colegiada no caso, com o passar do tempo, a reflexão da direção levou que a gente precisava ter outro tipo de organização, um coordenador político, e aí criamos a figura do coordenador político para depois chegar na figura do presidente do sindicato. Então, nós fomos reeleitos, agora mudamos o Estatuto, aprovamos em Assembleia, o Estatuto, a alteração estatutária. Agora sou o presidente do sindicato, o primeiro presidente do sindicato unificado, não tínhamos isso. Domingos Galantes foi presidente do Sindicato dos Químicos em 82, na retomada quando unificou não tinha mais presidente, tinha a diretoria colegiada. Essa experiência foi importante, houve essas alterações e hoje sou o primeiro presidente do Sindicato dos Químicos unificado com o dos Plásticos.
Credibilidade dos sindicatos
O sindicato, como você tem hoje, é uma organização que a gente chama de organização que vem de um período do sistema capitalista, que a gente chama do monopólio do capitalismo. Lenin escreve um livro chamado: “O imperialismo, fase superior do capitalismo”, quando se cria esse grande monopólio. Quem criou o sindicato do jeito que você conhece hoje foi a indústria, a indústria precisava dialogar com alguém na fábrica. Não dá pra construir uma grande empresa como a Ford e ter uns 30 mil trabalhadores, a Volkswagen chegou a ter 30 mil trabalhadores e como é que se dialoga com esse povo (para explicar) que o salário que se paga para esses trabalhadores é adequado? Você cria o sindicato, o sindicato que nós defendemos. Não era sindicato, eram organizações anteriores a esse período.
No capitalismo a gente vai falar que é uma fase concorrencial ao capitalismo, que é a fase que Karl Marx escreve junto com Engels, um documento chamado “Manifesto A Liga dos Justos”, que depois vai se tornar o “Manifesto do Partido Comunista”. Era esse modelo de ação que a gente queria não compactuar com o capitalismo, mas sim destituir o capitalista dos meios de produção e colocar isso na mão da classe trabalhadora. Esse período que tem um escritor muito famoso francês Alain Bir que escreveu a obra “Da Grande Noite à Alternativa”. Ele vai falar o seguinte, que desde este período que o sindicato é criado há um aprisionamento da luta da classe trabalhadora em detrimento do capital. Você está negociando com o sistema é a taxa de exploração sobre a classe. Você não está negociando com o sistema a emancipação da classe trabalhadora. O Sindicato serve para duas coisas: Por que você tem que ser sindicalizado? Ou pra derrubar a direção sindical que está lá porque é pelega, ou pra dar força sindical. A única ponte de diálogo que tem entre os trabalhadores é o sindicato.
Alain Bir em “Da Grande Noite Alternativa” ele vai falar sobre essa grande noite, esse período todo que nós estamos no século XX, que o movimento operário não consegue ter um movimento revolucionário fora a revolução de 17 na Rússia, a revolução Cubana e a revolução de Mao, que não se faz um enfrentamento ao capitalismo como tem que ser feito.
A crítica que se tem hoje ao movimento sindical é despolitizante, primeiro que o patrão não quer essa crítica. (mas também) Ele não quer dar força ao movimento operário. O padrão não quer essa crítica porque é importante ter o sindicato para negociar, mas um sindicato enfraquecido, sem poder de fazer as ações que tem que fazer. Só tem uma hora que a gente consegue sentar na mesa e negociar com o patrão, a hora que você para as máquinas, ele fala: “Vamos conversar porque aí ficou um pouco mais complicado”.
O patrão não quer nunca deixar o sindicato forte como é que eu não deixo o sindicato forte, falando que o sindicato não presta, mas o sindicato tem que existir. Vou te dar um exemplo da nossa categoria os químicos, plásticos e farmacêuticos de São Paulo, a reforma trabalhista que foi feita, de você criar vários modelos de contratação, terceirizado, não entrou na nossa categoria porque você não pode pegar um profissional qualificado e falar pra ele: “eu vou te pagar por quatro horas e volta amanhã”, ele fala: “beleza então eu não volto mais”.
Você não pega um cara do setor farmacêutico, do setor químico e faz isso. Um cara que mexe com ácido sulfúrico, que um pingo de ácido sulfúrico no chão explode, não é qualquer um que se coloca ali, precisa ter treinamento. Então, não entrou no nosso setor e os patrões do nosso seguimento, que a gente negocia há 80 anos, o nosso sindicato tem mais de 80 anos, eles tem um entendimento de que precisam desses profissionais qualificados, só que eles precisam da gente (do sindicato) mais enfraquecido. Não tão combativo, porque vamos supor: nós fizemos uma greve na Nitro química, uma empresa que fica em São Miguel Paulista, o berço do sindicato dos químicos foi criado lá. Uma greve em 1957 em defesa do 13° salário, que implementou naquela empresa o 13° salário. Você não pode ter um sindicato tão forte, então tem que de alguma forma deixar ele enfraquecido, agora não pode não ter sindicato (diz ele exemplificando a forma que o empresariado pensa).
A crítica que existe ao sindicato é uma crítica sobre a questão do imposto sindical, que é um dia do trabalhador que é retirado, e que a CUT foi criada já querendo que isso acabasse, a CUT sempre foi contra o imposto sindical. No governo Lula as reivindicações que a gente tem no movimento sindical é fim da reforma da previdência, revogação da reforma da previdência, revogação da reforma trabalhista e uma forma de financiamento que seja através de Assembleia, votada pelos trabalhadores e descontada dos trabalhadores, ponto. Se o trabalhador achar que não tem que dar nada para o sindicato, ele não dá. O modelo sindical que a gente tem hoje é Varguista, não foi criado pelos trabalhadores, foi o (presidente) Getúlio Vargas, em 43.
A crítica, que tem em relação ao sindicato, ela é despolitizada porque ela não entende o contexto histórico todo e não tem efeito nenhum. O sindicato não serve pra nada, mas todo ano, o sindicato dos trabalhadores, o sindicato que é sério. O problema é que nós temos muitos sindicatos de gaveta, vivendo do imposto. O nosso sindicato todo mês, a partir de março, com a data base de 1 de abril, que é do farmacêutico, todo ano a gente senta as duas bancadas e negocia toda uma convenção coletiva e o reajuste da categoria. Todo ano a gente faz isso. Tudo que nós fazemos tem que voltar para a Assembleia e os trabalhadores votam. Agora estamos com abertura online também para participar da Assembleia, o problema da participação ou não é que as pessoas acham que o sindicato não serve pra nada.
No Brasil não existe liberdade de autonomia sindical, se você se torna um sindicalizado, você já é uma pessoa mal vista pela empresa. Não existe essa liberdade que as pessoas falam, e outra coisa, nós como dirigente sindical, acredite ou não, não temos estabilidade no emprego. Se a empresa quiser mandar embora amanhã ela manda. Nada nos garante, nada nos garante entrar dentro da fábrica e ver a situação que os trabalhadores estão passando. Nada nos deixa acompanhar uma fiscalização do Ministério Público do Trabalho. Tem empresa da nossa categoria se você virar sindicalizado, eles mandam embora o trabalhador. Então, se o sindicato não serve para nada, porque tem tanto medo do trabalhador.
Então, o sindicato tem que estar acuado, você não vai ver ninguém no Jornal Nacional falando bem do sindicato. E o maior sindicalista que nós tivemos, o Lula tem uma história muito interessante que ele conta: Em 78, o Lula junta com um grupo de companheiros e pega um carro e vai pra Brasília, chegando em Brasília ele vai falando com os deputados, e ele fala: Olha essa proposta de reforma da previdência vai prejudicar os trabalhadores, ele foi andando de gabinete em gabinete e chegou em um gabinete, e um deputado falou o seguinte: “Lula cá entre nós, você acha que nós vamos fazer uma reforma da previdência que vai olhar a situação dos trabalhadores, dos metalúrgicos lá em São Bernardo, ou em qualquer lugar que valha. Vocês que montem um partido e crie as suas reivindicações”, e o Lula voltou com a ideia fixa que tinha que criar um partido.
Até 79, o Lula era considerado uma pessoa extremamente importante para sociedade. O Lula como sindicalista era a pessoa mais linda do planeta, o Lula se torna presidente do PT, candidato em 82 pelo PT, o Lula passou a ser a pior pessoa que existe na face da Terra, porque passou a discutir aquilo que é mais central.
Só dá para mudar a vida dos trabalhadores da fábrica, se eu mudasse a correlação de forças na política. Pra mim é muito tranquilo na condição de dirigente, a gente está no gueto, a gente está nos piores lugares e tem os piores olhares pra nós: “Aquele cara é sindicalista, entrou aqui na fábrica levou um monte de dinheiro”, e isso que acontece, porque o patronado, a burguesia precisa da gente mais achatadinho. Se a gente for muito grande, aí é complicado. Imagina você poder ter liberdade e autonomia sindical, imagina um sindicato ser livre para fazer as suas paralisações, quantas paralisações nós não faríamos, quantas greves nós não faríamos, aí nosso poder de greve aumentaria, todos aqueles que fizeram bastante enfrentamento tiveram demissões, retaliações, tiveram suas vidas bastante danificadas pelo empresariado.
Para você ter noção, nos anos da Ditadura Militar, as fábricas foram responsáveis, os RHs das fábricas, eles entregavam trabalhadores para Ditadura Militar, qualquer trabalhador que fosse fazer algum debate era entregue. Imagina só, como Domingos Galantes e a companheirada que montou oposição sindical dentro das fábricas, que concorreram a chapa, em 82 e ganharam a chapa, imagina a tensão que eles tinham para fazer isso. O medo de ser entregue para Ditadura Militar, ser torturado e sumirem o corpo deles. Então, o movimento sindical, ele não é aquilo que nós queríamos.
O Lula nasce no novo sindicalismo, na luta para que o sindicato que tenha liberdade de organização dos seus trabalhadores e trabalhadoras. Não querendo imposto, mas tem que lembrar um pontinho, o Sistema S da Fiesp, Confederações Nacionais do empresariado recebem por ano, por um imposto exclusivo deles 19 bilhões para se organizarem e combater a gente. Nós, muitas das vezes não recebemos absolutamente nada, só recebe aquilo que a gente faz, da carteirinha do associado que vem pra gente e da organização que a gente tem das campanhas salariais e somos bem mal falados.
Desafios e bandeiras como vereador
Nunca tive a ideia de ser candidato, sempre participei de todas as eleições do PT. Todas desde 82, mas sempre tive outra vocação, estava na indústria, sempre fui um trabalhador da indústria. Em 2016 houve uma discussão e os companheiros falaram: precisa ter alguém candidato, nós estamos sem candidato. Porque temos um projeto político, ele não é sindical só, ele é um projeto político que dialoga com as bandeiras históricas da classe trabalhadora: universalização da educação, da saúde, soberania nacional, estado democrático de direito com mais oportunidades para todos, mais atenção ao lugar que eu venho que é a periferia. Isso pra nós sempre ficou muito claro: qual é o projeto que a gente defende. Aí eu fui candidato em um momento que a gente dividiu a eleição entre a defesa da presidenta Dilma, que sofria um golpe em 2016 e a nossa campanha, lá eu tive quase 18 mil votos. Só que eu nunca tinha preparado um terreno pra ser candidato. Em 2020 eu fui candidato de novo, dai minha vocação de não querer ser muito candidato, só fui candidato a vereador.
Em 2020 enfrentamos uma pandemia, ataques que veio da direita, da organização sindical, então nós tínhamos um problema de finanças violento, aí nós mantivemos a condição de ser candidato. Em 2016 foi o pior cenário que a gente teve, petista era chamado de ladrão. Houve um avanço da extrema direita violento, e a nossa candidatura, como era de raiz da militância, nós resolvemos fazer.
Fizemos a nossa campanha em 2020, ficamos como terceiro suplente e agora a gente vai assumir porque os companheiros acabaram se elegendo deputados federais e estaduais. O público alvo nosso é esse conjunto de políticas públicas que lá desde a prefeita Erundina, passando pela Marta, chegando no Haddad, é esse conjunto que a gente defende.
Nós avaliamos que isso consegue atender melhor a população de baixa renda, a maior parte da classe trabalhadora e como eu fui criado em São Mateus, o nome do bairro chama Jardim São Gonçalo, fica perto do Boa Esperança.
São Mateus é um lugar que eu tenho carinho, tive 3 mil votos na região, mas a nossa votação é pulverizada na cidade. Temos uma discussão sobre o emprego, o trabalho, digamos assim, qual é o tipo de trabalho que nós temos em São Paulo, a questão da indústria. Temos uma discussão pesada sobre algumas questões, que eu acho fundamental, por exemplo, das sacolinhas. A forma como estão ligadas a logística reversa, a questão da reciclagem que teve um pouco de distorção. Você proibiu de dar a sacolinha, mas mandou o cara vender e o cara embolsou o dinheiro que ele tinha do que ele já tinha embutido no preço, não é qualquer coisa. Estamos falando de 500 milhões por ano, e ainda vende a sacolinha para o cara e diz que está protegendo o meio ambiente. Essa é uma discussão muito mal feita.
Eu sou técnico em plástico e tenho uma capacitação técnica e quero discutir demais isso. Isso é um ramo que quero discutir. Quero discutir um projeto nosso da Tarifa Zero, que está aí uma discussão oportunista por parte do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), para se colocar no cenário de disputa. Eu sou dirigente sindical, vou continuar como presidente do sindicato dos químicos, acumular as duas funções e evidentemente, nós vamos estar na luta de toda companheirada do movimento sindical do município: o Sintraemfa, o SindSaúde, o Sindicato dos Médicos. O pessoal que tem uma luta sindical, a gente tem por obrigação de fazer parte.
É diferente o setor privado, que eu faço parte do setor público. Quando se defende o servidor municipal, está defendendo também, por trás disso, uma política pública com mais qualidade para o munícipe. Não que o pessoal da rede parceira, não faça um bom trabalho, eles fazem um bom trabalhado. Temos que defender eles mais ainda, porque eles fazem um bom trabalho, e são preconizados, são diversos acontecimentos do pessoal que toca essas OSs, ONGs de deixar o trabalhador sem fundo de garantia, pagamento. Eu acho que a gente tem muito trabalho nisso.
Quero também entender essa cidade, eu moro aqui há 51 anos e também sou louco para entender um monte de gestões que teve. Primeiro sou morador, formado aqui, minha formação está toda no município de São Paulo, mas quando você se torna vereador tem acesso a outro tipo de debate que não é o que se tem como munícipe. Vamos discutir mais o Orçamento. A bancada do PT foi muito generosa com o pessoal que vai começar, já recepcionando a gente nas reuniões da bancada, pra gente entender o Plano Diretor, o que vai ser o ano que vem o novo Plano Diretor, como é a peça orçamentária que ia ser votada esse ano.
Governo Lula – Processo eleitoral
Foi a eleição das nossas vidas, aliás toda eleição a gente fala isso, mas foi uma eleição importantíssima. Eu estava falando na Confederação Nacional do Ramo Químico com a companheirada, primeiro que o movimento sindical tem que ter muita paciência, porque essa eleição salvou a humanidade desse país. Então, não estou preocupado se o Lula vai ter uma forma de financiamento para o sindicato, quero que ele resgate o país dessa catástrofe que foi os últimos quatro anos com esse cara. Não precisa fazer mais nada, vai acabar o governo Lula, ele pode não ter feito nada, mas eu já vou achar que foi o melhor governo que teve. Eu queria falar pra Janja que ela errou. Essa campanha não foi, nem de perto mais bonita do que de 89. Foi muito mais emocionante, foi espetacular e perdemos ali, na fotografia por uma armação violenta que fizeram, como fizeram agora contra o Lula. Essa campanha, precisamos depois com tempo, ver que essa campanha foi uma das mais fraudulentas desse país. A quantidade de dinheiro que o Bolsonaro teve, foram bilhões para esse cara ganhar a eleição. Eu acho que o Bolsonaro tá certo. Só pode ter tido fraude na urna, porque tudo que eles fizeram para ganhar e não ganharam, eles fizeram de tudo, gente.
O Caco Barcelos, ele faz uma reportagem que pega escancaradamente a compra de votos no interior do Brasil. Isso aconteceu a rodo. O pessoal impedir pessoas, que eram mais propensas a votar no candidato nosso. A polícia rodoviária federal ficar fazendo bloqueio no dia da eleição. A gente não tem muito o que falar, o assédio moral que os empresários fizeram contra os trabalhadores.
As manifestações antidemocráticas são bancadas por eles, e por meia dúzia de milico, que estão lá chateados porque vão perder muito do que conquistaram nestes quatro anos de governo Bolsonaro.
A expectativa… cara eu já estou feliz demais, a expectativa… ganhamos dos caras já deu conta. O desafio é gigante, tem que ter paciência. Várias vezes já fiz crítica ao governo Lula em outros momentos, naquela disputa. A maturidade também, o Osvaldo Montenegro diz o seguinte: a idade serve sabe pra que… Se não acumulou experiência e conhecimento não serviu pra nada. Acho que a crítica que eu fazia ao governo Lula, neste governo não posso fazer, porque não dá pra gente olhar para o que aconteceu, o que esse cara fez (Bolsonaro), se recusar a comprar 70 milhões de doses de vacina antecipada da Pfizer, deixar milhões de pessoas morrerem.
Sou do setor farmacêutico, sei quanto é o valor, eu conversava com os empresários, não é bobagem, não é um desses que vai acreditando em fake news, isso foi real. Não tem como negar. Eu espero que o Lula nos 580 dias que ele ficou preso injustamente, que tenha ajudado ele a ter muita maturidade para tomar as decisões que tem que tomar, qualquer decisão que o governo Lula tomar, vou estar ao lado dele.
Eu tenho total confiança no que esse governo pode fazer, porque ele é um governo de reconstrução. Esse cara (Bolsonaro) destruiu o país, tudo o que podia, e continua destruindo, até o último dia esse miserável vai fazer o que puder. Essa eleição para nós é uma eleição civilizatória, nos resgatou.
Nós vamos ainda ser uma sociedade porque o Lula ganhou a eleição, e eu acho que o que o movimento sindical tem que olhar é que nos próximos anos ele tem que acumular força para eleger mais deputados federais, para disputar o Congresso melhor. O que temos feito nos últimos anos é disputado esses fatos democráticos, cada vez mais, para poder reverter a reforma da previdência, reforma trabalhista, a PEC do teto de gasto. A gente tem que mudar isso, realmente. Agora, eu não quero colocar tudo no governo Lula. O governo Lula é um governo que interrompe esse processo. A gente estava caindo em um abismo já, o governo Lula tem um ganho para poder segurar, para podermos voltar a respirar de novo.
PT ganhou na cidade de SP
A bancada do PT na Câmara de Vereadores mostrou o mapa da cidade de São Paulo na eleição no segundo turno, o Haddad foi muito bem, o Lula foi muito bem. Aqui nós tivemos uma diferença de 2 milhões de votos. Toda diferença que o Lula teve comparado às eleições anteriores de 2018 e agora foi São Paulo que deu a diferença.
O pessoal está culpando o Nordeste, o Nordeste fez aquilo que nós esperávamos dele, não fez cagada, como foi feita no sudeste. Acho que em São Paulo nós recuperamos um cinturão vermelho importantíssimo, o Haddad ganhou aqui, o Lula ganhou aqui, daí a importância que nós temos de disputar a prefeitura de 2024. Se o Lula fez acordo ou não com o Boulos, isso não é problema meu. Se falar que é o Boulos é o Boulos.
Agora o candidato do PT vai ter muita chance de retomar a prefeitura. Até porque nós já governamos a prefeitura aqui por três vezes e, diga-se de passagem, que o Haddad fez na última gestão. Eu tenho crítica a algumas coisas que ele fez, o Haddad eu posso criticar, o Lula não, mas o Haddad deixou a prefeitura redondinha, hoje São Paulo tem um superávit em caixa porque o Haddad começou lá trás nas contas da prefeitura.
A cidade de São Paulo se a gente pudesse estar governando ela hoje com o superávit de 20 bilhões, o cara pode gastar o que ele quiser com 20 bilhões. Ele pode implementar a Tarifa Zero, ele banca sozinho a Tarifa Zero. Lógico eleitoralmente, quando acabar, dane-se volta tudo o que era, mas eleitoralmente, ele consegue, financeiramente ele tem caixa. O mandato nosso (como vereador) , nós vamos atuar muito em cima desses contratos que estão acontecendo tem muita coisa, aí, simplesmente ele propôs um projeto de terceirização da educação em São Mateus de 96 escolas e a construção de 4 mini CEUs, no valor de R$ 4 bilhões, sem se quer saber como estavam os aparelhos públicos antes, uma baita Maracutaia. Em cima disso como dá uma Concessão e dá 4 bilhões para os caras, que negócio é esse. São Paulo tem muito recurso, então, eu acho que pra nós aqui em São Paulo, essa questão da eleição mostrou que o PT recuperou a periferia.
Bate bola
Lula – maior personalidade que eu vi na minha vida.
Bolsonaro – pior personalidade que eu já vi na vida.
Ricardo Nunes – não sei quem é.
São Paulo – a cidade mais fantástica, que acolheu a mim e a todos os nordestinos, todos migrantes e imigrantes.
Mídias sociais – é o presente e o futuro das relações que a gente tem na sociedade.
PT – o maior partido do Brasil e com as melhores propostas que tem.
Entrevista: Diane Costa – PT São Paulo
Fotos e vídeo: Elineudo Meira