O mundo relembra nesta quarta-feira, 25 de novembro, a morte do comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruiz, uma das personalidades políticas mais importantes e influentes no século 20, que conduziu um pequeno grupo de revolucionários a pegar em armas para derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista, em 1959, na ilha caribenha. Durante décadas, Fidel exerceu enorme influência no planeta. Ele faleceu há exatamente quatro anos, aos 90 anos de idade, depois de ter conduzido Cuba por cinco décadas, enfrentando toda sorte de ataques e sabotagens conduzidas pelas forças especiais dos Estados Unidos, atravessando um bloqueio econômico que perdura há mais de 50 anos.
Em abril de 2016, durante a realização do 12º Congresso do Partido Comunista de Cuba, Fidel fez um discurso de despedida, mostrando a importância do seu legado de sonhos revolucionários e a luta contra desigualdade e a injustiça social. O sonho permanece. “A hora de todo mundo vai chegar, mas ficarão as ideias dos comunistas cubanos, como prova de que neste planeta se trabalha com fervor e dignidade, é possível produzir os bens materiais e culturais que os seres humanos necessitam, e devemos lutar sem descanso para isso”, disse. Ele havia deixado o poder em 2010, depois de adoecer, legando o comando do governo e da Revolução Cubana a Raúl Castro, seu irmão e companheiro de trincheiras no tempo das guerrilhas ainda em 1959.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Fidel, a quem saudou como “o maior de todos os latino-americanos”, declarando-se como amigo e companheiro. “Para os povos de nosso continente e os trabalhadores dos países mais pobres, especialmente para os homens e mulheres de minha geração, Fidel foi sempre uma voz de luta e esperança”, disse Lula. “Sinto sua morte como a perda de um irmão mais velho, de um companheiro insubstituível, do qual jamais me esquecerei”, lamentou o ex-presidente. “Será eterno seu legado de dignidade e compromisso por um mundo mais justo”. Ambos se conheceram em 1980, quando o então líder sindical esteve em Havana.
A ex-presidenta Dilma Rousseff também se declarou triste com a morte do líder cubano, a quem visitou como chefe de Estado duas vezes, em 2012 e 2014, quando esteve em Cuba visitando as obras do Porto de Mariel e regressou para a inauguração. Na despedida, ela lembrou do papel fundamental que o ex-presidente cubano exerceu no tabuleiro político internacional, inspirando as pessoas. “Fidel foi um dos mais importantes políticos contemporâneos e um visionário que acreditou na construção de uma sociedade fraterna e justa, sem fome nem exploração, numa América Latina unida e forte”, disse.
“Sonhadores e militantes progressistas, todos que lutamos por justiça social e por um mundo menos desigual, acordamos tristes neste sábado, 26 de novembro”, declarou Dilma, em nota distribuída à imprensa. “A morte do comandante Fidel Castro, líder da revolução cubana e uma das mais influentes expressões políticas do século 20, é motivo de luto e dor”. Os ex-presidentes brasileiros teriam ainda a oportunidade de se despedirem pessoalmente de Fidel logo depois.
Em 3 dezembro de 2016, Lula e Dilma compareceram à cerimônia de homenagem póstuma de Fidel Castro, organizada pelo governo cubano na cidade de Santiago de Cuba. Ali aconteceu o último ato em homenagem ao ex-presidente antes do seu enterro. A caravana com as cinzas do líder cubano percorreu todo o país e chegou à cidade após quatro dias, retraçando o trajeto da Caravana da Liberdade, que marcou a vitória dos revolucionários sobre Fulgêncio Batista, em 1959.
Líderes latino-americanos, como Evo Morales, Nicolás Maduro e Daniel Ortega, marcaram presença no evento, dirigido pelo então presidente cubano, Raúl Castro, que estava ladeado pelo então vice-presidente Miguel Díaz-Canel, hoje à frente da Presidência de Cuba. Lula e Dilma foram saudados pela multidão, na Praça Antonio Maceo, aos gritos de “Dilma e Lula, Santiago os saúda”. Ambos deram entrevistas à mídia cubana. “Estou triste, porque se foi o maior homem do século 20”, disse Lula. “Fidel foi um grande amigo nosso. Seu exemplo será eterno para a América Latina, nesse momento de dor, principalmente para o Brasil”, lamentou Dilma.
Da Redação da Agência PT