“Tive uma grande decepção e um grande susto com o julgamento”, afirma Moreira Leite

Cerca de 100 militantes participaram da atividade que teve como foco central o julgamento da Ação Penal 470 e o tratamento dado pela mídia no caso.

Por Elineudo Meira, Portal Linha Direta
Domingo, 25 de novembro de 2012

O Diretório Zonal do PT na Vila Mariana realizou na tarde do sábado (24), em sua sede, a plenária “Mensalão e a Criminalização da Política no Brasil”. O evento teve como debatedor o jornalista e blogueiro Paulo Moreira Leite, que foi diretor de redação da Revista Época e do Diário de S. Paulo. Cerca de 100 militantes participaram da atividade que teve como foco central o julgamento da Ação Penal 470 e o tratamento dado pela mídia no caso.

Moreira Leite explicou como iniciou o movimento para articulação de debates semelhantes a esse. “Eu, como a maioria de vocês, tive uma grande decepção e um grande susto com o julgamento. Há sete anos a gente ouve falar do ‘mensalão’ todos nós podemos ler coisas sobre o processo do ‘mensalão’ e muitas vezes mudamos de opinião achamos uma coisa e depois achamos outra. Todos nós já tinhamos uma certa visão e opinião e como é que o povo teria julgado esse ‘mensalão’, tendo em vista as eleições nos anos de 2006 e 2010”.

E completa: “Sabíamos um pouco que a politica está aqui e a Justiça tá ali, e como jornalista, fui me inteirar sobre este assunto e o que existia de material jurídico.Eu não vou mentir, eu não fui ler as 65 mil páginas [do processo], até porque,nenhum ser humano consegue ler num prazo de vida útil. Outro dia, fui ler um livro de mil que não precisa tomar decisões nenhuma, me levou um mês pra ler…

O jornalista afirmou ter lido os relatórios da Polícia Federal e também as alegações -finais pré-julgamento. Ele falou ainda sobre Roberto Jefferson. “Quando ele saiu da televisão, ele foi falar na Polícia Federal e chegou a dizer que o ‘mensalão’ era uma coisa mental, e depois ele disse que não era”.

De acordo com o profissional, o Ministério Público tem o papel de acusar, assim ele não precisa ter muito discernimento. Se ele acha que pode ser, ele acusa e cabe ao juiz, em tese, a condenação. “Se vocês verem as legações finais, na hora eu até ri. O Zé Dirceu montou um esquema, montou um movimento de suborno e pagamento de propina para viabilizar a aliança no governo, em seguida abriu o cofre. Chega lá um aliado. Como vai segurar uma história dessa, se não tem um indício e não tem nada o que você diga? Aí o Ministério Público vem com aquela ideia do domínio dos fatos que é uma jurisprudência. Ela é polêmica.” afirma.

Em seguida, o jornalista Paulo Moreira Leite lembrou que durante uma fase do julgamento, começaram a fazer piadas sobre o PT, mas numa sessão do Supremo isso extrapolou os limites. “Você está politizando. Você está colocando um valor pessoal em jogo, isso parece abuso, é uma coisa que agente vai vendo claramente. Pra mim, foi um caso chocante,” disse.

“O artigo 55 diz que quem cassa mandato de deputado é a Câmara. Essa vira uma grande questão. Eu não votei no Genoino, mas impedir o Genoíno de tomar posse em nome de uma coisa que não existe, hoje coloca em questão o equilíbrio entre os poderes. O Supremo é um poder, como existe o Legislativo e o Executivo. Supremo é Supremo, mas é um poder. O Supremo deve interpretar a Constituição e não pode querer modificar a Constituição”, complementa.

Para Leonor da Mata, presidente do Diretório Zonal da Vila Mariana, “o principal problema é que o PIG (Partido imprensa golpista) faz com a gente deboche de tudo”. “Quem é petista não pode ter filhos bem sucedidos, não pode fazer faculdade, é o deboche acha que a gente não tem coração, não temos pai, não temos mãe. Como se o Zé Dirceu não tivesse mãe, não tivesse filho, não tivesse mulher. Veja o Genoino que se internou, eles querem exterminar o PT”.

No final do debate foi lida uma moção e a Carta em Defesa do Partido dos Trabalhadores.

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