Depois da repercussão do vídeo em que Jair Bolsonaro disse, na sexta-feira (14), acreditar que “pintou um clima” entre ele e meninas de 14 anos vindas da Venezuela, em uma comunidade pobre do Distrito Federal, descobriu-se que esta não foi a primeira vez em que o atual presidente explorou e difamou as adolescentes.
Outros vídeos recuperados comprovam que Bolsonaro contou a mesma história pelo menos duas outras vezes, sempre se referindo às meninas como “bonitinhas” e afirmando que elas se prostituiriam. Em um desses novos vídeos, ele chega a dizer com todas as letras que as adolescentes estavam se arrumando “para fazer programa” (assista abaixo).
Além de já ser muito grave o fato de um presidente da República acreditar que pode “pintar um clima” entre ele e garotas de 14 anos, os novos vídeos reforçam a necessidade de uma investigação séria, com o objetivo de proteger as adolescentes e garantir seus direitos. Especialmente porque já foi comprovado que a casa mencionada por Bolsonaro, na verdade, abriga um programa social, de acolhimento às meninas.
Comissão vai investigar o caso
Uma investigação séria é o que esperam parlamentares do PT e da oposição. Graças a um requerimento do senador Fabiano Contarato (PT-ES), aprovado na terça-feira (18), a Comissão de Direitos Humanos (CDH) vai realizar uma audiência pública para debater as declarações de Bolsonaro.
“O chefe do Executivo, mesmo que tenha prejulgado um fato criminal, deve explicar o que tomou de providências para garantir proteção àquelas crianças e adolescentes que estariam em situação de vulnerabilidade”, disse Contarato (PT-ES).
A audiência pública também vai discutir possível intimidação praticada por Michele Bolsonaro e Damares Alves. A primeira-dama e a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos tiveram um encontro com as adolescentes há poucos dias, depois que o caso assumiu o noticiário nacional.
Em outra reação, ainda no dia 16, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para investigar “prováveis crimes” cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro em relação ao episódio.
Bolsonaro e sua base atrapalham combate à pedofilia
Jair Bolsonaro não só escolhe palavras que lembram as usadas por homens abusadores como também age para dificultar o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes.
Como denunciado pela ex-ministra do Combate à Fome e Desigualdade Social Tereza Campello, Bolsonaro previu, para 2023, um orçamento pífio para o combate à pedofilia.
Enquanto no governo Dilma, os serviços de proteção especial contavam com mais de R$ 1 bilhão por ano, Bolsonaro reservou, para o ano que vem, apenas R$ 15,4 milhões. Uma redução de 99%!
E pior: nesta quarta-feira (19), a base de Bolsonaro na Câmara dos Deputados votou contra a urgência do projeto que inclui a pedofilia como crime hediondo.
“Por que não querem ver avançar essa proposta? Por que votaram contra crianças e adolescentes? “Pintou um clima” na base bolsonarista com o crime?”, indagou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).
Da Redação da Agência PT, com UOL e PT no Senado