São Paulo – Segundo as análises colhidas em redes sociais sobre o debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT) venceu o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos). A avaliação envolve todos os espectros políticos da imprensa, de progressistas a conservadores. Os aliados do ex-prefeito paulistano consideraram o debate revelador do que representa cada um dos candidatos.
Para a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), enquanto Haddad debateu “com firmeza e conhecimento de causa as propostas de seu plano de governo para São Paulo, Tarcísio ficou tentando pescar propostas dos outros na tentativa de ter alguma coisa de impacto para apresentar no debate”.
Candidato a vice-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin afirmou: “No debate da Globo, Haddad mostra que tem preparo, conhecimento e responsabilidade para manter nossas conquistas e defender SP de aventuras e ideias desconexas. Com Haddad aqui e Lula em Brasília, vamos inaugurar um novo tempo de prosperidade para nosso estado”.
“Haddad paulista raiz, massacrou o carioca turista! Não há como não admitir!”, postou Márcio França (PSB), ex-candidato ao Senado pela chapa de Lula e Alckmin.
Por outro lado, na imprensa classificada como conservadora, a avaliação de inúmeros analistas é de que o ex-prefeito foi inquestionavelmente superior. A jornalista da GloboNews Míriam Leitão, por exemplo, foi taxativa: “Haddad foi superior no debate. Ele fala de São Paulo com naturalidade. Tarcísio parece declamar as respostas e gasta tempo defendendo Bolsonaro. Pior momento foi criticar as reservas cambiais, que foram mérito do PT”, cravou Míriam, que atua em economia.
Paraisópolis
O jornalista Reinaldo Azevedo escreveu no Twitter que “se ganhar debate elegesse governador, Haddad estaria eleito”. Ele observou que “Tarcísio defendeu o pedido para apagar imagens no caso Paraisópolis”, e acrescentou: “É um pateta”. Haddad prontamente classificou o gesto como “destruição de provas” de um crime que ainda está sendo investigado.
“Você acha que aquele companheiro seu, ligado à inteligência, agiu corretamente ao determinar, constranger um profissional da imprensa a apagar imagens de um evento onde aconteceu um homicídio?”, questionou Haddad. “”Não se destroem provas, não se destroem evidências, se confia na autoridade policial”, disse o candidato do PT. Ele rebateu argumento de Tarcísio de que o pedido de apagar o vídeo seria para “proteger” as pessoas que aparecem na cena.
Mais próximo do Partido dos Trabalhadores, Kennedy Alencar também comentou o explosivo caso de Paraisópolis, envolvendo Tarcísio de Freitas, que mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens de um nebuloso confronto com supostos criminosos. “Não cola essa versão de que pedido para apagar gravação de tiroteio em Paraisópolis se deveu a preocupação com pessoas que estavam no local. Tarcísio de Freitas defendeu destruição de provas. Defendeu um crime. Haddad mandou bem ao levar assunto ao debate da Globo”, escreveu Kennedy.
O jornalista afirmara antes, no início do debate, que em sua opinião Haddad ganhou o primeiro bloco. “Deixou Tarcísio de Freitas na defensiva em temas como vacinação, privatização da Sabesp e falta de oxigênio em Manaus. Petista foi bem superior na comparação com bolsonarista.”
Faltou timing?
Vários internautas eleitores de Haddad, porém, reclamaram que o petista demorou a introduzir o tema Paraisópolis. Entre os coordenadores da campanha do ex-prefeito, a avaliação foi semelhante. “Em que momento o Haddad vai trazer o caso Paraisópolis pro debate?”, questionou, por exemplo, o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho.
Em matéria no UOL sobre “quem ganhou o debate na Globo”, o colunista Tales Faria foi taxativo, dizendo que “Haddad venceu um debate nitidamente nacionalizado”.
Para Leonardo Sakamoto, “apesar do palavreado por vezes difícil, o petista foi bem mais espontâneo que o adversário e conseguiu tirá-lo do prumo ao tratar do caso do membro da equipe dele que mandou um cinegrafista apagar as imagens do tiroteio em Paraisópolis ao invés de entregar para a polícia”. Por isso, na opinião de Sakamoto, o petista “venceu o debate”.