Há exatos dois anos, no dia 7 de abril de 2018, o povo brasileiro acompanhava, com assombro, uma das maiores injustiças da história da República: a prisão ilegal do ex-presidente Lula. Manobra política para tirar o líder das pesquisas na corrida presidencial de 2018, a condenação foi perpetrada pelo então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. No dia do aniversário da prisão injusta, o Papa Francisco lamentou toda e qualquer prisão arbitrária e postou, em sua conta no twitter, uma mensagem de fé e esperança a todos os condenados injustamente: “Nestes dias de quaresma, vimos a perseguição que Jesus sofreu, como foi julgado com hostilidade, mesmo sendo inocente. Rezemos juntos por todas as pessoas que sofrem por uma sentença injusta por causa da hostilidade”, disse o Papa Francisco.
Advogado de defesa nas ações movidas contra Lula, Cristiano Zanin considera o conteúdo do comunicado do Papa essencial para a compreensão do tamanho da arbitrariedade cometida contra o ex-presidente. “A mensagem do Papa Francisco é muito importante porque joga luzes em mais de cinco anos de trabalho em que demonstramos que o ex-presidente Lula é vítima de uma caçada judicial que o levou a uma prisão ilegal durante 580 dias”, afirma Zanin, em depoimento ao Portal PT de Notícias.
A prisão ilegal de Lula, de acordo com o advogado, foi decisiva para retirá-lo das eleições presidenciais de 2018, “abrindo espaço para que Bolsonaro chegasse à Presidência na companhia de Sergio Moro, seu ministro”. O advogado relata ainda que, na recente visita que fez ao Papa acompanhando o ex-presidente, em fevereiro, conversou com ele sobre o uso da lei para objetivos políticos. “Tive a oportunidade de expor à Sua Santidade o conceito de lawfare e como essa nefasta técnica foi aplicada contra Lula”, lembra.
Prisão mobilizou o país e o mundo pelo “Lula Livre”
A prisão ilegal do ex-presidente Lula em 2018, desencadeou uma onda de protestos no Brasil e no mundo, com diversos setores da sociedade civil mobilizando-se na campanha pela soltura do líder petista. A hashtag “ Lula Livre” varreu o planeta com manifestações em várias capitais e apoio de artistas e intelectuais de projeção internacional.
Meses após a libertação do ex-presidente, Zanin acompanha julgamentos pendentes sobre o caso Triplex no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF). A batalha agora é pela absolvição de Lula ou à declaração da nulidade dos processos, com a anulação da pena e a restituição de seus direitos políticos.
Sobre o caso do Sítio de Atibaia, após o TRF4 ter elevado a pena fixada pela juíza Gabriela Hardt, na conhecida sentença do “copia e cola”, a defesa apresentou novo recurso (com embargos de declaração) e aguarda julgamento. Já no caso do suposto imóvel para o Instituto Lula, a defesa questiona a utilização de documentos fraudados pela acusação, que envolveriam supostas cópias de sistemas paralelos de pagamento da Odebrecht. A sentença ainda foi não proferida.
Da Redação
Foto Ricardo Sturcket