Neste domingo, 02/04, na Praça da Paz, Parque do Ibirapuera, foi realizada a III Caminhada do Silêncio, organizada pelo Movimento Vozes do Silêncio, do qual fazem parte o Núcleo de Preservação da Memória Política e o Instituto Wladimir Herzog.
Centenas de pessoas se reuniram para “descomemorar” o golpe militar de 1964, lembrar dos mortos e desaparecidos pela ditadura e denunciar a violência contínua do Estado contra a população mais pobre, especialmente a de negros.
A presença de Silvio Almeida, Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Nilmário Miranda, Assessor Especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do MDHC, José Genoíno, ex-presidente do PT, Eduardo Suplicy, dep. Estadual do PT, Adriano Diogo, ex-presidente da Comissão da Verdade em São Paulo, entre outros, mostra a importância do ato e a necessidade de continuarmos esse debate e essa luta contra a violência do Estado.
Homenagear e lembrar as vítimas do regime militar de 1964, militantes políticos, estudantis, sindicais, indígenas e outros grupos, é dar sequência à luta desses companheiros, que é de todo o povo brasileiro:
É defender a demarcação das terras indígenas;
É proteger a população de rua que não tem onde morar, e que o prefeito Ricardo Nunes tenta expulsá-los das calçadas e praças, sem apresentar alternativas, como se a culpa de estarem nesta situação fossem deles próprios;
É dar sequência as Comissões da Verdade, identificando e denunciando todos os torturadores;
É por fim a política de encarceramento em massa, tirar das prisões aqueles não nem deveriam estar ou que já cumpriram as penas;
É investigar, identificar e punir os militares e empresários que tentaram fraudar as eleições de 2022 e planejaram o golpe fracassado de 08/01;
É por fim a tutela militar sobre a sociedade, que sempre existiu, desde a “Proclamação” da República, acabando ou alterando o artigo 142 da Constituição, que permite a ação militar através da Garantia da Lei e da Ordem (GLO);
É lutar pela desmilitarização das polícias;
É por fim ao julgamento crimes dos militares pelos próprios militares. Crimes cometidos precisam ser julgados pela justiça civil.
Não esquecer o que foi o Golpe Militar de 64 é essencial para que possamos conquistar a democracia plena no País;
Não punir os golpistas de 1964, diferentemente do que fizeram Argentina, Chile e Uruguai, avançar muito lentamente a Comissão da Verdade, não modificar a formação dos nossos militares permitiu que a sanha golpista ressurgisse nos quartéis. São eles que estão por traz da queda da Presidenta Dilma, da prisão do ex-Presidente Lula, da tentativa de fraudar a eleição de 2022 e do golpe fracassado em 08/01 para impedir a posse do presidente eleito, Lula.
São esses mesmos oficiais que cometerem massacres no Haiti e posteriormente foram aplicar esse “aprendizado” nas comunidades pobres do Rio de Janeiro e de outros lugares, por meio das GLOs, assassinando centenas de pessoas.
Lembrar do Golpe de 64 e homenagear as vítimas do regime, mantém vivo o debate e essas lutas.
Osvaldo Schiavinato
Coord. Setorial Municipal de Direitos Humanos