Por Paulo Fiorilo: Sem diálogo com população, governador vai fechar 94 escolas do Estado

 

Professores, pais e alunos da rede pública de São Paulo estão mobilizados contra o fechamento de escolas estaduais pela gestão tucana.

Na semana passada, a Secretaria de Estado da Educação divulgou a lista das 94 escolas que o governador Geraldo Alckmin vai fechar no ano que vem. Dentre elas, 25 unidades estão na capital paulista e 69 na região metropolitana ou interior.

A “reestruturação”, que inclui ainda mudanças em mais 752 escolas, foi anunciada sem que nenhum debate tenha sido realizado com professores, trabalhadores da educação e população em geral.

A justificativa dos tucanos é a redução no número de alunos na rede.

No entanto, o principal temor é que esse “enxugamento” da rede, movido por uma racionalização administrativa, cause prejuízo real para a qualidade da educação estadual em geral, incluindo a superlotação de salas de aula, demissões de profissionais e o aumento da evasão escolar.

As unidades escolhidas não funcionarão mais com múltiplos ciclos de educação básica (fundamental 1, fundamental 2 e ensino médio). Segundo a secretaria, as escolas serão passadas às administrações municipais ou ao Centro Paula Souza para serem destinadas a outros fins educacionais (mesmo que nem as prefeituras nem a instituição tenham sido consultadas sobre isso).

Em consequência, 311 mil alunos, do total de 3,8 milhões de matriculados, terão que mudar de escola. A mudança também atinge 74 mil educadores.

O mais intrigante é o fato de Alckmin se contradizer. Da mesma forma que o governador dizia na campanha eleitoral do ano passado que não faltaria água em São Paulo, no dia 22 de outubro, ele havia assegurado, em fala ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que nenhuma instituição de ensino seria fechada. Quatro dias depois, em 26 de outubro, o fechamento das 94 unidades foi oficialmente anunciado.

Segundo levantamento feito pelo portal de notícias G1, das 94 escolas que serão fechadas, 31 unidades têm o Índice de Educação Básica (Ideb) acima da meta projetada pelo Ministério da Educação (MEC). Ou seja, 33% delas têm avaliação positiva. Só na Capital, das 25 escolas que serão fechadas, 15 têm o Ideb acima da média.

Para avaliação da qualidade da educação, o indicador leva em conta dois fatores: rendimento escolar, o que envolve taxas de aprovação, reprovação e abandono, e médias de desempenho na Prova Brasil (avaliação que tem o intuito de analisar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro).

Pelos cálculos do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a “reorganização” completa do ensino proposta por Alckmin vai fechar, ao menos, 163 unidades no Estado.

“Ele recuou momentaneamente com o objetivo de esvaziar a luta contra a desorganização. Mas vai levar o fechamento adiante, assim como também vai fechar turnos de escolas. Não importa se é uma, 94 ou 160, não vamos aceitar o fechamento de escolas”, afirmou Maria Izabel de Azevedo Noronha, presidenta da Apeoesp.

Os protestos contra o governador tucano não vão parar. Professores, alunos, pais e defensores da educação vão se reunir novamente no dia 10 de novembro, ao meio-dia, em frente ao Palácio dos Bandeirantes.

Paulo Fiorilo – presidente do Diretório Municipal do PT-SP e vereador

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