Neste ano, em 21 de julho, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) lançou mais uma proposta de concessão no serviço público: a Linha 5 Lilás do Metrô. A argumentação é a mesma de sempre, redução de custo da máquina pública, eficiência no serviço e geração de emprego. No entanto, as experiências que tivemos em outros serviços e, em especial, no Metrô de São Paulo, vão em direção contrária do que ele falou.
Tendo como exemplo a concessão da Linha 4-Amarela do Metrô, fica evidente o prejuízo ao qual a população foi submetida. Há um atraso na conclusão das obras em mais de 10 anos, além do ônus aos cofres públicos de mais de R$ 377 milhões, em 2014, somente em relação ao reajuste contratual de tarifa. Outro prejuízo é de mais de R$ 200 milhões que um consórcio recebeu e teve seu contrato rompido.
Na geração de empregos, mais mentira, pois a presença física de funcionários para apoio e segurança é mínima, sendo monitorada dentro de uma sala à distância por aparelhos de TV. Não chega à metade o número de funcionários que o Metrô disponibiliza para conforto e segurança dos usuários. Sem entrar a fundo nos contratos e condições de trabalho muito inferiores.
E não podemos esquecer também a perda de vidas humanas em um desastre que, até hoje, não foi devidamente esclarecido, isso sem falar dos prejuízos que muitos moradores tiveram em suas casas, com a forma com que as obras foram feitas. Quando defenderam a Parceria Público Privada (PPP) na Linha 4, o secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Claudio Pelissioni, falou que estava adotando esse projeto para que o Metrô não andasse a passos de tartaruga. Pois é, a tartaruga ganhou do PSDB.
A proposta para a Linha 5 Lilás assume preocupações mais graves ainda, pois o sistema já está operando e as obras já foram contratadas. O dinheiro público, ou seja, dinheiro nosso, será repassado à iniciativa privada. Para que isso?
Tudo se dá em um contexto de investigações em andamento, inclusive da própria Linha 5 do Metrô, sobre acertos com as empreiteiras nas obras de expansão, escândalos sobre os cartéis de trem. Agora, mais uma doação aos empresários?
Para nós, cutistas, o serviço público não pode, em hipótese alguma, ser tratado como mercadoria. Muito menos ser parte de um jogo do capital. Manifestamos aqui o nosso total repúdio a mais esse ataque à sociedade e nosso irrestrito apoio aos metroviários de São Paulo em sua luta, desde então, contra essa proposta.
*Douglas Izzo é presidente da CUT/SP e Eduardo Alves Pacheco é da Atitude Metroviários da CUT/SP