No último período a JPT tem conquistado importantes avanços em sua organização interna. A partir do I Congresso da JPT, realizado em 2008, deixamos de ser mais um setorial e passamos a ser uma instância partidária. Esta mudança estrutural foi o primeiro passo para garantir que a temática da juventude seja debatida no partido de modo transversal – jovens mulheres, trabalhadores/as, negros/as, gays e lésbicas etc.
Além disso, essa mudança abre a possibilidade de dar maior organicidade à nossa juventude. Em São Paulo, através das coordenações nas macro-regiões, por exemplo, que podem promover a descentralização da gestão e possibilitar aos jovens dos pequenos municípios que construam vínculos de organização e militância.
Muitos desafios, contudo, ainda espreitam a organização da nossa juventude. O PT conta com cerca de 300 mil jovens filiados. Só no estado de São Paulo somos quase 50 mil jovens petistas. Fazer com que estes jovens passem da condição de apenas filiados para militantes petistas é um grande desafio.
O PT é um partido que nasceu por um anseio de trabalhadores, intelectuais, artistas, estudantes de esquerda com ideais por uma sociedade mais justa e igualitária, por uma sociedade socialista. Mas, mais que isso. O PT nasce como o partido-instrumento dos movimentos sociais e militantes de esquerda para construir essa alternativa por um mundo melhor e para disputar os rumos da sociedade.
Mudar o rumo dos ventos!
Essa introdução não foi por acaso. O desafio de ter cada vez mais jovens militantes petistas disputando os rumos da sociedade deve ser o centro de nossa organização no próximo período. Se por um lado, no último período, nos organizamos internamente, por outro o futuro nos aponta uma nova agenda.
Ousar em nossa organização! O próximo período exige o fortalecimento da JPT nos municípios. A Secretaria Estadual da Juventude do PT deve impulsionar e ter como principal objetivo a criação das secretarias municipais, consolidando um verdadeiro processo de municipalização da nossa juventude. É nos municípios que o jovem sente e enfrenta os dilemas e problemas cotidianos. É a partir dos municípios que os jovens percebem e podem se identificar com uma organização que se mostra aberta e diversa. É no município que o jovem estuda ou está fora da escola, trabalha ou está desempregado, utiliza os serviços públicos (ou não), vota, constitui sua trajetória de vida.
O efetivo fortalecimento da JPT se dará por secretarias municipais fortes e consolidadas!
Outro importante foco da organização é a JPT fazer, já no próximo período, uma campanha de filiação massiva, atrelada a um ousado plano de formação política, capaz de chegar às cidades mais distantes do estado. Nosso objetivo deve ser duplicar o número de filiados jovens, atingindo a marca de 100 mil filiados no nosso estado. Desta forma, uma caravana da JPT-SP, construída junto com as coordenações de macro e direções municipais da JPT, será um importante instrumento para fazer com que os candidatos a prefeito e vereadores petistas não apenas assinem um documento, mas que sejam convencidos com a força, mobilização e, principalmente, com a agenda e pautas da juventude do PT a construir políticas públicas de juventude nas cidades.
Na mesma linha é fundamental construir uma “Rede de Gestores e Conselheiros de Juventude”, para troca de experiência e criação de um “Banco de Projetos e PPJs”, que auxilie nas elaborações locais.
Estabelecer, ainda, espaços permanentes de diálogo entre as diferentes macro-regiões, a partir de um “Conselho Político da JPT” atuante, formado pelos coordenadores de juventude das macros, com um calendário de reuniões itinerantes e permanente.
A JPT-SP também deve criar espaços de diálogo e formulação entre os jovens que estão nos diferentes setoriais do PT, incentivado também a opção e atuação setorial entre a juventude petista.
Ousar em nossa formação! A formação política se dá em todos os momentos. A campanha de filiação pode ser um destes espaços, porque possibilita que cada jovem tenha que apresentar o programa do PT para que o outro se interesse a participar do partido conosco. Podemos fomentar cursos regionais sobre a história do nosso partido, oficinas que incluam produção de camisetas, broches, sobre temas mais atuais da conjuntura, aprofundando nosso entendimento sobre os programas de nosso governo e o que nos diferencia. A formação deve ser no cotidiano, em todas as situações que considerarmos possíveis, ela não pode se dar de uma forma “quadrada”, estanque, parada, muito pelo contrário! Deve, se possível, sempre ser intercalada com atividades culturais, lúdicas e que dialogue com a realidade do público que pretendemos atingir.
Um importante debate para a secretaria estadual de juventude deve impulsionar é sobre o “Modo petista de governar para juventude”. É fundamental que, se queremos cobrar políticas públicas de nossos prefeitos e vereadores, saibamos qual a formulação que o PT fez sobre isso até hoje, o que é ter uma administração, de fato, vermelha nas cidades. É a vez do PT, e a juventude deve estar preparada para disputar este projeto transformador na sociedade.
Ousar na Cultura! Não é de hoje que discutimos a importância que a cultura sempre exerceu e como este debate vem tomando relevância na sociedade. Precisamos sair do discurso! Utilizar-se da cultura e produzir cultura. Tivemos duas experiências muito exitosas da produção e diálogo cultural na JPT: O I Festival virtual de bandas, realizado no ABC, e o Festival de Cultura e Arte da JPT Sampa (Capital) que mobilizou “na quebrada” mais de 3000 mil jovens. Essas experiências, organizadas de modo descentralizado, mas com impulso e fomento da secretaria estadual, devem se multiplicar por São Paulo.
Outra experiência que queremos fomentar em todo o estado são os “Cine-Clubes”. Pelo cinema, os jovens se formam, se informam e debatem a política. E os cine-clubes podem, ainda, ser o pontapé para a organização de centros culturais da JPT que produzam cultura: curtas, teatro, dança, fotografia, etc. Com o debate organizado em conjunto com movimentos culturais e com a secretaria de cultura do PT, nos dando munição da pauta da Cultura no momento, algumas ferramentas e a disposição e criatividade da juventude, podemos potencializar a militância da JPT. Cultura também é disputa de valores e de projeto de desenvolvimento.
Ousar na relação com os movimentos sociais e populares! Por sermos construtores de uma política pautada pelos movimentos sociais, é dever da JPT construir uma relação cotidiana, aberta e coletiva com os movimentos. A JPT-SP deve encampar as pautas e ser, também, catalizadora dos movimentos no partido e estar presente, no dia-a-dia, destas organizações. Não se trata de ações isoladas, vez ou outra, mas de se estabelecer uma agenda de intenso diálogo com estes movimentos. A JPT-SP deve ser a juventude partidária que joga mais peso no Fórum em Defesa da Educação Pública, espaço que hoje é composto por diversos sindicatos e organizações estudantis, a que mais fortaleça o debate com o movimento Hip-Hop, como dois de diversos exemplos que poderíamos dar. Deve ser nossa meta reconstituir e dar novo ânimo a Central dos Movimentos Sociais de São Paulo, inclusive propondo reuniões dos representantes de juventude destes movimentos.
Ousar na disputa contra o tucanato em 2012! O Brasil vive, hoje, um verdadeiro bônus demográfico: somos 50 milhões de jovens em todo o país. No estado de São Paulo, os números não são diferentes e a proporção de cidadãos com idade entre 16 e 29 anos nunca foi tão grande. É preciso compreender esse cenário como favorável para a disputa de valores, incluindo a juventude como elemento central no cenário de 2012 e na disputa contra a hegemonia da direita em São Paulo.
Neste sentido, é fundamental impulsionar, fortalecer e criar as condições para que as candidaturas jovens ganhem visibilidade nas próximas eleições. Na mesma linha, é fundamental incluir tal temática nas plataformas eleitorais petistas, comprometendo-se com a criação de organismos de juventude em todos os municípios onde o PT é governo.
É necessário pensar uma formulação de programa de governo com recorte juvenil que seja propositiva e para além do senso comum, incluindo temáticas de geração de emprego e renda, desenvolvimento sustentável, ampliação da escolaridade, combate à violência e política de redução de danos. Também é fundamental construir as campanhas com recorte de juventude incluindo a temática das redes sociais, mas sem deixar de pensar naquela juventude que está longe do mundo virtual. Isso inclui fomentar e assegurar comitês de juventude nos municípios, materiais gráficos e programas de rádio e TV voltados especificamente para a juventude.
Ousar na disputa de rumos! Além desta organização no dia-a-dia com os movimentos, a JPT deve protagonizar a aproximação e diálogo com outras juventudes partidárias, construindo uma agenda de diálogo permanente. Não podemos deixar para nos falar e construir propostas apenas em período eleitoral. A JPT, como juventude de um partido hegemônico, tem que ter como centro aglutinar o maior conjunto de forças. Podemos iniciar o debate com juventudes de partidos que constroem com o PT historicamente num “Fórum Estadual das Juventudes Partidárias de Esquerda”. Esse fórum envolveria o debate das principais pautas e políticas no momento, além de ter a potencialidade de ser um espaço que nos garanta um consenso mínimo na disputa no estado de São Paulo. Sabemos que isso é possível e é nossa tarefa como juventude do maior partido de esquerda da América Latina protagonizar esta ação.
Além disso, é fundamental que fortaleçamos a relação com a bancada do PT. A JPT -SP deve ser presente, atuante e propositora de projetos e ações dos parlamentares petistas, tantos os vereadores, deputados estaduais, quanto os deputados federais. É nossa tarefa fortalecer a Frente Parlamentar de Juventude da ALESP, ajudando a construir uma agenda de debates sobre as diversas temáticas que interagem com os jovens.
Há muito para ser feito. A juventude do PT de São Paulo deu importantes passos em sua organização interna. O futuro nos aponta uma nova agenda e um salto de organização. Há neste texto algumas ideias que ainda queremos amadurecer. E, com certeza, iremos fazê-lo de modo coletivo e capilarizador, priorizando a construção partidária nos municípios. É lá que pulsa o PT.
É chegada a hora da renovação e da ousadia! Disputar e mudar o rumo dos ventos!
Rogério Cruz é secretário municipal da JPT Sampa.