GINI não é um Gênio como a atriz do seriado de sucesso americano dos anos 60, mas mostra muito claro que quanto maior a concentração de renda em um país, maior é a privação de seu povo em saúde, educação, expectativa de vida, ou seja, neste sentido o GINI é inversamente proporcional ao IDH, dois índices utilizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Longe de mim, querer ser didático, num tema com tantos especialistas, mas peço licença para relembrar a origem e função dos dois índices, importantíssimos nesta nova ordem mundial que se afigura, na qual o Brasil tem sido protagonista.
ÍNDICE IDH – O que é:
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi desenvolvido pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen em 1990 e desde 1993, que tem por incumbência promover a eliminação da pobreza e o desenvolvimento em substituição ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que avalia apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) até 1 (desenvolvimento humano total), sendo os países classificados deste modo:
Quando o IDH de um país está entre 0 e 0,499, é considerado baixo.
Quando o IDH de um país está entre 0,500 e 0,799, é considerado médio.
Quando o IDH de um país está entre 0,800 e 1, é considerado alto.
Em 2010, o IDH brasileiro foi de 0,699, numa escala de 0 a 1. O relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado em 2010 apresenta o Brasil na 73ª posição entre 169 países, indicando “tendência de crescimento sustentado ao longo dos anos”.
Colocação no Ranking de IDH de alguns países:
(Dados referente ao PNUD de 2010)
Posição |
País |
IDH 2010 |
|
|
|
1º |
Noruega |
0,938 |
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2º |
Austrália |
0,937 |
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3º |
Nova Zelândia |
0,907 |
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4º |
Estados Unidos |
0,902 |
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5º |
Irlanda |
0,895 |
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9º |
Suécia |
0,885 |
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10º |
Alemanha |
0,885 |
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13º |
Japão |
0,884 |
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65º |
Rússia |
0,719 |
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73º |
Brasil |
0,699 |
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89º |
China |
0,663 |
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110º |
Àfrica do Sul |
0,663 |
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119º |
Índia |
0,519 |
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169º |
Zimbabwe |
0,140 |
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* Média Mundial: 0,624
O IDH foi criado para contrapor a lógica puramente econômica do PIB, leva em consideração 3 fatores:
O próprio PIB per capita, que é toda riqueza produzida pelo país, dividida por habitante e mensurado em dólar; a EDUCAÇÃO em todos os níveis, através do índice de analfabetismo e taxa de matrícula e LONGEVIDADE, a expectativa de vida e taxa de mortalidade infantil.
ÍNDICE GINI – O que é:
Desenvolvido pelo matemático italiano Corrado Gini, o Coeficiente de GINI é um parâmetro internacional usado para medir a desigualdade de distribuição de renda entre os países.
O coeficiente varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo do zero menor é a desigualdade de renda num país, ou seja, melhor a distribuição de renda. Quanto mais próximo do um, maior a concentração de renda num país. O índice Gini é apresentado em pontos percentuais (coeficiente x 100).
O Índice de Gini do Brasil é de 54,4 (ou 0,544 relativo ao ano de 2008) o que demonstra que nosso país tem uma alta concentração de renda.
Índice de GINI do Brasil e de alguns países:
PAÍS |
INDICE GINI |
INDICE GINI |
ANO |
Noruega |
0,25 |
25 |
2008 |
Alemanha |
0,27 |
27 |
2006 |
França |
0,33 |
32,7 |
2008 |
Portugal |
0,39 |
38,5 |
2008 |
Estados Unidos |
0,45 |
45 |
2007 |
China |
0,47 |
47 |
2007 |
México |
0,48 |
47,9 |
2006 |
Argentina |
0,49 |
49 |
2007 |
Brasil |
0,54 |
54,4 |
2008 |
Paraguai |
0,57 |
56,8 |
2008 |
Bom então o IDH prega a eliminação da pobreza e o desenvolvimento humano calcado nas variáveis EDUCAÇÃO e LONGEVIDADE além do PIB.
Considerando que o Brasil possui a quinta maior população do mundo com 190 milhões de habitantes e 8,5% desta população vivem em situação de extrema pobreza, temos 16 milhões de brasileiros que sofrem muito com a falta de saúde, educação e renda e o quesito educação é o que mais pesa na pobreza.
Pelo IDH vemos que é necessário dar mais importância à educação no Brasil.
Já o GINI mede a desigualdade da distribuição de renda nos países.
Considerando que no Brasil 46,9% da renda nacional concentram-se nas mãos dos 10% mais ricos e os 10% mais pobres ficam com apenas 0,7% desta renda, não me surpreende sermos o país com o 3º pior Índice GINI do mundo, com 0,54, concentração de renda pior só se encontrada na Bolívia, Camarões e Madagascar, com 0,60; seguidos de África do Sul, Haiti e Tailândia, com 0,59.
Na América Latina, os países onde há menos desigualdade são Costa Rica, Argentina, Venezuela e Uruguai, com Gini inferior a 0,49.
Bom e o Brasil onde está neste quadro do GINI?
Entre 2006 e 2008, a queda do GINI no Brasil foi de 2,4%, de 0,5623 para 0,5486, uma redução muito expressiva para um período de apenas dois anos.
A desigualdade de renda no Brasil caiu fortemente nos últimos anos, e no final de 2008 o índice já estava em 0,515, atingindo a mínima histórica do Brasil da década de 60.
Considerando que o período da Ditadura foi de 1964 à 1985, vinte e um anos se passaram para que voltássemos a respirar democracia e o muito que se avançou em políticas sociais nos oito anos do Governo LULA é pouco para o acúmulo de desigualdades num país que ainda não completou 200 anos de independência.
Os estudiosos da ONU utilizando dados extraídos do GINI dizem que a concentração de renda no Brasil e America Latina é influenciada pela falta de acesso aos serviços básicos e de infraestrutura, baixa renda, além da estrutura fiscal injusta e da falta de mobilidade educacional entre as gerações.
O que podemos extrair desta engenharia numérica toda é que devemos manter e ampliar o gasto social por habitante, provendo serviços para manter a mobilidade educacional entre a população e a as futuras gerações.
Em se tratando de projeto político é evidente que a melhora nos índices econômicos e sociais no Brasil no último período, só se deu por conta do papel do Estado como provedor e indutor das políticas necessárias para melhora da vida do povo brasileiro.
Entre 2001 e 2008, a renda dos 10% mais pobres no Brasil cresceu seis vezes mais rápido do que a dos 10% mais ricos, dando um bom início à redistribuição de renda no país.
As políticas de valorização do salário mínimo, ampliação do credito, obras de infraestrura, PAC 1 e 2, geração recorde de empregos com carteira assinada, contribuíram para isto.
A mobilidade social foi grande neste período, 21 milhões de brasileiros migraram da Classes De E para Classe C.
Hoje 53% da população brasileira (101 milhões) pertencem a Classe C, cabe agora passarmos da mobilidade social para mobilidade educacional.
Projetos como Pró-UNI, Plano Nacional de Banda Larga, Protec, Fundeb, serão a mola propulsora para conduzirmos a mobilidade educacional necessária para atender o país que em breve poderá se tornar a quinta economia do planeta.
O Projeto Brasil sem Miséria promoverá a erradicação da pobreza?
Os números mostram que é possível, se em 8 anos, 21 milhões migraram para Classe C, o desafio agora é atender aos 16 milhões de brasileiros que ainda vivem em situação de extrema pobreza.
Oxalá amanhã possa tratar da fome pelo conhecimento e não mais pela falta de alimento.
Para isto apostamos no Pré-Sal e o investimento de 7% do PIB em Educação nos próximos 20 anos e ter o IDH e GINI a altura deste país e de seu povo.
João Bravin
“Foi Membro do Diretório Municipal do PT São Paulo (2007/2009)
e atualmente é Assessor da Secretaria Nacional de Organização da CUT.”