Consolidar as Políticas Públicas de Juventude e avançar na relação com os jovens da cidade

Consolidar as PPJ´s e avançar na relação com os jovens da cidade.

É preciso pensar a Coordenação para além de um espaço gestor e articulador das PPJ´s e se efetive como um polo interativo da juventude na gestão, articulando demandas e fazendo a disputa política de nosso projeto neste segmento que hoje é o principal formador de opinião do país.

Em janeiro de 2013 escrevi um artigo contribuindo com aquilo que considerava ser os principais desafios da gestão Haddad nas políticas de juventude. Afirmei que o desafio não era pequeno, afinal, as políticas de juventude haviam sido praticamente inviabilizadas, perdendo sua relevância no arcabouço das políticas públicas. Em contrapartida, a gestão passada foi muito eficiente na repressão aos artistas, na truculência policial, enfim, na velha forma, mas ainda muito presente, de tratar a juventude como um problema social.

Passados dois anos da gestão Haddad é possível dizer que, depois de quase uma década de abandono e desprezo pelas Políticas Públicas de Juventude, a cidade volta a pensar nesse segmento e planejar um conjunto de ações e políticas que reconheçam os jovens como sujeitos de direitos e estratégicos para o desenvolvimento da cidade.

Os desafios se baseavam em três eixos estruturantes: institucionalização, participação e descentralização das PPJ´s. Somados e assegurando a transversalidade das demandas, assegurando suas especificidades, tais eixos eram a base para colocar as políticas para a juventude em um outro patamar.

De fato, muito se avançou durante esses dois anos. A Coordenação de Políticas para a Juventude teve papel de destaque na formulação e no diagnóstico dos jovens da cidade, além de iniciar um importante diálogo com os movimentos de juventude. A principal ação da Coordenação, o programa Juventude Viva, em parceria com o Governo Federal, tem caminhado a passos largos. O estudo das regiões prioritárias, os comitês locais e seus articuladores regionais que já iniciaram suas funções trarão uma nova dinâmica e referência para a juventude pobre, negra e periférica, que pela primeira vez terá um conjunto de ações do poder público, articulado com 14 secretarias, que visa diminuir a vulnerabilidade dessa juventude, os maiores expostos à violência física e moral.

A elaboração do Mapa da Juventude, que será divulgado em breve é outra conquista importante. Necessário para elaboração do diagnóstico deste segmento, ele servirá para atualizar o perfil, as características e a diversidade das juventudes. Vale lembrar que o primeiro e único diagnóstico deste tipo foi realizado pela gestão Marta. O portal e o Guia da Juventude que também serão lançados em breve demonstra que o trabalho produzido ao longo desse tempo começa a dar seus resultados mais importantes.

Além dessas, a intensificação do VAI, o fortalecimento do CCJ, as praças de WiFi, as ciclovias e as faixas exclusivas de ônibus, o Passe Livre Estudantil e Busão 24 horas dentre outras ações mostram como a gestão vem mudando concretamente a qualidade de vida da juventude paulistana.

Mas apesar destas valiosas conquistas, há ainda muitos desafios que devemos enfrentar.

É preciso pensar a Coordenação para além de um espaço gestor e articulador das PPJ´s e se efetive como um polo interativo da juventude na gestão, articulando demandas e fazendo a disputa política de nosso projeto neste segmento que hoje é o principal formador de opinião do país.

É necessário entender que a política de juventude não se restringe à Coordenação. Ampliar a sua capacidade de articulação política para dentro do governo, é fundamental para garantir a transversalidade e a capacidade de interação dessas políticas. A Coordenação deve sistematizar, acompanhar e impulsionar essas ações, mesmo não sendo a gestora.

Precisamos nos conectar mais às juventudes organizadas e, principalmente, às não organizadas. Para isso, a descentralização da agenda da Coordenação é fundamental. Uma agenda que localize, reconheça, valorize e estimule as vocações e potencialidades de cada região, mas que também se caracterize como um polo norteador do jovem da região.

É preciso observar os elementos que distinguem as juventudes da periferia, do centro e dos bairros mais abastados, reconhecendo sua identidade e estimulando seus aspectos mobilizadores.

Longe de desconsiderar o esforço da Coordenação em agir nessas frentes, potencializá-las se faz necessária.

Alguns dos desafios

Para garantir essa territorialização, é urgente reorganizar e fortalecer os Auxiliares de Juventude (que, aliás, seriam mais bem denominados Coordenadores Regionais de Juventude). Os auxiliares devem ser os principais agentes propulsores das PPJ´s e devem ter autonomia para a articulação política na região com os movimentos e toda a juventude. A defesa das ações da prefeitura na ponta é um dos maiores desafios e os auxiliares têm papel central nesse processo.

Com base no Mapa da Juventude e nos processos de participação, a construção do Plano Municipal de Juventude será a consolidação do trabalho de diagnóstico e formulação das PPJ´s realizados durante esse tempo. Um Plano que traduza os anseios e as demandas de uma juventude tão diversificada quanto estratégica para o desenvolvimento pleno da cidade.

A eleição para o Conselho Municipal dos Direitos da Juventude é algo que não pode mais esperar. Estamos devendo neste que pode e deve ser um espaço central de articulação das demandas da juventude paulistana. Se conseguirmos a importante vitória da reformulação da Lei, o que garantiu um conselho mais democrático é preciso iniciar o mais rápido possível o processo eleitoral, com um chamamento amplo dos movimentos e com a garantia da descentralização da eleição para que envolva um maior número de jovens.

Além do Conselho, é fundamental estimular espaços de organização da juventude, menos institucional, como meio de socialização e participação da Juventude, criando canais permanentes de diálogo com os diferentes movimentos juvenis.

Ampliar a relação com movimentos de juventudes passa por entender sua dinâmica própria, tanto os ditos mais tradicionais quanto os novos coletivos e organizações da periferia paulistana de caráter mais cultural e com forte atuação em comunicação e produção de conteúdo. Não à toa o VAI é uma das políticas mais bem demandadas pela juventude de periferia. É preciso aproveitar esse caldo político.

A tarefa não é fácil. Muito já foi feito, mas ainda há muito por fazer. Um tempo novo para juventude paulistana está lançado, o momento agora é de colher os frutos, atualizar os desafios e avançar ainda mais, defendendo nosso projeto e contribuir para uma cidade plena e preparada para o futuro.

 

* Erik Bouzan é Secretário Municipal de juventude do DM de São Paulo

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