Carta Aberta à Juventude Paulistana – Ocupamos a Cidade!

Em meio aos desafios de um País que enfrenta o crescimento de uma onda conservadora, que ataca a nossa democracia, a cidade de São Paulo, através da Secretaria de Direitos Humanos e de sua Coordenação de Juventude, realizou um importante processo eleitoral para a composição do Conselho Municipal dos Direitos da Juventude – CMDJ. Esse foi o pleito mais participativo desde que o Conselho foi instituído pela Lei Municipal nº 16.120, atualizada em 2015, pelo prefeito Fernando Haddad, em atenção à demanda dos conselheiros da gestão anterior.

Sobre o processo

Foram 2.587 jovens que deixaram registrados, em voto secreto e direto, seus desejos para a composição do novo Conselho. Esse número é quase cinco vezes maior do que os votantes na última eleição, que reuniu pouco mais de 500 eleitores/as.

A ampliação do número de jovens eleitores/as foi, entre outras coisas, resultado do esforço de disponibilizar mais pontos de votação, em diferentes partes da cidade: ao todo, foram 13 pontos de votação (na última eleição, foram três), amplamente fiscalizados por representantes de todas as candidaturas inscritas, que puderam acompanhar as urnas e registrar em ata os imprevistos, de maneira democrática e plural, como é a vocação das entidades que se dispuseram a participar deste pleito.

O processo de apuração também zelou pela democracia, tendo sido acompanhado de perto por fiscais e pelas entidades participantes. Além disso, a comissão eleitoral foi composta por representantes de diferentes organizações, juntamente com a Coordenação de Juventude e o processo de inscrição, votação e apuração foram amplamente divulgados.

Ressaltamos que eleição aconteceu após quase dois anos sem gestão do Conselho e só foi possível realizá-la pela grande cooperação entre a sociedade civil e a Coordenação de Juventude. Entendemos que o número de votantes precisa ser ampliado e o conselho precisa atingir e dialogar com a numerosa população de jovens de São Paulo. Mas o crescimento na quantidade de eleitores aponta para um diagnóstico importante: a juventude de São Paulo quem sim participar das decisões políticas da sua Cidade e uma das principais tarefas deste conselho será estreitar este vínculo.

A realização da 3º Conferência Municipal de Juventude, bem como suas etapas preparatória e a construção da delegação paulistana para o evento nacional, poderão ser o pontapé inicial deste processo.

Sobre a gestão eleita e seus desafios

Encerrado este vitorioso processo eleitoral, saudamos a eleição das diferentes organizações que conseguiram dialogar durante todo o processo e elaborar uma plataforma política unificada, denominada “Pra Ocupar A Cidade”. A reunião dessas organizações se deu em torno de pautas programáticas consensuais, que tem como finalidade ampliar a participação juvenil, fortalecer e consolidar o CMDJ, ampliar e qualificar as políticas públicas de juventude e fortalecer o enfrentamento da violência contra jovens.

Apresentamos à Cidade um conjunto de candidaturas que buscou representar a cara da juventude paulistana: lideranças da periferia e de movimentos populares, negras e negros, entidades reconhecidas, respeitadas e com muita disposição para ousar e lutar. Não à toa a representante mais votada desta eleição é uma mulher transexual comprometida com essa luta.

As entidades orientadas por essa política foram vitoriosas em todas as cadeiras que disputaram e isso deve ser motivo de muito orgulho, mas também de compreensão da grande responsabilidade em representar a diversidade da juventude paulistana. As/Os conselheiras/os eleitas/os somente serão vitoriosos em sua atuação ao estabeleceram relação com as muitas outras organizações e expressões existentes na Cidade – que disputaram ou não o Conselho. Há que se reconhecer e responsabilizar-se pela importância histórica do processo de consolidação de um Conselho participativo e abrir-se ao diálogo e construção coletiva permanente.

A nova gestão do Conselho se inicia com quatro fatos inéditos e de extrema relevância para as políticas públicas de juventude na cidade:
– o crescimento expressivo no número de votantes;
– a eleição de jovens representantes das cinco regiões da cidade;
– paridade entre mulheres e homens na composição final;
– e uma conquista importante: será a primeira vez que a sociedade civil poderá eleger a presidência desse Conselho, até então presidido exclusivamente pelo poder público.

Os movimentos abaixo assinados convidam a construir coletivamente esse espaço de direitos todos/as que desejam participar da construção de uma Cidade mais justa, democrática e com as sensibilidades de uma geração de jovens que lutam, sonham e acreditam que serão protagonistas desta transformação.

Os desafios são numerosos e imensos, mas o Conselho Municipal dos Direitos da Juventude será construído na direção da participação social, do enfrentamento do genocídio negro, da ampliação e qualificação das políticas públicas de juventude, da valorização das expressões culturais juvenis, do fortalecimento da democracia. Por isso, na briga – quando for de briga – e no diálogo – quando for de diálogo -, seguiremos.

Assinam:
– Pastoral da Juventude – PJ
– União da Juventude Brasileira – UJB
– Juventude do Partido dos Trabalhadores – JPT Sampa
– Central Única dos Trabalhadores – CUT
– Grêmio Gaviões da Fiel Torcida
– UNAS
– UNEAFRO Brasil
– Associação Rede Cidadã Multicultural
– Frente de Luta por Moradia – FLM
– União dos Movimentos de Moradia – UMM
– Rede Ecumênica da Juventude – ReJu
– Juventude Batista do Estado de São Paulo – JUBESP
– Observatório da Juventude
– Blog ImprenÇa
– AFOCA
– Escoteiros do Brasil
– Centro de Juventude Anchietanum
– Movimento de Defesa dos Favelados – MDF

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