Celebramos o 8 de março de 2014. O Dia Internacional das Mulheres tem um novo significado na cidade de São Paulo: celebraremos avanços fundamentais no enfrentamento a todas as formas de violência, autonomia econômica e incentivo à participação das mulheres.
As mulheres compõem, em São Paulo, 52, 7% da população economicamente ativa, sendo 44, 1% dos domicílios chefiados por mulheres. No entanto, ainda recebem salários menores do que os homens, cerca de 75% . No Brasil, 1 em cada 5 mulheres já sofreu violência e na grande maioria das vezes cometida pelo parceiro.
A cidade amarga aumento do número de casos de violência sexual, por falta de uma política efetiva do Estado na Segurança Pública com enfoque de gênero. Os equipamentos existentes para acolhimento das mulheres em situação de violência sofreram, por 8 anos, com a falta de articulação com o Sistema de Assistência Social da cidade, pouco investimento e nenhuma ampliação. Não havia política articulada e uma visão de gênero na cidade. E foi, portanto, sob este diagnóstico e a partir de uma luta histórica das mulheres – desde a primeira gestão do PT na cidade, em 1989, com a criação da Coordenadoria da Mulher. Passando pela gestão Marta e sua reestruturação e por períodos intercalados de profunda resistência do movimento de mulheres para manter os primeiros avanços –, que foi criada a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres pelo Prefeito Fernando Haddad. Por isso, este 8 de março tem um diferente significado para as mulheres petistas e, principalmente, para o conjunto das mulheres que vivem em São Paulo.
É neste sentido que devemos fortalecer a organização das mulheres. Não temos dúvidas: quando as mulheres avançam, a cidade avança. E é sob este aspecto que, ainda, é preciso superar desafios em nossa organização partidária, enquanto mulheres petistas. Com um governo e projeto do PT à frente da Prefeitura da mais importante cidade de país, temos uma responsabilidade maior.
O PT saiu mais uma vez à frente e é o primeiro partido a instituir paridade em suas direções. Esta histórica vitória é, hoje, uma realidade: são mais de 280 mulheres dirigentes zonais e municipais empossadas com os resultados do último Processo de Eleição Direta. Essa mudança, sem dúvida, será percebida e precisa ser incorporada através de diversas ações. A formação política sob uma perspectiva feminista é fundamental para o fortalecimento, empoderamento e autonomia destas novas dirigentes.
A auto-organização é um ponto central neste processo. É a partir dela que criamos vínculos e a solidariedade entre as mulheres. O resultado disto é a organização da luta conjunta, com objetivos comuns, nos quais o plano da política ganha evidência. Sendo assim, este espaço deverá ser incentivado através da organização de núcleos de mulheres nos diretórios zonais, com cursos e plenárias regionais. Para que a troca seja constante, estruturaremos uma rede de informação e de incentivo à participação popular e militância nas comunidades estabelecendo ligação direta com as pautas gerais do partido e de nosso governo. É com estes mecanismos que teremos uma melhor integração e fortalecimento das pautas e políticas para as mulheres no interior de nosso partido e que se refletirá na sociedade, pelas associações de bairro, conselhos e movimentos.
A celebração de um organismo institucional na cidade e uma agenda de fortalecimento das mulheres do partido, reafirmando o Feminismo como a luta pela igualdade, pela liberdade, pelo fim da exploração e da violência e pela autonomia das mulheres, são os nossos eixos de atuação neste ano de 2014. Estes caminhos traçados neste primeiro semestre irão garantir, além de quadros fortalecidos e atuantes, de mulheres incidindo decisivamente nas importantes disputas que teremos este ano com as eleições estadual e federal.
A tarefa não é fácil e requer pactuação pela constante mobilização e formulação conjunta de nossos diretórios e lideranças partidárias. Mas esse desafio também reafirma o sentido do 8 de março: a luta por participação e protagonismo das mulheres em todos os espaços.
Um dia que significa luta!
O 8 de março constitui-se no contexto das lutas de esquerda e socialista. Embora a história mais conhecida – de um incêndio em uma fábrica têxtil que causou a morte de centenas de trabalhadoras – tenha ocorrido, não foi este o acontecimento que definiu o início da celebração da data.
Clara Zetkin, liderança internacional do movimento de mulheres, apresentou na 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em 1910, uma proposta de celebração que demarcasse e visibilizasse a luta das mulheres por igualdade.
Há, ainda, outro fato, este considerado fundamental, para definição da data para celebração. Na Rússia, as mulheres já comemoravam o dia 8 de março desde 1914. Mas foi em 1917, nesta mesma data, que as mulheres russas iniciaram reivindicação por alimento. Esta mobilização iniciou o processo revolucionário na Rússia.
A data se fixou, finalmente, após a Segunda Guerra Mundial, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) passou a incentivar os países que venceram o nazi-fascismo a celebrar o 8 de março como marco de uma era de direitos e liberdade.
No bojo da reafirmação do caráter socialista da data, que defendemos o 8 de Março como um dia de luta das mulheres. Esta é a data para darmos protagonismo às pautas das mulheres e para o fortalecimento de nossa auto-organização, da unidade entre os mais variados matizes políticas e do exercício da sororidade entre as mulheres. Momento para visibilizarmos que as mulheres sempre estiveram presentes, quando não fundamentais, em diversos processos de luta.
Juliana Borges é Secretária Municipal de Mulheres do PT São Paulo.