Centenas participaram nesta quinta-feira (9) de manifestação em resposta a morte do morador em situação de rua Carlos Roberto Vieira da Silva, de 39 anos. Ele morreu após atearem fogo em seu corpo, enquanto dormia na madrugada do último domingo (5) na marquise de um mercado no bairro da Mooca.
O ato foi aberto com a leitura de uma poesia que denunciava a barbárie desta morte. Benedito Barbosa, o Dito da Central dos Movimentos Populares (CMP) e advogado do Centro Gaspar Garcia, falou sobre o desmonte das políticas de moradia, o desrespeito com os Direitos Humanos e a importância da unidade para não deixar a vida do Carlos ser esquecida.
Sidnei Pitta da União dos Movimentos de Moradia (UMM) falou sobre a importância da moradia na região central para as pessoas mais pobres e repudiou o assassinato e a criminalização dos pobres e dos movimentos sociais.
O Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, denunciou também a morte de outro morador de rua na Av. Rio Branco, devido um choque elétrico fatal num poste da Prefeitura. O acidente ocorreu na madrugada desta quinta (9) durante as chuvas que castigaram a cidade. De acordo com ele, ao todo, desde o Natal, houve quatro mortes de pessoas em situação de rua.
O padre questionou a precipitação em responsabilizar outro morador de rua sem uma investigação detalhada, pois os elementos apresentados levantam dúvidas. O pastor Carlos, da Igreja Metodista da Mooca, ressaltou que os moradores de rua são seres humanos e merecem ser tratados com dignidade e respeito.
Representantes do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana e da Ouvidoria da Polícia de São Paulo também falaram que vão atuar para cobrar das autoridades transparência nas investigações.
Muitos moradores em situação de rua estiveram presentes e fizeram uso da palavra. Durante o ato foi feita denuncia sobre os cortes no orçamento das políticas de assistência e acolhimento. Integrantes do Movimento Nacional da População de rua também destacaram que a atual política de albergues municipais entregue para entidades é violenta com população que a utiliza.
Alexandre Linares, presidente do PT da Mooca, ressaltou que a morte de Carlos Roberto não pode ser esquecida: “Carlos Roberto não pode ser tratado apenas como um número, pois ele tinha nome, tinha mãe que chorou em seu enterro no Sergipe. Sua morte não pode ficar invisível”. Linares também apontou que é preciso resistir e lutar contra o desemprego e o desmonte dos serviços públicos.
O vereador Eduardo Suplicy (PT) esteve presente no ato, prestou solidariedade ao povo de rua e colocou seu mandato à disposição para acompanhar o caso.
Estiveram presentes e tomaram a palavra ainda representantes do Conselho de Saúde de São Paulo, Movimento de Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Direitos Humanos do PT, Movimentos de Moradias, dirigentes e militantes do Partido dos Trabalhadores (PT), Diálogo e Ação Petista (DAP) e da União da Juventude Rebelião.
Ao final, foi lida novamente a poesia em homenagem ao Carlos pelas companheiras do Coletivo Flores da Democracia.
Por Professor Alexandre Linares, presidente do PT da Mooca
Foto: Alexandre Linares