Lula: “Se queremos consertar o Brasil, não podemos concentrar renda”

Ricardo Stuckert

Lula apresentou, nesta terça-feira (21), em entrevista à Rádio Vitoriosa, de Minas Gerais, sua visão do que é preciso fazer para reconstruir o Brasil após a destruição causada pelo governo de Jair Bolsonaro. Para o ex-presidente, o Brasil deve voltar a estimular a economia, combater a concentração de renda e apostar na educação, na ciência e na tecnologia como caminho de desenvolvimento.

O combate à concentração de renda e o estímulo à economia são medidas que caminham juntas, explicou, repetindo o que vem afirmando em entrevistas recentes: é preciso “incluir o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”. “Se a gente quer realmente consertar o Brasil, não podemos continuar sendo um país concentrador de renda. É preciso entender que, quando todo mundo está bem de vida, todo mundo ganha”, defendeu.

Dar condições para que o povo trabalhador tenha renda e consuma é um importante estímulo à economia. “Quando você coloca o povo pobre no orçamento, ele vira consumidor e faz o comércio voltar a funcionar. Na hora em que o comércio funciona, ele encomenda da indústria, que também volta a funcionar. E cada um que volta a funcionar vai gerando emprego, que vai gerando mais consumidor. O dinheiro precisa circular na mão de todo mundo”, disse Lula, lembrando de ações executadas em seu governo.
“Carro não foi feito só para rico. Carro também foi feito para pobre. Geladeira, televisão, máquina de lavar, computador, celular são coisas de direito de todo mundo. Quando todo mundo pode consumir isso, o país melhora, não tem como não melhorar. Não me esqueço de quando eu era presidente e resolvemos financiar o puxadinho, para o cidadão fazer um quarto a mais, um banheiro a mais, em casa. Criamos um financiamento na Caixa Econômica e foi extraordinário o sucesso do programa, o surgimento de fábricas de cimento… E a gente percebe que é isto: muito dinheiro na mão de poucos é concentração de riqueza; pouco dinheiro na mão de muitos, é distribuição de riqueza.”
Crise de confiança
O Brasil hoje, no entanto, se encontra paralisado porque é governado por um presidente que só se dedica a criar mentiras e um ministro da Economia que não pensa em investimento. “O país está paralisado porque ninguém confia em ninguém. O empresário brasileiro não confia na política do governo, o governo não tem credibilidade na sociedade, os investidores estrangeiros não estão investindo no Brasil porque também não confiam. E o país fica vendo o seu povo sofrer”, analisou.
O ex-presidente defendeu uma política oposta à implementada por Bolsonaro e Paulo Guedes, que tentam praticamente acabar com o poder de investimento do Estado. “O Estado tem que ter iniciativa de fazer investimento. Na hora que o Estado investe, significa que ele está acreditando em sua política econômica, e os empresários vão atrás”, afirmou.
Projeto de desenvolvimento
Ao mesmo tempo, o país precisa pensar a longo prazo, desenvolvendo sua capacidade científica e tecnológica para se tornar uma nação competitiva globalmente, frisou Lula. “O Brasil nunca será desenvolvido se a gente não investir em educação. Não tem experiência na história da humanidade de algum país que se desenvolveu sem antes investir na educação, na ciência e na tecnologia”, disse.
É por acreditar que é possível recolocar o Brasil no caminho da inclusão social e do desenvolvimento que Lula se disse disposto a continuar lutando. “Não consigo dormir tranquilo sabendo que este país já foi feliz, que o povo podia comer três vezes por dia, comprar seu arroz, seu feijão, sua carne, seu leite, seu pão, seu gás de cozinha e até seu carrinho e colocar gasolina barata”, contou.
“Este país precisa de um governo que se preocupa com a qualidade de vida do povo. (…) Nós vamos juntar as pessoas boas deste país, as pessoas que pensam com a cabeça e com o coração, as pessoas que têm sentimento, que ainda não viraram algoritmo, e vamos reconstruir este país. Eu sonho em transformar este país num país mais humanizado, mais solidário, que saiba o que é o simbolismo de um beijo, de um abraço, do carinho de tocar nas mãos das pessoas. Nós precisamos compartilhar as coisas boas que nós temos para que todos possam viver bem, com decência e humanidade”, defendeu Lula.

Da Redação da Agência PT

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