Lula: “Não vamos fazer ajuste em cima dos pobres”

Ricardo Stuckert

“Achar que nós temos que piorar a saúde, que nós temos que piorar a educação (…), isso é feito há 500 anos no Brasil. Há 500 anos o povo pobre não participava do orçamento. Por isso é que o Brasil foi o último país a ter uma universidade.” Com essas palavras, o presidente Lula, em coletiva no último sábado (15), rebateu as críticas do mercado financeiro e da imprensa sobre a situação fiscal do país.

Lula foi categórico ao afirmar que não permitirá que o ajuste seja realizado às custas dos menos favorecidos. O presidente destacou que, ao contrário do que muitos sugerem, os cortes não serão direcionados para áreas essenciais como saúde e educação. “Eu vou dizer em alto e bom som: a gente não vai fazer ajuste em cima dos pobres.”, afirmou, em Puglia, na Itália, após sua participação na reunião do G7.

A crítica de Lula se estendeu à taxa Selic do Banco Central, que, segundo ele, é celebrada pelos mesmos setores que demandam ajuste fiscal. “Nós estamos cada vez mais reféns de um sistema financeiro que praticamente domina a imprensa brasileira. A questão do déficit fiscal aparece na primeira página, na segunda página, na terceira página… Ou seja, ninguém fala da taxa de juros de 10,25% em um país com inflação de 4%. Pelo contrário, fazem uma festa para o presidente do Banco Central em São Paulo. Normalmente, os que foram à festa devem estar ganhando dinheiro com a taxa de juros”, reprovou.

Gleisi também rebate terrorismo da mídia 

A presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também se manifestou sobre a questão em suas redes sociais. Em resposta ao editorial da Folha de São Paulo no domingo (16), Gleisi destacou o lobby da grande imprensa para que o governo faça cortes em áreas sociais e criticou a desigualdade na cobrança de impostos.

 

“Existe sim uma enorme pressão para corte de orçamentos sociais e investimentos públicos, que a mídia encampa para alegria do mercado. O que piora de verdade a economia do país são os juros estratosféricos impostos pelo BC do bolsonarista Campos Neto. E o que vemos são os muito ricos que não querem pagar impostos empurrando a conta para os trabalhadores e o povo mais pobre. Mas isso não faz manchete em nossos jornais”, escreveu na rede X, antiga Twitter.

 

Dias, antes, na quinta-feira (13), ela respondeu ao Globo que, seguindo a mesma linha da Folha, subiu o tom na cobrança por cortes em saúde, educação e previdência. “Mais uma vez, nenhuma linha sobre os privilégios de quem não paga impostos ou paga muito menos do que deveria”, criticou a deputada. “Ao contrário, festejam a devolução da MP que corrigia as distorções do PIS/Cofins e provocam um rombo bilionário nas despesas”.

“E nenhuma palavra também sobre os juros escorchantes que travam o crescimento e, portanto, a arrecadação de impostos. É só cortar, cortar, cortar”, insistiu Gleisi.

 

A verdade é que em um cenário onde os gastos com o pagamento de juros da dívida pública consomem uma parcela significativa do orçamento – R$ 790 bilhões em 12 meses, como lembrou Gleisi -, Lula e sua equipe defendem uma revisão das prioridades fiscais, focando em justiça social e desenvolvimento econômico inclusivo.

Desde o começo do 3º mandato de Lula, em 2023, o governo tem buscado equilibrar as contas sem sacrificar as camadas menos favorecidas da população. O presidente sempre destaca que sua prioridade “é incluir o povo pobre no orçamento”. E isso parece desagradar profundamente o topo da pirâmide econômica brasileira.

Da Redação da Agência PT

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