São Paulo – Nova pesquisa eleitoral divulgada pela Quaest Consultoria, contratada pela Genial Investimentos, mostra nesta quarta-feira (31) mais uma vez estabilidade na disputa eleitoral, com a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele tem 44% das intenções de voto enquanto o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), conta com 32%. Os números são da pesquisa estimulada, quando a lista de candidatos é apresentada ao eleitor pesquisado.
A pesquisa mostra que o início da campanha eleitoral e as sabatinas com os candidatos no Jornal Nacional, na semana passada, não foram capazes de diminuir a diferença entre Lula e Bolsonaro.
Embora a notícia mais esperada seja sobre a polarização entre os dois candidatos, esta rodada traz bons ventos para Ciro Gomes (PDT), que cresceu três pontos percentuais durante o mês de agosto, atingindo 8% de intenção de voto. Simone Tebet (MDB) manteve seus 3%.
No cenário atual, as chances de uma vitória de Lula no primeiro turno ficaram menores, já que a soma de todos os candidatos (45%) ultrapassou o percentual de intenção de voto dele (44%).
O favoritismo de Lula continua sendo explicado pela vantagem dele, em relação a Bolsonaro, no Nordeste: são quase 40 pontos percentuais de vantagem. Nas outras regiões, se observa empate técnico, com pequena vantagem de Lula no Sudeste e pequena vantagem de Bolsonaro no Sul.
Entre as mulheres, grupo que contém o maior percentual de indecisos nesta eleição, a vantagem de Lula também está mantida, 16 pontos. Entre os homens, leve vantagem de Lula sobre Bolsonaro.
“Essa estabilidade nos segmentos revela algo muito importante”, afirma o diretor da pesquisa, o professor de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Felipe Nunes. “Mesmo depois de 15 dias desde a última rodada da pesquisa, ainda não observamos de forma significativa o efeito do pacote de bondades do governo. No eleitorado de renda baixa, Lula vence Bolsonaro por 52% a 25%”, destaca.
A vantagem de Lula sobre Bolsonaro entre quem recebeu o Auxílio Brasil, já com o valor ajustado de R$ 600, está em 29 pontos, distância aproximadamente igual em relação ao mês anterior (30 pontos). Essa estabilidade se observa a despeito do alto grau de conhecimento do eleitorado sobre as medidas adotadas pelo governo: 84% sabem que o Auxílio Brasil passou para R$ 600 e 51% sabem que foi o presidente Bolsonaro quem aumentou o valor.
Mas por que a estratégia distributivista do governo não está funcionando? Segundo Nunes, existem duas hipóteses, que vem se confirmando ao longo dos meses. “Primeiro, o eleitor percebeu que as medidas econômicas foram feitas com propósito eleitoral, o que retira a gratidão sobre a ação”, afirma o professor. Isso se deu, em especial, quando as pessoas “descobriram” que o novo valor tinha data para terminar e voltar ao valor original. Colocar uma data de fim reforçou a ideia de que não era por altruísmo, mas por interesse próprio do governo.
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Segundo, o que mais importa para o eleitor de baixa renda, os alimentos, não sofreram uma queda significativa de preço (18% sentiram redução). O preço da energia caiu para 41% dos eleitores e a gasolina para 82%. A classe média foi quem mais sentiu os efeitos da redução.
O levantamento ouviu 2 mil pessoas em 120 municípios das cinco regiões entre quinta e domingo (25 a 28). A margem de erro é de 2 pontos percentuais, e o nível de confiabilidade de 95%. Pesquisa registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-00585/22.