Lula defende participação dos jovens na política durante conferência da CPLP

Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua viagem de seis dias pelo continente africano com uma participação na 14ª Conferência de Chefes de Estado e Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em São Tomé, capital de São Tomé e Príncipe. Durante a semana, ele esteve na África do Sul para participar da Cúpula do BRICS e depois foi a Angola para uma visita oficial.

Em seu discurso, Lula falou, entre outros assuntos, sobre a participação dos jovens no processo político e nas tomadas de decisão sobre a elaboração de políticas públicas. “Juventude e Sustentabilidade” é o tema escolhido por São Tomé e Príncipe para seu mandato à frente da CPLP, que começa agora e irá até o segundo semestre de 2025.

“É importante recorrer à própria juventude para entender essa nova realidade. Há 10 anos, os jovens da CPLP tiveram uma atitude premonitória ao adotarem a Carta da Juventude. Essa carta é um instrumento visionário ao propor o conceito de Justiça Intergeracional. As decisões de hoje afetam diretamente os direitos e oportunidades das próximas gerações. Não podemos sacrificar o bem-estar dos que virão”, disse.

Outra “premonição” feita por esses jovens, segundo o presidente Lula, era de que uma das principais questões que o mundo viria a enfrentar seria o combate às mudanças climáticas.

“Eles já nos alertavam que a mudança do clima colocaria em xeque o futuro do planeta. A maioria dos países da CPLP possui uma população jovem. Para que eles tenham esperanças de um futuro melhor, a sustentabilidade tem de ser promovida, desde agora, nas suas três dimensões: a social, a econômica e a ambiental”, ressaltou.

A CPLP é formada por nove países lusófonos – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste – e tem como objetivo facilitar a integração e cooperação entre essas nações, tanto entre si, como para atuação em conjunto em outras entidades internacionais.

Mercado de trabalho

Para Lula, um mundo em que as próximas gerações possam viver com dignidade também precisa ser um mundo em que elas tenham direito a trabalhar para atingir seus objetivos. Isso vem sendo dificultado pelas mudanças trazidas pelas novas tecnologias, que afetam não só a qualidade e quantidade de postos de trabalho, mas o próprio processo democrático.

“As novas gerações vivem com as incertezas de um mercado de trabalho que se transforma. As novas tecnologias são uma conquista extraordinária da inteligência humana, mas com elas o desemprego e a precarização alcançam novos patamares. O uso irresponsável das redes sociais, com a propagação de fake news e discursos de ódio, ameaça à democracia. O culto ao individualismo leva à descrença de muitos jovens na ação coletiva”, alertou ele.

Esse assunto estará na pauta do presidente Lula no mês de setembro, quando ele terá um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

“Com as mudanças no mundo do trabalho, vivemos o desafio de dinamizar nossas economias garantindo trabalho digno, salário justo e proteção aos trabalhadores e trabalhadoras. Esse é o espírito da iniciativa em defesa do trabalho decente que lançarei com o presidente Biden, à margem da próxima Assembleia Geral da ONU”, destacou Lula.

Educação

A primeira medida para começar a enfrentar esse problema é, conforme reiterou o presidente do Brasil, o investimento em educação de qualidade. Essa priorização deve ser acompanhada de outras políticas públicas.

“A formação técnica e acadêmica são o passaporte para autonomia da juventude na construção de seus projetos de vida. Tenho muito orgulho de dizer que mais de 1.700 estudantes dos países lusófonos concluíram estudos de graduação no Brasil nos últimos 20 anos. Cito aqui o nosso companheiro, presidente José Maria Pereira Neves, do Cabo Verde, que fez seu curso de graduação em Administração no Brasil”, afirmou.

Ele também citou um encontro que teve no sábado, ainda em Luanda, capital de Angola, com ex-estudantes angolanos que se formaram em universidades brasileiras. Muitos deles ocupam hoje papéis de destaque na sociedade local, tanto em altos cargos no governo como na sociedade civil e no setor privado. Essa cooperação entre países da CPLP merece uma atenção especial, segundo o presidente, mas deve ir além.

“Além do envio e recebimento de alunos, devemos fomentar a pesquisa e a colaboração presencial e à distância. Para a efetiva implementação do Acordo de Mobilidade da CPLP, estamos regulamentando a emissão de vistos para a comunidade acadêmica, científica, cultural e empresarial”, revelou Lula.

Do site do Planalto

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