Lula: “América Latina e Caribe devem redefinir seu lugar na nova ordem global”

Ricardo Stuckert

É imperativo que a América Latina e o Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global.” Esse foi o tom do discurso do presidente Lula, nesta quarta-feira (9), durante a abertura da 9ª Reunião da Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A cerimônia em Tegucigalpa, capital de Honduras, tratou de temas prioritários para toda a região.

Dirigindo-se aos líderes da Celac, Lula pregou união e harmonia entre os países da América Latina e do Caribe para que possam, juntos, encarar os desafios da atualidade. “Nossa inserção internacional não deve se orientar apenas por interesses defensivos. Precisamos de um programa de ação estruturado em torno de três temas que demandam ação coletiva”, sugeriu.

Em seguida, o petista destrinchou o tripé programático proposto pelo Brasil: fortalecimento da democracia, mudanças climáticas e integração comercial e econômica da Celac.

“Nossos países só estarão seguros se forem capazes de erradicar a fome, gerar bem-estar e garantir oportunidades para todos”, resumiu.

O presidente também defendeu a candidatura unificada da região para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU): “A Celac pode contribuir para resgatar a credibilidade da ONU elegendo a primeira mulher secretária-geral da organização”.

 

Mudanças climáticas

Em relação às mudanças do clima e à transição ecológica justa e inclusiva como quer o Brasil, Lula ressaltou que, em todo o mundo, a América Latina e o Caribe são dos lugares mais vulneráveis a catástrofes. Ele mencionou a COP 30, prevista para novembro, em Belém, no Pará, e as demandas para que os países ricos cumpram as metas firmadas e arquem com os custos do aquecimento global.

“A COP 30, em pleno coração da Amazônia, não será apenas a COP do Brasil, mas de toda a América Latina e Caribe. Precisamos exigir dos países ricos metas de redução de emissões alinhadas ao Acordo de Paris e de financiamento à altura das necessidades da transição justa”, afirmou.

Integração econômica da Celac

Depois de abordar o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas sem citar o nome do magnata republicano, Lula convocou os países da Celac a aprofundarem os laços econômicos e comerciais, a fim de evitar que decisões unilaterais venham a prejudicar o bloco.

“Em 2023, o comércio entre países da América Latina e Caribe correspondeu a apenas 14% das exportações da região. O volume de comércio anual que o Brasil mantém com os países da Celac é de US$ 86 bilhões, maior do que temos com os Estados Unidos e próximo do que possuímos com a União Europeia”, comparou.

O presidente ainda teceu duras críticas ao protecionismo comercial, algo que afeta diretamente o multilateralismo. “Nós queremos o livre comércio, o multilateralismo e uma relação civilizada entre o mundo. Juntos, nós somos muito fortes”, rebateu.

 

Relações Brasil-México

Momentos antes de discursar na cerimônia da Celac, Lula se encontrou com a presidenta mexicana, Claudia Sheinbaum, em reunião bilateral. Eles conversaram sobre o estabelecimento de encontros regulares entre empresários de ambos os países. Brasil e México detêm as duas economias mais pujantes da América Latina.

Concluída a agenda em Tegucigalpa, o presidente falou à imprensa sobre o encontro bilateral com Sheinbaum. “É muito importante que o México e o Brasil estejam juntos. Não apenas para ajudar a fortalecer a América Latina, mas para fortalecer o comércio entre os dois países”, argumentou.

“O que eu propus para a presidenta Claudia é que nós precisamos fazer dois grandes eventos empresariais, um no México e um no Brasil, para que os nossos empresários possam prospectar oportunidades de negócios e a gente possa aumentar a nossa relação comercial”, esclareceu Lula.

 

Da Redação da Agência PT, com informações do site do Planalto e Agência Gov

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