Lula: “A classe trabalhadora sabe cuidar desse país melhor do que ninguém”

Ricardo Stuckert

Os 42 anos de vida do Partido dos Trabalhadores foi celebrado, nesta quinta-feira (10), com um grande ato político, transmitido pelas redes do partido. A festa, cuja programação se estendeu por todo o dia, foi encerrada com o depoimento de lideranças nacionais e estrangeiras e discursos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, da presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e do ex-ministro Fernando Haddad. O evento, conduzido pela secretária nacional de Finanças e Planejamento, Gleide Andrade, também foi marcado por um show do grupo musical Francisco El Hombre.

Emocionado, Lula iniciou seu discurso prestando uma homenagem aos mais de 636 mil mortos em decorrência da pandemia, “milhares de pessoas que, por conta da irresponsabilidade de um governo, não estão participando dessa festa porque foram vítimas da Covid-19”. Ele também homenageou dezenas de figuras históricas do Brasil e que foram fundamentais para a criação do PT, além dos militantes que montaram a vigília Lula Livre durante o período em que ficou preso em Curitiba.

Lula ressaltou que, em apenas 13 anos no poder, o PT conseguiu o que nenhuma força política alcançou em 500 anos: “Foram tantos acertos que os atrasados desse país se viram obrigados a dar um golpe e derrubar a primeira mulher eleita presidenta do Brasil”, enfatizou, lembrando que, apesar disso, o PT permanece como o mais querido partido entre os brasileiros. “Nossa força mostra o quanto sonhar e lutar vale qualquer esforço”, afirmou Lula.

Falando sobre a crise mundial, Lula criticou a ganância dos mais ricos, responsável por uma legião de quase um milhão de famintos no planeta. “A ganância envenenou o espírito humano. 12 mil anos após o início da revolução agrícola, produzimos alimentos em quantidade suficiente para alimentar todos os habitantes deste planeta”, argumentou. “No entanto, 2,1 milhões de seres humanos morrem de fome todos os anos”.

PT sabe governar

Lula condenou ainda o fascismo que incentiva a violência e leva grupos extremistas a cometerem crimes como o assassinato do jovem congolês Moïse Kabagambe. “Precisamos lutar com todas as forças para que o ódio que matou um trabalhador imigrante, e que todos os dias mata mulheres, negros, índios, gays, lésbicas e transexuais seja banido para sempre”, pediu.

Lula reafirmou que é dever do Partido dos Trabalhadores voltar a governar para reconstruir o que foi destruído pelas forças conservadoras. “O PT precisa governar de novo, para provar que a classe trabalhadora sabe cuidar desse país melhor do que ninguém”, disse. “Para que nosso povo volte a fazer pelo menos três refeições por dia, ter educação e saúde de qualidade, emprego com salário digno e carteira assinada”.

Lula encerrou o discurso apontando o caminho para o futuro do povo brasileiro. “Nós fomos capazes de fazer tudo isso em apenas 13 anos, e vamos fazer de novo, agora com ainda mais experiência e mais desejo de mudança”, assegurou.

Responsabilidade

“O Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras chega aos 42 anos com uma enorme responsabilidade. O povo brasileiro está depositando no PT e em nosso presidente Lula a esperança de reconstruir nosso país”, discursou Gleisi Hoffmann, na abertura. Gleisi lembrou dos tempos de luta sindicalista e pela reforma agrária, das conquistas dos tempos em que o PT governou o país e apontou para os desafios na reconstrução de um país devastado pelo obscurantismo bolsonarista e pela selvageria neoliberal.

“[Temos de] construir alianças no campo democrático, em torno de compromissos programáticos com a soberania nacional, a democracia, a retomada do crescimento, o resgate dos direitos sociais revogados nos últimos anos e, principalmente, com os que hoje precisam de comida, renda, emprego e vida com dignidade”, conclamou.

Comitês Populares

A petista destacou o papel dos Comitês Populares na construção de uma agenda voltada ao interesses do povo. “Só a força da organização popular é capaz de transformar profundamente a realidade”, afirmou. “E só essa força será capaz de defender as conquistas sociais e lutar de maneira eficaz contra retrocessos, como os que vêm sendo impostos ao país e ao povo desde o golpe de 2016”.

Saudando o partido do trabalhador brasileiro durante 42 anos e com mais de 1,5 milhão de filiados, a ex-presidenta Dilma Rousseff celebrou o aniversário lembrando da resiliência da legenda, que cresceu “mesmo diante do maior massacre midiático contra um partido político no Brasil”.  Segundo a petista, “por causa do PT, o Brasil teve pela primeira vez um operário e uma mulher na Presidência”.

Legado

Dilma salientou que será com a força e a vontade do povo que o PT voltará a governar. “O PT é o responsável pela maior redução da desigualdade em nosso país ao longo de toda a história”, disse, destacando programas e políticas revolucionários nas áreas sociais, como o Bolsa Família.

Foi ainda obra do PT, continuou, o aumento do salário mínimo, a criação de quase 20 milhões de empregos, resultando na baixa mais taxa de desemprego da história, 4,8%. Além disso, houve “o maior acesso de todos os tempos do trabalhador à universidade, a distribuição de 2,7 milhões de casas, o resgate de 36 milhões de pessoas da miséria e a retirada do Brasil do Mapa da Fome”, elencou Dilma. “Venceremos porque temos uma alternativa concreta de realizações para mostrar. Vida longa ao PT”, festejou.

Militância

O ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ressaltou a importância da militância para que o PT superasse todos os ataques de que foi alvo nos últimos anos. “Essa violência toda só não provocou um estrago no Partido dos Trabalhadores porque a base, a militância, aqueles que idealizaram e construíram esse partido, jamais esqueceram pelo que lutavam”, observou.

Haddad lamentou que, no intuito de destruir o PT, tenham destruído também o país. “O estudante está com dificuldade de estudar, o trabalhador, com dificuldade de trabalhar e a família, com dificuldade de comer”, descreveu. Mas se o Brasil se encontra assim, há um partido vivo e disposto a reconstruí-lo. “Nós estamos aqui de pé, de cabeça erguida, e sabemos a tarefa histórica que nos compete. E, com nossos aliados, vamos enfrentar o nosso maior desafio: derrotar o fascismo e recolocar o Brasil na trilha do desenvolvimento sustentável, com inclusão.” 

Segundo Haddad, o Brasil tem a chance, agora, de se reerguer com um projeto de desenvolvimento construído com a participação de toda a sociedade. “Temos um exército de jovens que entraram na universidade, que estão nas escolas técnicas e estão ansiosos para participar da vida econômica e política do país. Graças ao presidente Lula, temos uma geração de tipo novo: negros, mulheres, brancos, indígenas, todos dispostos a colocar a mão na massa para reconstruir o Brasil. Vamos viver, mais uma vez, com mais profundidade, a experiência de construção de um projeto nacional, finalmente, com a participação total do povo brasileiro, de todo o povo brasileiro”, afirmou, antes de desejar: “Vida longa ao Partido dos Trabalhadores!”.

Sonho de gerações

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, afirmou, por vídeo, que era petista antes da fundação do PT, um partido que foi, durante muito tempo, sonhado por vários brasileiros. “O PT era um sonho de muitas gerações, do movimento estudantil, do movimento de professores, da luta pela terra, da luta sindical, das comunidades de base e de intelectuais que estavam na fronteira do conhecimento, como Paulo Freire, Paulo Singer, Florestan Fernandes, Antonio Candido, que ajudaram a construir esse sonho e esse projeto tão transformador na história do Brasil”, lembrou.

Hoje, ressaltou, o PT representa a luta contra o negacionismo, o obscurantismo e o atraso. “Nós representamos a possibilidade de combater a desigualdade, de fazer a inclusão social, de fazer mais políticas públicas, como a educação, a saúde, a cidadania e a participação. Por tudo isso, cada um de nós tem que dar o melhor de si. Vamos nos dedicar, agora, a apresentar o caminho de reconstrução e de transformação do Brasil.”

Da Redação da Agência PT

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