“Aquele discurso de que Doria seria um gestor não é verdade”, disse o presidente municipal do PT, Paulo Fiorilo. Manifestantes realizaram ato hoje para rechaçar agenda de concessões e privatizações
São Paulo – “Doria, que se diz trabalhador, vê sua máscara cair a cada dia. Ele está se mostrando um mentiroso. Se diz gestor, mas não é nada disso. Ele quer abrir mão de sua responsabilidade como prefeito, largando mão do patrimônio da cidade para a iniciativa privada”, afirmou o deputado estadual Alencar Santana (PT), em manifestação contra os projetos privatistas de autoria do prefeito da capital, João Doria (PSDB). Marcaram presença no ato de hoje (1º), que começou às 14h, lideranças políticas de oposição e movimentos organizados da sociedade civil.
Por volta das 14h30, os manifestantes tomaram totalmente o Viaduto Jacareí, no sentido Praça da Sé, em frente à Câmara dos Vereadores, que retomou as atividades hoje, após o recesso parlamentar. Os planos de autoria da gestão tucana rechaçados pelos protestos são: Projeto de Lei (PL) 364, que autoriza a concessão do Estádio do Pacaembu; o PL 367, que prevê uma série de privatizações e concessões, dentro do chamado “programa de desestatizações”; e o PL 404, que autoriza a venda de imóveis públicos com área igual ou inferior a 10 mil metros quadrados.
Os projetos já foram aprovados pelos vereadores em primeiro turno e, agora, devem passar por nova rodada de votações, ainda em agosto. Para os manifestantes, a Câmara estaria “dando um cheque em branco” para Doria vender o patrimônio público. “Esse ato vem dar um recado dos movimentos sociais para o prefeito que tem como pauta principal a privatização da cidade. Aquele discurso das eleições de que ele seria um gestor não é verdade. Está mais para um corretor de imóveis que vende a cidade para a especulação imobiliária”, disse o presidente municipal do PT, Paulo Fiorilo.
A vereadora do Psol Sâmia Bomfim defende que projetos que viabilizem alienação do patrimônio público devam passar por consultas populares, e criticou cortes promovidos pela gestão. “Doria enganou a população. O símbolo que ele faz de ‘acelera’ era, na verdade, uma tesoura. Quando assumiu, cortou na Saúde, na Educação, na Cultura, no passe livre estudantil, cortou remédios e cortou serviços de assistência social. Esse é o prefeito que temos, ele corta tudo, menos de um setor, o dos seus amigos empresários. Para eles, ele dá presentes como o nosso patrimônio e nossas riquezas”, disse.
A ativista Isa Penna, do Movimento Rua, que foi candidata à vereança em 2016 pelo Psol, também criticou o trato diferenciado de Doria com o empresariado. “Doria fala que precisa privatizar porque não tem dinheiro. Agora, empresas como o Santander e o Itaú devem bilhões para São Paulo. Essa é a briga, a conta não deve ser paga pelo povo. Quando deixamos de pagar uma conta de luz, cortam nossa luz. Agora, as empresas devem há mais de 23 anos e alguém já viu algum banco fechado”, criticou.
O coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e membro da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, disse que já esperava tais ações por parte do governo tucano. “Fizemos atos contra Doria desde o começo de janeiro porque prevíamos que seria uma gestão de privatizações e de ataques à políticas públicas. Mas ele se engana. São Paulo não é uma mercadoria, nem está à venda. Esse plano de privatizações é covarde, mas vamos resistir, porque não admitimos. Temos que pressionar e denunciar o Doria de que as ações dele têm como objetivo vender uma mercadoria, na concepção dele, livre de pobreza.”
Muitos dos ativistas presentes ligam as ações de Doria como parte de uma conjuntura política nacional. “Em Brasília, temos um golpista tirando direitos dos trabalhadores como nunca vimos antes. E esses projetos têm seus parceiros. Aqui em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito João Doria. Eles dão respaldo político para estes projetos. Para eles, tanto faz se o presidente Michel Temer (PMDB) cair, eles querem apenas assegurar que lá esteja qualquer um que ataque a classe trabalhadora”, disse o vereador Toninho Vespoli (Psol).
Alencar também segue na mesma linha para criticar o prefeito. “As ações de Doria se repetem em outros espaços de governo. Temer está entregando a Petrobras a preço de banana. Alckmin quer entregar linhas de metrô e CPTM da mesma maneira. Então, é uma luta de todos. Doria faz a política tucana da desigualdade e da exclusão social. É um governo que trabalha para uma minoria e exclui os trabalhadores e quem mora nas periferias.”
Fonte: Gabriel Valery, da RBA