Crise da Cantareira se agrava em São Paulo

Níveis da reserva estão praticamente restritos ao volume morto do reservatório

Nem a chuva dos últimos dois dias conseguiu reverter o quadro de queda do nível de água da Reserva do Cantareira. Apesar do índice pluviométrico de julho ter subido para 22,1 mm, o volume armazenado  chegou à marca de 18,7%, na manhã desta quinta-feira (10). O número está cada vez mais próximo do correspondente ao volume morto.

Com o acréscimo da reserva técnica, o Cantareira ganhou 182,5 bilhões de litros de água, no dia 15 de maio. Isso equivale a 18,5% sobre o volume total de 982,07 bilhões de litros do Sistema. Em outras palavras: sem as águas da reserva morta, o Cantareira estaria praticamente seco.

Uma das medidas adotadas pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para reduzir a retirada de água do sistema foi aumentar a exploração de outros reservatórios interligados ao Cantareira.

É o caso do Sistema Alto Tiete, segundo maior reservatório do estado. Em julho do ano passado, o nível das represas era de 63,6%. Hoje, o Alto Tietê está operando com apenas 24,1% de sua capacidade total, consequência da seca e do aumento da vazão de retirada do sistema, que subiu de 10  para 15 metros cúbicos por segundo.

Os efeitos desse problema há muito repercutem na população. Milhares de paulistanos registraram falta de água por longos períodos, levantando a suspeita de racionamento, o que não foi reconhecido pela gestão dos tucanos.

Em pesquisa Datafolha realizada no final de maio, um terço da população afirmou ter sofrido falta de água. Para o prefeito de Embu e presidente do Comitê da Bacia hidrográfica do Alto Tietê, Chico Brito, Alckmin,ao não declarar racionamento, está evitando ser chamado de incompetente.

“O governo do estado já deveria ter decretado racionamento, pois milhares de famílias já estão sem água na torneira”, afirma.

“Em vez disso, a Sabesp desliga a rede, dizendo que está fazendo manutenção, quando na verdade, está sonegando água da população”, criticou.

Com a integração, um sistema se alimenta do outro para haver equilíbrio. “Entretanto há um limite“, lembra Brito.

Segundo cálculos de especialistas, com o atual volume de retirada do Alto Tiete, em novembro o volume desse sistema também estará esgotado.

A Sabesp informou em nota que espera que o período de chuvas, que vai de outubro a março, ajude a normalizar os níveis dos mananciais e afirmou estar preparada para garantir o abastecimento da região metropolitana de São Paulo até meados de março de 2015.

Entretanto, se o Cantareira continuar apresentando queda diária de 0,2 pontos percentuais, como tem ocorrido nos últimos 20 dias, o sistema estará completamente esgotado ainda em outubro.

Fonte:  Camila Denes, da Agência PT de Notícias

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