Lideranças do PT e ministros repudiam ataque misógino contra Marina Silva

Alessandro Dantas

Lideranças do Partido dos Trabalhadores e ministros do governo levantaram suas vozes contra os ataques misóginos sofridos pela ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA), Marina Silva, durante audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado, na terça-feira (27). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também prestou solidariedade à ministra e repudiou o desrespeito sofrido por ela.

Após o episódio, o presidente Lula ligou para a ministra e destacou que ela acertou em se retirar de um ambiente em que estava sendo atacada e vítima de machismo por parte de alguns parlamentares. Durante o debate na audiência pública em que estava como convidada, a ministra ouviu do presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), para se “pôr no seu lugar”. Já o senador Plínio Valério (PSDB-AM) disse respeitava “a mulher, mas não respeitava a ministra” Marina Silva.

Mesmo diante da agressão, Marina Silva, conhecida globalmente por sua trajetória de luta em prol do meio ambiente, não recuou e rebateu os ataques. “O que eles esperavam da minha parte era uma atitude de resignação, de concordância, de deixar desqualificar a agenda ambiental”, afirmou Marina em entrevista à CNN. “Me senti agredida, mas não intimidada”, acrescentou. A ministra destacou que deve ser respeitada e que não é uma mulher submissa.

Reação

Diversos senadores e senadoras saíram em defesa da ministra e se posicionaram contra a misoginia. Uma das falas mais contundentes foi a da senadora Teresa Leitão (PT-PE). Ela afirmou que o vivido no colegiado pela senadora Marina Silva foi a repetição de todas as falas machistas que as mulheres ouvem ao longo de suas vidas.

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“Quero me deter em uma frase que foi dita, que é muito dita a nós mulheres por homens que têm atitudes machistas e perspectiva misógina – parece-me que é o caso de alguns que lá estavam -, dizer a uma mulher: ‘Ponha-se no seu lugar, volte para o seu lugar’. Isso é a imagem do machismo”, destacou a senadora.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) também defendeu a ministra do meio ambiente, dizendo ser inadmissível ser dito a um convidado de comissão, “Não a respeito como ministra”, como fez Plínio Valério.
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, disse ser lamentável que ataques de misoginia sejam promovidos pelos próprios parlamentares, contra uma ministra de Estado.

“Não é aceitável na sociedade brasileira e não é aceitável e compreensível sobretudo aqui no Parlamento, que tantos passos já deu no combate à misoginia, no combate ao machismo. Sobretudo, nós, homens, devemos nos comportar, devemos, diante desse machismo estrutural que está presente na sociedade brasileira e presente aqui no Senado, deveríamos nos comportar para dar exemplo”, avaliou.

Os senadores também apontaram que, no ambiente democrático, é bem-vindo o debate de ideias e a existência de divergências. Mas, o desrespeito ocorrido com a ministra Marina Silva ultrapassa todos os limites.

“Todos nós temos o direito de ter opiniões divergentes, devemos respeitar as opiniões divergentes, mas, acima de tudo, nós temos o dever e a responsabilidade de tratar, com o máximo respeito, quem quer que seja”, disse o senador Humberto Costa (PE), presidente do PT.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) enfatizou que a divergência é importante no debate político, mas deve ocorrer “no âmbito da respeitabilidade, da serenidade, da sobriedade”. Por fim, o senador Beto Faro (PT-PA) afirmou que o fato de existir divergência com a defesa do meio ambiente empreendida por Marina Silva não dá a ninguém, mesmo que um senador, o direito de desrespeitá-la da forma como ocorreu hoje.

O senador Paulo Paim (PT-RS) utilizou as redes sociais para manifestar solidariedade à ministra Marina Silva e classificar o ocorrido como “lamentável”.

Comportamento inadmissível

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, divulgou nota em que manifesta “total solidariedade do governo do presidente Lula. “Inadmissível o comportamento do presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério, e do senador Plínio Valério, na audiência de hoje com a ministra @marinasilvaoficial. Totalmente ofensivos e desrespeitosos com a ministra, a mulher e a cidadã. Manifestamos repúdio aos agressores e total solidariedade do governo do presidente Lula à ministra Marina Silva”, disse.

A primeira-dama Janja Lula Silva reforçou que Marina “implantou políticas que contribuíram significativamente para o combate ao desmatamento em nosso país, e seu dedicado trabalho torna o Brasil cada vez mais referência nas ações de combate às mudanças climáticas”.

“Sua bravura nos inspira e sua trajetória nos orgulha imensamente. Uma mulher reconhecida mundialmente por sua atuação com relação à preservação ambiental jamais se curvará a um bando de misóginos que não têm a decência de encarar uma ministra da sua grandeza”, destacou Janja.

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A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, também se manifestou: “Como mulher negra, como ministra, como companheira de esplanada, sinto profundamente cada gesto de desrespeito como se fosse comigo. Porque é com todas nós. A violência política de gênero e raça tenta nos calar todos os dias, mas seguimos em pé, de mãos dadas, reafirmando que não seremos interrompidas. Toda minha solidariedade, Marina. Seguimos juntas”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a história de Marina Silva e sua importância para a política ambiental. “A Ministra Marina Silva tem uma vida dedicada à defesa do meio ambiente e à justiça social. É uma liderança reconhecida mundialmente por sua trajetória de luta pelo bem-estar do planeta e do povo brasileiro. Todo meu respeito e solidariedade à Marina Silva”, ressaltou.

Na Câmara

Deputadas e deputados também se levantaram contra o desrespeito com a ministra na comissão do Senado. A deputada Lenir de Assis (PT_RS) exigiu que ocorra retratação por parte dos agressores. “É lamentável o que aconteceu. E nós exigimos a retratação dos senadores envolvidos nos ataques misóginos contra a ministra Marina Silva”, afirmou.

Ela enfatizou que isso não pode se repetir. “Marina Silva é uma liderança política das mais respeitadas, mundialmente conhecida na sua defesa pela luta ambiental. A ministra, mulher, foi agredida covardemente. Nosso repúdio aos senadores e a nossa solidariedade à nossa ministra”, reiterou.

A deputada Dandara (PT-MG) enfatizou que a ministra Marina Silva tem uma vida inteira dedicada à luta ambiental. “Mas que infelizmente foi duramente atacada, no dia de hoje, no Senado Federal”, lamentou. Para a deputada, os ataques desferidos contra Marina são ofensas a todas as mulheres. “São ataques tentando desqualificar nossa presença na política, são tentativas constantes de silenciamento. Basta de violência política de gênero! Viva a ministra Marina Silva e toda a sua luta em defesa do planeta, em defesa da vida, em defesa da nossa sociobiodiversidade!”.

“Ministra Marina, estamos com a senhora!”, afirmou a deputada Natália Bonavides (PT-RN) ao manifestar solidariedade a Marina Silva. Para a parlamentar, a ministra se coloca no lugar dela. “E o lugar dela é como referência internacional na pauta ambiental, reconhecida e aplaudida por especialistas de todo o mundo. A luta dela, assim como o seu cargo, devem ser respeitados”, defendeu.

O deputado Josias Gomes (PT-BA) considerou o episódio lamentável. “Quero trazer a minha solidariedade, com bastante veemência, diante do lamentável episódio ocorrido na Comissão de Infraestrutura do Senado, presidida pelo senador Marcos Rogério, onde a Marina Silva foi alvo de uma atitude desrespeitosa e ofensiva. “Esse fato não pode ficar em silêncio. Nós não podemos tolerar tamanho absurdo que foi cometido hoje no Senado Federal. Por essa razão, apresento aqui a minha total solidariedade à ministra”.

E o deputado Reimont (PT-RJ) foi enfático: “Não se trata ninguém com a grosseria com que o senador Marcos Rogério a tratou, muito menos uma mulher da estatura de vossa senhoria. Nossa total solidariedade e repúdio ao ato do senador”.

Da Redação da Agência PT, com informações do PT no Senado, PT na Câmara e Agência Gov

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