A política de dolarização de preços adotada pela Petrobras após o golpe de 2016 continua sendo o principal combustível da carestia no país. Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indexador oficial da inflação, subiu 0,87%, maior alta para o mês desde 2000. A gasolina, que subiu 2,80%, foi o item com maior impacto individual (0,17 p.p.). O IPCA acumulado em 12 meses chegou a 9,68%, com alta em todas as regiões metropolitanas pesquisadas.
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados sofreram alta de preços. A maior variação (1,46%) e o maior impacto (0,31 p.p.) vieram dos Transportes, que contribuiu sozinho com mais de um terço do IPCA do mês. O resultado foi influenciado principalmente pela alta dos combustíveis (2,96%), acima da registrada em julho (1,24%). Além da gasolina, os demais combustíveis também subiram: etanol (4,50%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%).
“O preço da gasolina é influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a política de preços da Petrobras. O dólar, os preços no mercado internacional e o encarecimento dos biocombustíveis são fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final“, explica o analista da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Filipe Guedes Almeida. Segundo ele, em 2021 a gasolina acumula alta de 31,09%, o etanol 40,75% e o diesel 28,02%.
A exemplo de meses anteriores, a segunda maior contribuição (0,29 p.p.) ao IPCA veio de Alimentação e bebidas (1,39%), mais que o dobro do aumento de julho (0,60%). O índice de difusão – o quanto os aumentos se espalharam pelos vários itens pesquisados – chegou a 72%, marca só atingida em dezembro do ano passado, quando os preços dos alimentos fugiram ao controle do desgoverno Bolsonaro.
A alimentação no domicílio passou de 0,78% em julho para 1,63% em agosto, principalmente por conta das altas da batata-inglesa (19,91%), do café moído (7,51%), do frango em pedaços (4,47%), das frutas (3,90%) e das carnes (0,63%).
No grupo Habitação (0,68%), a alta foi puxada principalmente pela energia elétrica (1,10%), sob a influência da bandeira tarifária vermelha patamar 2. Em julho, a tarifa sofreu reajuste de 52%, passando a adicionar R$ 9,492 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Os preços do gás encanado (2,70%) e do gás de botijão (2,40%) também subiram.
A cobrança da bandeira vermelha patamar 2 valeu para julho e agosto, e a partir de 1º de setembro os lares brasileiros já encaram novo aumento nas contas de luz, com a adoção da “nova” bandeira de “escassez hídrica”, que na prática elevou a cobrança adicional para R$ 14,20. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avisou que essa bandeira vai perdurar, pelo menos, até 30 de abril de 2022, pressionando a inflação no período.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos, teve alta semelhante à do IPCA: 0,88% em agosto. Mas no ano o indicador acumula alta de 5,94%, e em 12 meses, de 10,42%, acima dos 9,85% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Para essa faixa de renda, os produtos alimentícios subiram 1,29% em agosto, ficando acima do resultado de julho (0,66%). Já os não alimentícios tiveram alta de 0,75%, enquanto em julho haviam registrado 1,13%. Já a alimentação fora do domicílio (0,76%) também acelerou em relação a julho (0,14%), principalmente por conta do lanche (1,33%) e da refeição (0,57%). Todas as regiões metropolitanas registraram alta dos preços.
Da Redação da Agência PT