“Nós estamos perdendo vidas todo o santo dia por causa do presidente da República. Nós estamos perdendo empregos por causa do presidente da República”, denunciou o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação durante entrevista ao programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, exibido nesta segunda-feira (6). Haddad lembrou que durante a campanha eleitoral de 2018, alertou que o Brasil corria riscos com a eleição de Bolsonaro.
“O Brasil perdeu ao eleger Bolsonaro, uma pessoa sem nenhum compromisso com a democracia e com a gestão pública”, afirmou Haddad. “Diante da pandemia, nós temos a pior gestão da crise do mundo em termos de saúde pública e econômicos”, destacou ele. “O Brasil está descobrindo que Bolsonaro é incompetente em um momento de dor”, disse.
“Eu não sei se é sadismo, falta de empatia, uma demonstração tola de autoridade, não sei o que se passa na cabeça de uma pessoa tão desequilibrada quanto Bolsonaro”, advertiu Haddad citando o recente e descabido veto presidencial ao uso de máscaras. Ele lembrou da subserviência de Bolsonaro a “uma pessoa”, no caso, o presidente norte-americano Donald Trump.
Economia em frangalhos
Para Haddad, Bolsonaro não tem condições de projetar alternativa econômica para o país. Segundo ele, “a economia do Brasil já vinha em frangalhos”. O petista lembrou que a economia já estava em retração econômica antes da pandêmia. De acordo com Haddad, Guedes não quer admitir, mas a economia não estava a “um milímetro do paraíso”, ironizou Haddad, que também é economista.
Ele afirmou não acredita no discurso “paz e amor” de Bolsonaro, aparente mudança de comportamento adotada após a prisão de Fabrício Queiroz. Para ele, Bolsonaro adota um método fascista de governar, desvirtuando a religião, fazendo uso “sádico e pervertido” da sexualidade, negando a ciência e fazendo uso das fake news.
Na entrevista, Haddad destacou ainda o protagonismo do Partido dos Trabalhadores na oposição ao governo Bolsonaro. “As poucas boas notícias que temos para dar vieram da oposição. Quando o governo assinou o auxílio emergencial com R$ 200 por mês por família, foi a oposição que conseguiu R$ 600, não o Guedes ou Bolsonaro”, disse. Haddad defendeu a extensão do auxílio emergencial com o valor integral até o final do ano. “Nós não sabemos o que vai da economia pós-pandemia se não tiver um amparo para as famílias, para que possam se adaptar aos novos tempos”, reafirmou.
Protagonismo na oposição
Ele ainda lembrou do papel do PT na defesa na luta contra a reforma da Previdência. “Também impedimos a reforma da previdência com capitalização. É um grande legado que nós deixamos. Iriam deixar na miséria milhões de velhos no Brasil. Hoje a extrema pobreza entre os velhos no Brasil é pequena. Por que? Porque houve, sistematicamente, um trabalho [nos governos petistas] de amparo à velhice que mudou o quadro social brasileiro”, afirmou.
Diante do caos instalado na sociedade, ele defendeu uma frente ampla para proteger o Brasil do atual presidente. “Bolsonaro não tinha condições. Mas fazer o quê se Fernando Henrique Cardoso anulou o voto, se Ciro Gomes preferiu ir pra Paris””, perguntou Haddad respondendo a uma pergunta sobre as eleições de 2018. Ele defendeu que Lula tenha seus direitos políticos recuperados para que seja candidato do partido em 2022. “Se ele quiser (ser candidato), por mim, será candidato”.
Ao ser questionado sobre a participação de Sérgio Moro na frente ampla, Haddad defendeu a sua suspeição sobre a ação do ex-juiz contra o ex-presidente Lula. “Não consigo ver hipótese da ação de Moro não ser considerada suspeita, contra o Lula”. Para o petista, “Moro não cumpriu sua missão de juiz, usou seu cargo de juiz para começar a vida pública na política”. “Isso não é atitude de um democrata”, disse.
Haddad também denunciou o processo fraudulento do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. “O que aconteceu é muito grave. Construíram uma tese de impeachment de trás para frente. Tomaram a decisão de fazer o impeachment da Dilma no dia da vitória. E começaram a construir a tese depois. Não dá pra ser assim, não pode ser assim. Nós não queremos meia verdade, queremos a verdade toda”.
O ex-ministro da Educação ainda criticou o papel da grande mídia em torno dos principais temas da agenda do país. “Caem três ministros da Educação e eu sequer sou chamado para opinar sobre isso”.
Veja a íntegra da entrevista:
Agência PT
Foto: Reprodução