O ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Augusto Heleno, autorizou a exploração de ouro em uma região inalterada da maior floresta tropical do mundo. Heleno também é secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional, órgão que aconselha o presidente em assuntos de soberania.
A região que abriga 23 etnias indígenas é praticamente intocada e fica na localidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), na fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. O garimpo beneficia sete projetos encaminhados pela Agência Nacional de Mineração (ANM). A medida foi duramente criticada por parlamentares do PT na Câmara dos Deputados.
A autorização aconteceu logo após a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), na Escócia, sem presença de Bolsonaro, em que o desmatamento elevado e constantes violências contra a população indígena foram denunciadas.
Exploração desenfreada e ilegal
Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, as primeiras autorizações para empresas e empresários pesquisarem ouro na região de São Gabriel da Cachoeira foram dadas em 2021, levando-se em conta o levantamento feito nos atos dos últimos dez anos.
O levantamento mostra que Heleno concedeu 81 autorizações de mineração na Amazônia desde 2019, entre permissões de pesquisa e de lavra de minérios. A maior quantidade foi em 2021: 45, conforme atos publicados até o último dia 2, sendo essa a maior quantidade num ano desde 2013. O número pode aumentar, pois pode haver novos atos em dezembro.