General da Saúde compromete Forças Armadas com crimes de Bolsonaro contra a população

A carta de intimidação do Comando Geral do Exército à revista Época, que publicou um artigo crítico do jornalista Luiz Fernando Vianna, é mais uma evidência dos graves desvios a que estão sendo levadas as Forças Armadas do Brasil, pelo comprometimento político de comandantes das instituições militares com o governo de Jair Bolsonaro.

O artigo refere-se a episódios históricos, que não podem ser negados nem esquecidos, e os relaciona a uma trágica realidade dos tempos atuais: a criminosa conduta do governo federal na pandemia que já matou mais de 200 mil brasileiros e brasileiras, pela qual é corresponsável um general do Exército que conduz o Ministério da Saúde sem ter preparo, vocação nem qualificação para o cargo.

O general-ministro da Saúde tornou-se o símbolo mais visível de um processo de partidarização que contamina as Forças Armadas a partir do topo. Ao compactuar com as investidas autoritárias do presidente – ele mesmo um ex-capitão que desonrou o Exército Brasileiro – e emprestar suas patentes para sustentar um governo de destruição nacional, estão lançando as instituições militares num grave desvio histórico e de seus limites constitucionais.

Partido dos Trabalhadores, que nasceu enfrentando a ditadura, governou o Brasil no exercício cotidiano da democracia, respeitando e fazendo ser respeitada a Constituição por civis e militares, comandantes e comandados. Hoje, na oposição, é nosso dever alertar a sociedade para os riscos e ameaças que este governo representa e cobrar dos comandantes militares o mais estrito respeito à missão e aos limites que a sociedade brasileira democraticamente conferiu às instituições militares.

A História registra e registrará sempre a atuação das Forças Armadas do Brasil na integração territorial, na defesa das fronteiras e do patrimônio nacionais, na guerra contra o nazifascismo, no apoio às populações isoladas, no desenvolvimento tecnológico do país; enfim, todos os momentos em que as Forças cumpriram sua missão constitucional e o relevante papel que lhes cabe numa sociedade democrática. É dessa forma que as instituições militares se fazem respeitar.

A História também registra os períodos em que as Forças Armadas ou parte de seus integrantes desviaram-se desta missão. É dessa forma, conhecendo a verdade, que tanto os militares quanto os civis poderão evitar a repetição de erros e crimes contra a democracia e os direitos humanos. A História não perdoará, como jamais perdoou, quem tenta se colocar acima das instituições e da Constituição que jurou defender e obedecer.

Brasília, 19 de janeiro de 2021

GLEISI HOFFMANN, presidenta nacional do PT
ENIO VERRI, líder do PT na Câmara dos Deputados
ROGÉRIO CARVALHO, líder do PT no Senado Federal

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