Fora Bolsonaro Não É Entra Mourão

Reprodução PT Nacional

No que tange ao impeachment é preciso ser categórico: Fora Bolsonaro não é, nem deve ser, entra Mourão.

E se assim fosse seria trocar seis por meia dúzia; uma mera troca de patentes, mais do mesmo, em que se afastaria um capitão para empossar um general.

Alguns, até bem intencionados procuram esquivar-se deste tema por considerá-lo desconcertante, outros com receio de possível embaraço advindo desta lebre levantada, alegam que não se deve, neste momento, enveredar por assunto tão controverso.

E, no entanto, não há nada mais palpitante do que toda a esquerda compreender a necessidade de radicalizar esta palavra de ordem e que, na verdade, é menos desconcertante e controversa do que se possa supor, quando – a cada dia – tal radicalização se mostra imprescindível para o Brasil.

Reitero: Fora Bolsonaro não é entra Mourão. Isto porque, ambos defendem a implantação do mesmo projeto neoliberal genocida e que cotidianamente traz ao país o retorno de índices alarmantes de desemprego, miséria e fome.

E, ainda que discorde daqueles que pelo fato de um tema ser considerado desconcertante ou controverso, não deva ser, por isso, matéria debatida, advirto: eu faço questão de demolir consensos mal estabelecidos e, com isso, com destemor alegre e implacável implodir palácios de comodismo político ou inaceitáveis futuros arranjos de cúpula.

Não resta dúvida que se a esquerda não trazer à sociedade, este assunto à tona, constituir-se-á um erro capital e, no entanto, tal equívoco ainda pode ser impedido e é, justamente, para desalojar de nossas “almas”, certos consensos mal formulados e, por isso, mal interpretados e estabelecidos, que suscito aos humanistas de esquerda, que renunciem suas zonas de conforto e problematizem a palavra de ordem Fora Bolsonaro, não em função de sua legitimidade – porque é legítima, de fato – mas, por suas consequências previsíveis e indesejáveis, na eventualidade de não se sinalizar desde já a esta remoção, uma alternativa categórica.

Daí porque, o tema do impeachment exige um posicionamento não só coerente com os últimos acontecimentos políticos, mas, sobretudo, a adoção de um radicalismo integral que proclame categoricamente que: a conciliação de classes, neste novo contexto histórico, não beneficia a classe trabalhadora e, portanto, deve ser abolido – de pronto – qualquer suspiro saudosista de um pacto social, que vigorou até o golpe parlamentar de 2016.

Por isso, a mim, que sou radical ao extremo ( mas, não me confundam, não sou o extremo do radicalismo), não considero nem desconcertante, nem controverso, assumir esta posição clara, definida, categórica: Fora Bolsonaro, não é entra Mourão.

Antes de mais nada é preciso ser forte e reconhecer que: o pacto político de governabilidade de 1988 foi, unilateralmente, rompido pelas classes dominantes e insistir em retomar, também de forma unilateral, aquele pacto é adotar uma conduta política cuja consequência mais imediata, será a de impossibilitar – a curto e médio prazo – com que os trabalhadores possam reaver seus direitos violados.

Em seguida, é necessário entender que o Brasil, em virtude do acirramento da luta de classes, tem apenas dois projetos totalmente distintos a seguir: ou irá continuar na vereda do extremismo radical elitista ou deve enveredar pelo extremo radicalismo popular.

Neste sentido, ao extremismo genocida das elites – penso – deve-se com celeridade contrapor o extremo radicalismo humanitário popular, cuja perspectiva deverá ser a constituição a longo prazo de uma ampla frente de esquerda, com o objetivo categórico de defender a soberania nacional e impedir a vitória, no Brasil, da implantação do projeto neoliberal representado pelos extremistas (Bolsonaro/Mourão/ Doria, por exemplo).

Com isso, enquanto, por um lado, se faz uma oposição contundente – o que não inviabiliza determinadas alianças pontuais em questões de “menor” importância – por outro lado, é necessário o retorno às bases para formar as pessoas e acumular forças com o intuito de, em dado momento histórico, fazer prevalecer o extremo radicalismo popular em oposição ao extremismo radical das classes dominantes.

E ser radical ao extremo consiste não só em obstruir o avanço da agenda conservadora no país, bem como significa também revogar todo o ataque e saque desferido contra os direitos dos trabalhadores, desde a Reforma Trabalhista até a Reforma da Previdência.

Em um projeto político-social desta envergadura, não há espaços para capitães, generais, militares.Nem investidores financeiros, empresários, latifundiários, nem da imprensa hegemônica ou ainda, aqueles cordeiros da bancada da Bíblia. Daí porque, Fora Bolsonaro designa por extensão, apear do poder todos os golpistas.

Deste modo, o extremo radicalismo é só um termo de impacto para nomear o aprofundamento das transformações sociais, que a gestão petista logrou com êxito, enquanto esteve incumbida de conduzir o país, o que fez – no conjunto da obra – de forma extremamente eficiente, aliando a responsabilidade social ao desenvolvimento econômico e humano.

Com efeito, deve-se, simultâneamente, defender o legado petista e denunciar o bárbaro projeto do extremismo neoliberal representado por Covas, Doria e Bolsonaro.

Antes, em tom conciliador de paz e amor, Lula, dirigiu este país que deverá, ainda que tardiamente, reconhecer-lhe e ao Partido dos Trabalhadores, o muito do avanço social que houve.

Agora, em tom radical de paz e amor caberá, a Lula, ou – penso – liderança do PT por ele designada, retomar o trilho do desenvolvimento econômico e humano visando aprofundar a radicalidade das transformações já feitas, a fim de promover-se um novo patamar do desenvolvimento social.

Daí resulta que: a palavra de ordem Fora Bolsonaro radicalizada deve ser entendida, não apenas como remoção de Bolsonaro, Mourão e militares como um todo, mas também, ao mesmo tempo, deve estar associada a ideia do Volta Lula ou da liderança petista que ele indicar, ou dito de forma concisa: Volta PT.

Por fim, Fora Bolsonaro não é Entra Mourão.

Fora Bolsonaro deve significar tão somente e radicalmente de forma categórica: Volta Lula e Volta PT.

Charles Gentil
Presidente do Diretório Zonal PT do Centro. Integrante do Democracia e Luta. Coordenador do Comitê Popular Antifascista Ponte Rasa Pela Democracia e Lula Livre.

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