Esquerda mobiliza população a ir às urnas no Chile onde voto não é obrigatório

Foto: @lente_na_rua_

O PT São Paulo conversou com o professor de ciências sociais, o chileno Pablo Raimers sobre o processo eleitoral no Chile que decidirá neste domingo (19) o novo presidente do País.

Gabriel Boric da coalizão Aprovo Dignidade, de esquerda, formada principalmente pela Frente Ampla (FA) e o Partido Comunista (PC), chegou ao segundo turno presidencial do Chile com 25,83% contra 27,91% de seu principal oponente, José Antonio Kast.

O resultado dessa eleição é bastante representativo, pois é a primeira vez desde a democratização do Chile em 1990 que não participam da disputa os partidos tradicionais de centro esquerda e centro direita. O candidato do atual governo obteve somente 12% dos votos.

Para entender a conjuntura eleitoral no Chile, Raimers aponta três questões fundamentais: O fracasso dos partidos tradicionais, como o do atual presidente Sebastian Piñeira que teve seu candidato com apenas 12% dos votos; o voto é opcional, ou seja, não é obrigatório; e a fraude eleitoral.

No Chile qualquer pessoa que não é filiada pode se inscrever  e participar do processo de prévias para escolha dos representantes de esquerda ou direita, com isso, a direita se mobilizou para  participar do processo e votar no representante Gabriel Boric, a fim de tirar a possibilidade de candidatura de Daniel Jadue.

Daniel Jadue, do Partido Comunista chileno é uma liderança da esquerda que saiu muito fortalecida dos atos de 2019, que movimentaram fortemente todo o Chile.  As manifestações resultaram em um processo constituinte que elegeu mais de 80% dos representantes da esquerda.

O receio da direita de ver Daniel Jadue disputar o processo eleitoral em 2021 foi tão intenso que ela, de forma pragmática, abriu mão de eleger o principal representante da direita Joaquin Lavin, prefeito de La Conde, para se movimentar nas prévias e tirar o  representante mais popular da esquerda do pleito.

Hoje a esquerda está unida para derrotar a extrema direita representada pela candidatura de Kast, Daniel Jadue entrou de cabeça na campanha de Gabriel Boric.  O resultado dos último processos eleitorais, que tem ocorrido no Chile, mostram uma esquerda fortalecida no país.  A quantidade de parlamentares eleitos pelo bloco opositor à Piñeira no  primeiro turno e a representatividade eleitoral é bastante significativa, 50% das cadeiras.  A deputada que teve maior número de votos, Carol Cariola é do Partido Comunista. A grande representação da esquerda na Nova Constituinte como já mencionado ultrapassou a 80%.  Diante deste cenário, o principal desafio da esquerda agora é movimentar a população a ir às urnas.

Kast é filho de um oficial nazista, e mesmo tendo como qualquer pessoa, a opção de seguir um caminho diferente do pai, mostra ter também um perfil ultraconservador  de extrema direita. A eleição dele seria um grande retrocesso para um país que nos últimos anos tem avançado muito nas representações de esquerda e progressistas.

Diane Costa da Redação do PT São Paulo

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