Em São Bernardo, Lula retoma investimentos em educação superior, tecnologia e pesquisa

Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou nesta sexta-feira, em São Bernardo do Campo, a retomada de investimento em ensino superior no Brasil. Pela manhã, participou da inauguração do novo prédio da Universidade Federal do ABC (UFABC) no campus São Bernardo e à tarde visitou a nova fábrica e linha de produção da Eletra, responsável pela produção do primeiro ônibus elétrico com tecnologia nacional para transporte público.

Lula foi o primeiro Doutor Honoris Causa da instituição de ensino, reconhecimento por sua iniciativa de instituir, em 2005, essa que foi a primeira universidade pública do ABC, ainda em seu primeiro mandato como presidente da República.

O presidente afirmou que o “Brasil que a gente quer, a gente constrói” e que a educação é a base de tudo. “Eu tomei uma decisão: em nosso governo, quando se fala em fazer uma universidade, uma creche uma escola de ensino em tempo integral, a gente não pode mais utilizar a palavra gasto. A palavra tem de ser investimento”, defendeu.

Em seu discurso, Lula voltou a criticar a taxa de juros imposta ao Brasil pelo presidente do Banco Central de Bolsonaro, Roberto Campos Neto. “Gasto é a gente pagar 13,75% por juros para o sistema financeiro desse país. De tudo o que ele produz, 13,75% é gasto, o restante é investimento”.

Antes de dar sequência, Lula chamou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para falar. “O Haddad tem muito a ver com isso aqui. Ele foi o grande parceiro para a construção da nova universidade, de 175 campi e de quase 440 escolas técnica”, falou em referência ao período em que Haddad foi ministro da Educação em seu primeiro mandato.

“É um orgulho sempre visitar a UFABC. Quem viu nascer, a partir de um terreno baldio e depois crescer a cada ano. Hoje temos 20 mil estudantes. É muito interessante ver essa universidade, uma das mais produtivas do Brasil”, disse Haddad, lembrando que só com crescimento é possível acomodar as pressões legitimas da sociedade por serviços públicos de qualidade e oportunidades.

“O que permite, efetivamente, a mobilidade social. Você não tem como mudar esse país tão desigual se não for por meio de políticas vigorosas, sobretudo, na área da educação e saúde”, afirmou o ministro.

Retomando o discurso, o presidente afirmou que a UFBABC é resultado da visão, planejamento e investimento em educação em seu primeiro mandato como presidente da República e que os próximos três anos serão cruciais para ele. “A coisa mais importante que tenho que fazer na vida é provar, outra vez, que o torneiro mecânico sem diploma universitário vai consertar novamente esse país para o povo brasileiro”, disse.

Lula contou que ficou emocionado ao descer de helicóptero no Estádio da Vila Euclides, onde tudo começou. “Os mais velhos ou os que estudaram sabem o significado do Estádio do Estádio da Vila Euclides na redemocratização desse país, na politização da classe trabalhadora e na chegada de onde nós chegamos. Quase tudo aconteceu na Vila Euclides.”

O presidente falou ainda sobre a aprovação pelo Senado do projeto de igualdade salarial entre homens e mulheres, sobre a relação com o Congresso Nacional e da necessidade de diálogo com aqueles que não votaram no mesmo projeto.

“É importante que vocês saibam que não é só ganhar uma eleição. Você ganha uma eleição e depois precisa passar o tempo inteiro conversando para ver se você consegue aprovar uma coisa. É importante a correlação de forças no Congresso Nacional. A esquerda toda tem no máximo 136 votos, isso se ninguém faltar. Ou seja, nós para votarmos uma coisa simples precisamos de 257 votos”, ponderou.

E defendeu a democracia brasileira. “Eu hoje, aos 77 anos de idade, completei um ano de casado dia 18 de maio, estou muito mais otimista do que quando estava no primeiro mandato. Eu estou mais otimista de que o que aconteceu nesse país serviu de lição para a gente saber que a democracia não é pouca coisa. A democracia é um valor que não tem tamanho. Então, é a importância do exercício da democracia, e nós precisamos saber exercitá-la.”

Ao defender o crescimento do país, Lula afirmou que o ensino fundamental é a mola propulsora da educação brasileira. “Se a gente não tiver a criança do fundamental bem educada, o que ela vai fazer da vida? Então, eu só peço para vocês o seguinte: ajudem-nos a fazer essa revolução e o bem que o Brasil precisa. A educação dá o caminho, ela dá luz.”

A cerimônia contou com a participação do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, dos ministros da Educação, Camilo Santana, da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, da Fazenda, Fernando Haddad, de Portos e Aeroportos, Márcio França, do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, dos Transportes, Renan Filho, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, além demais autoridades como deputados federais, estaduais e prefeitos do ABC.

Novo prédio

O chamado Bloco Zeta de Laboratórios vai beneficiar cinco mil estudantes e conta com 22 laboratórios de pesquisa científica. Ao todo, foram investidos R$ 28,5 milhões por meio de recursos do governo federal, orçamento da própria universidade, Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Finep) e emendas parlamentares dos deputados federais Alencar Santana (PT), Ivan Valente (PSOL), Paulo Teixeira (PT), agora ministro do Desenvolvimento Agrário, e Vicentinho (PT).

Com sede em Santo André, a Universidade Federal do ABC foi instituída por meio da Lei nº 11.145, de 26 de julho de 2005, de autoria de Lula ainda em seu primeiro mandato como presidente da República. E mais tarde, expandida para São Bernardo do Campo, onde o então prefeito Luiz Marinho, hoje ministro do Trabalho e Emprego, adquiriu o terreno. O campus foi inaugurado em 4 de dezembro de 2013.

Da Redação 

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