Em 2023, o Brasil viu uma diminuição significativa no número de jovens nem-nem, aqueles que têm 15 e 29 anos e não estudam nem trabalham. Segundo o estudo Síntese de Indicadores Sociais 2024, divulgado pelo IBGE na última quarta-feira (4), a taxa de pessoas nessa situação caiu para 21,2%, representando 10,3 milhões de brasileiros. Em 2022, o percentual era de 22,3%, ou 663 mil pessoas a mais. Na comparação dos dois anos, trata-se de uma queda de 5,8%.
Esse é o menor valor para a série histórica, iniciada em 2012. Mas ainda se trata de um valor alto, pois é uma realidade que afeta quase ⅕ dos jovens no país, especialmente os originários de famílias pobres e as mulheres negras. No entanto, os dados do IBGE apontam uma melhora significativa em relação aos picos negativos observados entre 2016 e 2020, quando a taxa de nem-nem atingiu 28%, reflexo da recessão econômica, da pandemia e dos desgovernos Temer e Bolsonaro, que negligenciaram as camadas mais vulneráveis.
O deputado federal Lindbergh Farias (PT/RJ) divulgou os resultados em suas redes sociais, ressaltando que “o número caiu pra 10,3 milhões de jovens. O menor número tinha sido 11,2 milhões, em 2013″.
Os números refletem tanto a retomada do mercado de trabalho quanto o aumento da inserção escolar, iniciados com o retorno de Lula ao poder. Porém, é importante registrar que a diminuição dos nem-nem também foi influenciada pela redução da população jovem no país, o que altera a composição etária da sociedade.
Mulheres pretas e pardas: as mais afetadas
Embora o avanço seja evidente, o estudo revela desigualdades que ainda exigem atenção especial. Entre os jovens sem emprego e educação, mulheres pretas e pardas representam o maior grupo, com 4,6 milhões de pessoas, ou 45,2% do total. Em contraste, mulheres brancas somam 1,9 milhão (18,9%). Entre os homens, a maior concentração está entre os jovens pretos e pardos (2,4 milhões, ou 23,4%), o dobro dos homens brancos (1,2 milhão, ou 11,3%).
A maior vulnerabilidade das mulheres pretas e pardas reflete barreiras estruturais, que dificultam seu ingresso no mercado de trabalho. De acordo com a analista Denise Guichard Freire, do IBGE, “são mulheres que têm que ficar em casa, tomando conta de filho, de algum parente, que não têm alguma rede de apoio (…) que não conseguem nem ir em busca de uma colocação (…) São as pessoas para as quais devemos ter um olhar mais atento para políticas públicas”.
Desigualdade por renda
O recorte por renda também revela grandes disparidades. Nos domicílios dos 10% mais pobres, quase metade (49,3%) dos jovens eram nem-nem em 2023, um percentual alarmante que contrasta com os 6,6% registrados nos lares dos 10% mais ricos.
Essa assimetria entre os grupos socioeconômicos reforça a relevância de políticas governamentais de apoio, muitas vezes criticadas por aqueles que não necessitam delas, mas vitais para reduzir essas desproporções históricas.
Avanços e desafios
A redução no número de jovens fora da escola e do mercado de trabalho é um reflexo de importantes avanços sociais. Contudo, os desafios permanecem, especialmente para os jovens de baixa renda e as mulheres negras, que ainda enfrentam barreiras no acesso à educação e à qualificação profissional.
Para consolidar as melhorias alcançadas e seguir avançando, é essencial que o governos continue implementando medidas que busquem garantir oportunidades iguais para todos os jovens, com foco especial naqueles que enfrentam as maiores dificuldades socioeconômicas.
Da Redação da Agência PT