O Brasil dá uma guinada em sua política ambiental e vai pondo fim ao apagão ambiental dos últimos quatro anos. A queda de 59% no desmatamento da Mata Atlântica de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período de 2022, mostra o compromisso do governo Lula com a reversão dos indicadores desastrosos do governo anterior e com a preservação do meio ambiente.
O resultado exitoso é fruto das ações do governo na intensificação da fiscalização, aplicação de multas e embargos e suspensão do crédito de produtores rurais que desmataram o bioma, de acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica, que divulgou nesta quarta-feira, 29, o levantamento feito junto com o Sistema de Alertas de Desmatamento, Arcplan e o MapBiomas.
Os avanços do governo brasileiro na preservação da Mata Atlântica vêm às vésperas da 28ª edição da Conferência do Clima, a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes, e se somam ao cumprimento de promessa de campanha do presidente Lula de desmatamento zero na Amazônia. A última avaliação mostrou a maior redução em 11 anos, de 22%, divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no começo de novembro.
“Estamos indo para a COP 28 para dizer que não vamos nos conformar com a inércia dos resultados já obtidos. Queremos fazer mais e queremos que o mundo saia dessa COP comprometido, para dar esperança para as futuras gerações”, declarou a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, que estará na COP 28 junto com o presidente Lula. O grande foco da conferência será o combate ao desmatamento.
Dados são surpreendentes, diz diretor do SOS Mata Atlântica
O levantamento dos dados sobre a Mata Atlântica mostra a tendência de redução significativa no desflorestamento do bioma já observada desde o início do ano, de acordo com a SOS Mata Atlântica. A área desmatada este ano até agosto foi de 9.216 hectares, bem menor que os 22.240 hectares no mesmo período do ano passado.
“Nos últimos anos do governo Bolsonaro, o desmatamento aumentou. Agora a gente tem uma reversão de tendência, porque o desmatamento no bioma estava em alta e agora, com esses dados parciais, está em baixa, com 59%. Há uma redução significativa, um número surpreendente, muito bom”, disse o diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto à Agência Brasil.
Paraná e Santa Catarina que sempre aparecem como campeões de desmatamento, tiveram queda em torno de 60%. O diretor avalia que a mudança nos resultados reflete um fortalecimento da política ambiental, da fiscalização e “acabar aquela expectativa de impunidade. A gente tinha praticamente um convite ao desmatamento no governo passado”, afirmou, ao defender o combate ao desmatamento nos encraves com a aplicação da Lei da Mata Atlântica com bastante rigor pelos órgãos ambientais locais.
“Tem uma disputa dos produtores, de donos de terra, mas a gente tem um problema também com órgãos ambientais estaduais e municipais que não aplicam a Lei da Mata Atlântica adequadamente”, informou o diretor à Agência.
A expectativa da Fundação SOS Mata Atlântica é que o governo consiga chegar ao desmatamento zero no bioma. Guedes avalia que a redução mostra que a mudança na gestão federal teve impacto prático e rápido na Mata Atlântica.
“Mais do que interromper o desmatamento, é fundamental fazer da restauração de florestas uma prioridade. Nesse sentido, a Mata Atlântica pode ser um exemplo para o mundo, combatendo as crises ambientais e climáticas, além de garantir água, alimentos, saúde e bem-estar nas cidades”, completou o diretor.
Relatório aponta queda em 15 estados
O Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) mostra queda no desmatamento em todos os 15 estados que compõem o bioma, um dos seis existentes no território brasileiro e uma das áreas mais ricas em espécies da fauna e da flora.
No Paraná e Santa Catarina a diminuição foi de 64% (de 2.763 para 992 hectares desflorestados) e 66% (de 1.816 para 600 hectares desflorestados), respectivamente, conforme publicado pelo site G1.
Minas Gerais teve queda de 62% (9.570 para 3.599 hectares desmatados) e teve também mais números de alertas, com 1.513 em 2022 e 700 em 2023.
São Paulo passou de 314 hectares para 208, queda de 33%. O Espírito Santo passou de 469 hectares para 315, menos 32%. O Rio de Janeiro teve 66% menos hectares desmatados, de 367 a 123 em 2023.
Para elaborar os relatórios, o SAD utiliza uma classificação automática de indícios de desmatamento baseado na comparação entre imagens de satélite Sentinel 2 (dez metros de resolução). Os focos de potencial desmatamento são enviados para o MapBiomas Alerta e então validados, refinados e auditados individualmente em imagens de alta resolução.
Cada desmatamento confirmado é cruzado com informações públicas, incluindo as propriedades do Cadastro Ambiental Rural (CAR), embargos e autorizações de desmatamento do SINAFLOR/IBAMA, para disponibilização em uma plataforma única, aberta e transparente que monitora todo território brasileiro, segundo o site CicloVivo.
Da Redação da Agência PT