Há 22 anos, Douglas Izzo ingressava na rede estadual de ensino do estado de São Paulo. Como sindicalista foi do conselho da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo) e logo em seguida assumiu a executiva da entidade. Em 2013, foi eleito como vice-presidente da CUT-SP, e no Partido dos Trabalhadores Izzo também assumiu a coordenação da macrorregião do partido em Guarulhos e Alto Tietê.
Na sexta-feira, 28 de agosto, Douglas Martins Izzo foi eleito presidente da CUT-SP, o primeiro professor da rede pública a dirigir a Central no Estado. A eleição aconteceu no 14º Congresso Estadual (CECUT) da Central Única dos Trabalhadores, realizado na cidade de Águas de Lindóia. Nesta mesma data, há 32 anos, nascia a CUT.
Na entrevista concedida para Rádio e portal Linha Direta, o novo presidente da CUT-SP falou sobre os desafios, mobilizações e estratégias para garantir e ampliar direitos aos trabalhadores.
Douglas espera ter um mandato bem próximo da base e já colocou a Central à disposição dos trabalhadores para ajudar a melhorar as condições. “A tônica da gestão que se inicia é justamente a gente estar muito próximo da base colocando a disposição a Central única dos Trabalhadores na interlocução para solucionar o problema e para ajudar e melhor organizar a luta dos trabalhadores e trabalhadoras para o enfrentamento e também se colocar a disposição no sentido de buscar saídas para a classe trabalhadora”, disse.
O acordo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC com a Mercedes, por meio do Programa de Proteção ao Emprego e dos direitos dos Trabalhadores, o primeiro de sua gestão, foi comentado. De acordo com ele, essa foi a melhor saída para garantir a manutenção dos empregos.
Ele também comentou as manifestações de ódio e o descaso de Alckmin com os servidores do Estado e, sobretudo, a população paulista. “A não valorização do servidor publico e desestruturação do Estado passa pelas condições de trabalho do professor, do médico, do enfermeiro, do policial, do carcereiro, de todos aqueles que servem a sociedade. Então, a medida que esse trabalhador não tem as melhores condições e não tem os melhores salários, isso tem um impacto, inclusive, nos serviços que são oferecidos para a população do Estado”.
Sobre a greve dos professores paulista, que ocorreu entre março e maio deste ano, o presidente falou que o Palácio dos Bandeirantes usou a imprensa para tentar desqualificar o movimento. “Essa greve foi uma greve grande, uma greve representativa, onde professores efetivos, professores temporários, todos os professores participaram e o número era muito maior do que os 5% que foi apresentado pelo governo”, frisa.
O presidente da CUT-SP ainda questionou a atitude de Eduardo Cunha, que na tarde de quarta-feira, proibiu uma atividade central na Câmara. Segundo ele, os trabalhadores têm o direito legítimo de ocupar o Congresso Nacional para se manifestar. Douglas falou que a oposição deve respeitar as urnas. “Nada justifica grupos que foram derrotados nas eleições colocarem um terceiro turno e não aceitar os resultados das urnas. Para esses grupos, a gente dá o seguinte recado: ‘Esses grupos, tem que organizar e disputar a próximas eleições e ganhar no voto’, por que qualquer medida que não seja a alternância de poder através do voto é golpe”, e conclui dizendo que os movimentos sociais e sindicais estão prontos para reagir.
Douglas termina a entrevista deixando um recado para a militância e falando sobre as suas expectativas sobre os movimentos sociais, o PT e a CUT. “Essa militância aguerrida tem demonstrado que está firme na luta no partido, na luta por nosso projeto do governo que nós elegemos (…) Se a gente for comparar aquilo que os outros governos fizeram e aquilo que fez os três governos do PT, em nenhum dos aspectos a gente perde”, diz. Segundo ele, a militância deve continuar organizada preparando o partido para o futuro. “O PT conseguiu ser o que é, o maior partido de esquerda do mundo, e a CUT conseguiu chegar a situação que está por que é ela constitui a discussão a partir da base”, conclui.
Fonte: Elineudo Meira e Cláudio Motta Jr., para o portal Linha Direta