São Paulo – O governador de São Paulo, João Doria, e o prefeito da capital paulista, Bruno Covas, ambos do PSDB, anunciaram hoje (29) o cancelamento do feriado de Carnaval na capital, com a justificativa de evitar aglomerações e tentar controlar a pandemia de covid-19. No entanto, no chamado feriadão de carnaval, o governador pretende dar início à volta as aulas no dia 15 (segunda-feira), apesar de a cidade estar na fase vermelha da quarentena. Se mantida, a decisão deve levar milhões de pessoas a circular diariamente em todo o estado. Para o Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), a decisão dos governos tucanos “é uma farsa”.
“A alegação (para cancelar o feriado de Carnaval em São Paulo) é uma farsa. Pois o governo diz ser contra a aglomeração em cidades do litoral e interior, com viagens dos trabalhadores da cidade. Se fosse essa a motivação seria louvável. Mas é uma farsa, visto que a mesma administração não se preocupa com os trabalhadores e trabalhadoras que se aglomeram nos ônibus lotados e nem com aglomerações em pontos comerciais. Ao contrário do que defende o governo Covas, a manutenção do ponto facultativo ajudaria a reduzir a circulação de pessoas”, defende o Sindsep.
No ano passado, para conter o avança da pandemia ainda na primeira onda, que era tão grave quanto a situação atual, Doria e Covas anteciparam diversas datas comemorativas e criaram um feriadão de seis dias em maio. Naquele momento, disseram que a medida foi um sucesso e que o feriado levou a redução da circulação de pessoas.
Calendário
Com a decisão de Doria e Covas, todas as repartições públicas estaduais e da capital devem funcionar normalmente nos dias 15, 16 e 17. O governo paulista também recomendou aos demais municípios de São Paulo que cancelem o feriado de Carnaval. Os desfiles de escolas de samba e blocos de carnaval já estavam cancelados em São Paulo antes dessa decisão. Doria alegou que a decisão foi embasada em recomendação do Comitê de Contingência do Coronavírus de São Paulo, o mesmo grupo que foi ignorado quando recomendou que o governo implementasse medidas mais rígidas de quarentena durante as festas de fim de ano.
A volta às aulas pretendida por Doria, no dia 15 de fevereiro, foi suspensa ontem pela Justiça paulista. Estima-se que a educação em São Paulo envolva cerca de 13 milhões de pessoas, entre estudantes, professores e outros trabalhadores, correspondente a 32% da população do estado. Mesmo com a retomada limitada a 35% dos estudantes por sala, é um número significativo de pessoas que voltaria a circular cotidianamente nas ruas e no transporte coletivo.
Situação no estado
O governo paulista anunciou hoje (29) uma pequena redução na taxa de ocupação de unidades de terapia intensiva (UTI) no estado, de 71,1%, na sexta-feira passada (23), para 69,9% hoje. No entanto, essa queda na ocupação se deveu mais à abertura de novos leitos do que uma redução na procura pela população. Na última semana, foram abertos 305 novos leitos exclusivos para atendimento de pacientes com covid-19. No mesmo período, houve uma redução de 137 pacientes internados em UTI: de 6.044 para 5.907. No entanto, a média diária de novas internações permanece acima de 1.500 desde o dia 9 de janeiro.
O número de novos casos apresentou estabilidade em relação à semana anterior, mas se manteve no patamar mais alto registrado desde o início da pandemia. Desde o dia 9 de janeiro, são registrados mais de 10 mil novos casos de covid-19 por dia em São Paulo. Já em relação às mortes, os índices apresentaram um leve aumento, mas dentro da média de 220 mortes por dia, que já se mantém há 20 dias.
Apesar dos índices mostrarem uma melhora pouco significativa, o governo Doria ignorou as regras do próprio Plano São Paulo e tirou duas regiões da fase vermelha da quarentena e as colocou na fase laranja. Presidente Prudente, com 73,8% de ocupação de UTI, e Sorocaba, com 72,4%, voltam à fase menos restrita na segunda-feira (1º).
No entanto, a reclassificação ordinária do Plano São Paulo, quando as regiões podem avançar, será realizada somente na próxima sexta-feira (5). Já a região de Ribeirão Preto atingiu 82% de ocupação de UTI e passa para a fase vermelha.
Por Rodrigo Gomes, da RBA
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