Apesar dos alegados problemas familiares para deixar a operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol continua com tempo para falar com a imprensa. Hoje, em entrevista à Rádio Gaúcha (RS), ele fez críticas ao governo Bolsonaro dizendo que “ele (governo) entrou com a bandeira de combate à corrupção, mas o que temos visto é um retrocesso imenso”. É desnecessário, mas é bom lembrar, que foram ele e o juiz Sérgio Moro que pavimentaram o caminho de Bolsonaro ao poder, afastando Lula das eleições. E que, em troca, Moro foi guindado ao Ministério da Justiça, um dos ministérios mais importantes do governo.
“Deltan sai da Lava Jato mas a Lava Jato não sai dele. Será até o fim dos tempos responsável pelos crimes que cometeu por abuso de poder”, comentou Carol Proner, doutora em Direito, professora da UFRJ e diretora do Instituo Joaquín Herrera Flores – IJHF. Já o ex-presidente Lula não se cansa de repetir que “dorme tranquilo”, enquanto, segundo ele, o mesmo não acontece com Dallagnol e Moro. “Sempre disse que em algum momento a verdade iria prevalecer. Aos poucos vamos provando que eles me condenaram com o único intuito de me tirar da campanha de 2018”, comentou em entrevista de rádio, nesta semana.
A vergonha que não apenas impedirá o sono, mas resultará em penas mais severas, avança para cobrar o preço dos crimes cometidos por Dallagnol e outros procuradores. Na semana passada, Dallagnol precisou contar com o espetáculo constrangedor da votação no CNMP para fugir de punições de sua própria corporação. Nesta semana, o ministro Ricardo Lewandowski determinou, pela segunda vez, que o juiz responsável pela 13ª Vara Federal Criminal, em Curitiba, conceda, em até 48 horas, acesso ao acordo de leniência da Odebrecht ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda, na tentativa de defender suas trincheiras, procuradores da Lava Jato, em São Paulo, se demitiram em grupo.https://platform.twitter.com/embed/index.html?dnt=true&embedId=twitter-widget-0&frame=false&hideCard=false&hideThread=false&id=1301137325490139136&lang=pt&origin=https%3A%2F%2Fpt.org.br%2F267632-2%2F&siteScreenName=ptbrasil&theme=light&widgetsVersion=219d021%3A1598982042171&width=500px
Os fatos demonstram que a operação Lava Jato funcionava sob o comando do juiz Sérgio Moro, a quem os procuradores serviam de forma indevida, como denunciou o site The Intercept por meio da #VazaJato. O operação se transformou em uma espécie de “enclave”, um ente com vida própria alocada dentro do Ministério Público e do Judiciário. E, pior, com braços articulados com o judiciário e outros organismos de um país estrangeiro, no caso, os Estado Unidos. Este fato, por si só motivo para comprometer a operação, foi recentemente tornado público pela agência Pública. O que torna ainda mais suspeita a insistente negativa de dar acesso à defesa de Lula ao acordo de leniência com a Odebrecht.
O destino de Dallagnol foi antecipado ano passado, quando um grupo de 17 juristas de renome internacional divulgou um duro artigo dirigido ao Supremo Tribunal Federal, denunciando a parcialidade da operação Lava Jato. “Sérgio Moro não só conduziu o processo de forma parcial, como comandou a acusação desde o início”, afirmaram as autoridades. “Hoje, está claro que Lula não teve direito a um julgamento imparcial”, destacaram os juristas, entre eles, a norte-americana Susan Rose-Ackerman, um dos expoentes mundiais em combate à corrupção. Inicialmente fã de Deltan Dallagnol, a jurista, assim, como os demais, pediu na nota, à época, a anulação do julgamento e a liberdade Lula.
Da Redação da Agência PT
Imagem – Site do PT