Reportagem mostra que Marcel Julio contou na delação que pagou propina para assessores de Capez
Um dos principais delatores da Operação Alba Branca, que investiga corrupção nos contratos entre o Estado governado por Geraldo Alckmin (PSDB) e a Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) para abastecer as escolas com merenda, afirmou no Tribunal de Justiça de São Paulo que pagou propina a dois ex-assessores do deputado tucano Fernando Capez na própria Assembleia Legislativa (Alesp).
Reportagem da Folha de S.Paulo desta segunda-feira (17) diz que o lobista Marcel Ferreira Julio em sua delação relatou que cada um dos assessores recebeu cerca de R$ 200 mil em dinheiro vivo ao longo de 2015, “à medidade que o Estado pagava pelo suco fornecido” pela Cooperativa. Outros “quatrocentos e poucos mil” foram destinados a pagar dívida da campanha de 2014 de Capez, hoje presidente da Alesp.
Capez é um dos investigados no Tribunal de Justiça pelo esquema montado sobre dois contratos específicos para fornecimento de suco de laranja, que totalizam R$ 11,4 milhões. O valor, segundo o lobista, ainda é superfaturado porque, para conseguir lucrar e pagar as propinas, a Coaf decidiu comprar suco industrializado e vender por um preço elevado, como se fosse orgânico.
A reportagem diz que os membros da Coaf sacavam o dinheiro e “vinham para São Paulo”, para encontrar os ex-assessores Jéter Rodrigues Pereira e José Merivaldo dos Santos, para efetuar os pagamentos. Isso ocorria “fora, na entrada, no restaurante, sempre por ali” na Alesp.
O delator reafirmou que foi procurado pela Coaf para servir como uma espécie de lobista, porque a cooperativa já havia ganho uma licitação para ser fornecedora do Estado, mas ainda não havia sido demandada para vender algum produto.
Marcel procurou um ex-assessor de Capez e ainda teve dois encontros com o deputado, que à época estava em campanha. O tucano teria ligado para o chefe de gabinete da Secretaria de Educação para interceder em favor da Coaf. Dias depois, foi lançado edital para compra de suco de laranja.
Capez, que teve o sigilo quebrado, nega as acusações.
Os ex-assessores, que estão afastados de suas funções na Alesp desde que o escândalo saiu na mídia, também negam que tenham recebido propina.
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