A presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, afirmou, em reunião da estatal, que “orientação superior” impediu que a população fosse alertada sobre a crise hídrica que atinge o estado. No áudio, obtido pelo Blog do Rovai, ela diz que a orientação é um erro.
“Tenho consciência absoluta e falo para pessoas com quem converso sobre esse tema, mesmo meus superiores, acho um erro essa administração da comunicação dos funcionários da Sabesp, que são responsáveis por manter o abastecimento, com os clientes”, explicou a presidente da estatal.
O diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, participou da mesma reunião e disse que alguém “brincou” com a crise hídrica paulista. Para ele, a situação da população pode ficar ainda pior, caso não chova.
Massato sugeriu que os moradores de São Paulo saiam da capital, porque a água acabará, e disse que será preciso tomar banho “na casa da mãe” em Santos, Ubatuba ou Águas de São Paulo.
“Vamos dar férias. Aqui não tem água, não vai ter água para banho, pra limpeza da casa, quem puder compra garrafa, água mineral”, disse o diretor da Sabesp.
Questionada sobre as declarações dos diretores, a Sabesp afirmou que a comunicação da estatal é feita de forma autônoma. Em nota, a companhia explicou que um dos focos da reunião era discutir a estratégia para diminuir a dependência do Sistema Cantareira e as ações de comunicação. “O contexto era de convencer, de forma contundente, os gerentes operacionais da companhia da necessidade de redução”, disse a Sabesp.
Contradições – Apesar das declarações dos diretores da estatal, o governador tucano Geraldo Alckmin negou, desde o início da crise, a necessidade de racionamento e a gravidade da situação. Questionado por repórter da Agência PT de Notícias sobre a falta d’água em São Paulo na última quinta-feira (16), o tucano a chamou de “mentirosa”.
Em inúmeras entrevistas, Alckmin diz não faltar água no estado, rechaça as sugestões de racionamento e até mesmo critica a Organização das Nações Unidas (ONU), que responsabiliza o governo de São Paulo pela crise de abastecimento.
No entanto, o tucano autorizou, nesta quinta-feira (24), a contratação de 20 caminhões-pipa para abastecer Itu, no interior paulista. A cidade sofre com a falta de água há cerca de sete meses.
Leia a nota da Sabesp:
1) O objetivo da reunião operacional foi de ampliar ao máximo as ações de comunicação para o uso racional da água junto aos funcionários da companhia. Vale destacar que a comunicação da Sabesp é feita de forma autônoma. E as decisões ocorrem no âmbito da companhia. Naquele momento, a diretoria da Sabesp discutia com o conselho de administração da companhia (órgão superior) a estratégia de comunicação.
2) Também naquele momento a diretiva era diminuir ao máximo a dependência do Sistema Cantareira. O contexto era de convencer, de forma contundente, os gerentes operacionais da companhia da necessidade de redução. A estratégia tem dado certo. A dependência do Cantareira diminuiu de 9 milhões para 6,5 milhões de pessoas, uma redução de cerca de 30%.
Fonte: Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias